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Diário das Sessões do Senado

O Sr. Augusto de Vasconcelos:—Associo-me ao voto proposto pelo Sr. Medeiros Franco.

Deve-se toda a assistência àqueles que, vítimas da incruenta guerra que se travou na Europa, dela saíram com lesões que de-minuem a sua actividade, a capacidade de prover ao seu sustento.

Lamento, Sr. Presidente, que não se tenha olhado com mais atenção (Apoiados) para essa vítima da guerra e se tenha dedicado mais atenção àqueles que não sendo vítimas têm invocado essas inmnida-des.

Apoiados.

Felizmente entrámos no caminho das reparações e é justo que o Senado a elas se associe, começando por uma saudação. mas passando depois a factos.

Apoiados.

E preciso que não fique só em saúda» coes, certamente muito agradáveis aos mutilados, cias que de nada lhes valerão na sua desdita.

Tenho dito.

O Sr. José Pontes: — Sr. Presidente: em meu nome pessoal, começo por agradecer as palavras de elogio que ilustres oradores acabam de me dirigir.

O Sr. Augusto de Vasconcelos: — E a • que gostosamente me associo.

O Orador: — Não tenho feito mais do que cumprir um dever e ao mesmo tempo exteriorizar um pouco do meu feitio..

Em questão que me meta não sei desistir.

Tenho, de facto, uma qualidade que vai faltando na gente de Portugal: a da tenacidade, a da persistência.

Pessoalmente, basta esta afirmativa, agora, em nome deste lado da Câmara, associo-me ao voto proposto pelo Sr. Medeiros Franco de saudação ao Congresso de Mutilados realizado em Coimbra.

Fui assistir à sua inauguração, não como representante do Parlamento, não como representante da imprensa, de que há vinte e cinco anos sou colaborador efectivo mas para conhecer quais as reclamações que queriam fazer.

Sr. Presidente: lamento, como diz o meu querido professor Augusto de Vasconcelos, que ainda nesta altura os muti-

lados de guerra tenham razão para protestos e para pedir alguma cousa.

Não é, certamente, porque lhes faltassem dedicações, nem porque, como bem disse o Sr. Medeiros Franco, na sexta legislatura não houvesse, da parte do Parlamento, todo o amparo e todo o carinho-para com esses homens.

A razão dos possíveis protestos é outra.

Tem origem diferente.

Já tive ocasião de dizer ao Sr. Ministro-da Guerra que houve muitas imperfeições-na legislação que se fez.

Daí resultou que, na luta travada em face de vários interesses a atender, se se-reconheceu a existência de fraudes, também se reconheceram injustiças e que, se-muitos querem usufruir vantagens a que-não têm direito, outros necessitam de urgentes e justas reparações.

Sr. Presidente: não é segredo, que tenha sido um grande advogado desses homens que honraram a Pátria e merecem a nossa, protecção.

Ora, ontem, assistindo à reunião dos-Srs. Deputados, ouvi várias manifestações de aplauso à obra do Congresso de Coimbra, mas permito-me dizer que a questão não foi posta nos devidos termos.

V. Ex.a, Sr. Presidente, que foi chefe do Exército Português num dos momentos mais difíceis para o país, sabe como-em Portugal se fez uma boa obra de assistência.

Estabeleceram-se em Portugal escolas-de reeducação, mas não sei, Sr. Presidente, nem talvez V. Ex.a, por que motivos essas escolas desapareceram.

Com elas passou o cuidado médico; acabou a propaganda, terminou uma excelente-obra de protecção.

Os mutilados espalharam-se pelo país-sem que a fiscalização e vigilância se exercessem, depois, como era natural que se-fizesse..

Os depósitos de reformados nunca souberam atender as sucessivas reclamações que surgiam.

E os inválidos portugueses gritam os seus protestos para que os ouçam a legião* dos 25 milhões de inutilizados que a guerra reuniu em todo o mundo.