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Diário das Sessões do Senado-

que V. Ex.a pareço apresentar com os autores deste crime de rebelião, crime que, se triunfasse, derrubaria o regime republicano proclamado em 1910.

Sr. Presidente: a República tem descido muito, temos que o confessar.

Tem descido tanto que seria possível fazer vingar o movimento chefiado por Martins Júnior, se outros fossem os homens que comandassem esse movimento.

O Sr. Joaquim Crisóstomo (interrompendo):— £ Quem foi quo comandou a revolução de 19 de Outubro?

O Orador :— Foi a grande figura moral e republicana de 31 de Janeiro, o coronel Manuel Maria Coelho, figura que V. Ex.a, como republicano e como Senador, tem de respeitar.

Não tenha V. Ex.1 à menor dúvida., não vamos a fazer comparações tristes sobre os movimentos que se têm dado, que a própria consciência republicana tem reprovado, como por exemplo o movimento que teve eclosão em Lisboa anteontem.

O Sr. Joaquim Crisóstomo :—V. Ex.a invocou há pouco o nome do Sr. Manuel Maria Coelho, a quem fez as mais justas e elogiosas referências.

Pois esse senhor, quando foi do movimento de 19 de Outubro, disse: ^onde ostão esses assassinos, que os vou mandar fuzilar?

O Orador:—V. Ex.a nesse tempo era presidente de um tribunal que foi instituído pela República, para julgar os bombistas, os inimigos da sociedade e da ordem, e creio quo só V. Ex.a visse nesso tempo fuzilados contra os muros do quartel de S. Jorge esses homens, seria o primeiro a protestar energicamente.

Não o fozj e agora vem lembrar o que disse Manuel Maria Coelho nossa ocasião, para fazer constar quo não se solidarizava com os assassinos que comprometeram o 19 de Outubro.

Esta declaração de agora é diferente: é um homem que ao pé da boca do um canhão, depois do ter conseguido ele, um civil, arrastar, ato defronte de Lisboa, um punhado de soldados, um homem que estava cheio de entusiasmo —: porque o tinha— mas que ao mesmo tempo estava

cheio de ódios porque os outros não lhe-tinham reconhecido os merecimentos, porque com ele não tinham pactuado na sua política indisciplinada de republicano, que-declara que um dos fins do movimento era. fuzilar aqueles quo estão indicados como* tendo tomado parte no crime do Banco-Angola e Metrópole.

Isto é bem diferente do caso apontado* por V. Ex.a

Mas, Sr. Presidente, se tomo hoje a palavra, já o disso a V. Ex.a, não é porque-me mova o menor ódio contra os vencidos, antes, pelo contrário, o meu espírito democrático e as relações com alguns dos quo entraram neste movimento insurreccional só mo permitiriam ter palavras do sentimento para com eles e até-palavras de resignação.

Mas não, Sr. Presidente, pedi a palavra como republicano cioso, do êxito da República, para mandar ao Partido Democrático este aviso quo tantas vezes me tem vindo pela boca dos canhões o das espingardas.

Juízo o muito juízo.

São republicanos ?

Façam a República.

São democráticos?

Pratiquem a democracia, e não só esqueçam do que as responsabilidades de> todos os latrocínios cometidos caom & impendem sobre a cabeça do Partido Democrático.

Mas, como amanhã num momento de exaltação nacional, do qual não estamos* muito afastados, o Partido Democrático, não é capaz de assumir essa responsabilidade, e para que ela não caia sobre os< outros partidos ou agrupamentos republicanos, o Partido Democrático, repito, que-faça República, o fazendo República e-praticando democracia, e reconhecendo, aos outros republicanos o direito do governar, evitará a eclosão de movimentos como o que ontem só deu e como os que-se tom dado.

Se assim fizer, evitará a eclosão demais movimentos em Portugal.