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- Diário das Sessões do Senadfr

vivemos, e que lei nos rege, ^ o que há, portanto, que esperar ?

Quando o Sr. Vitorino Guimarães foi ao Poder, eu disse que o momento não era oportuno para S. Ex.a ser governo, e a minha profecia realizou se.

Pois o Sr. - António Maria da Silva/ agora, não fez mais que reconduzir no Poder os colegas antigos do Sr. Domingos Pereira.

Assim, o Governo ó a continuação' de um outro que promulgou medidas que afrontaram a consciência nacional.

Em nome da Constituição se falou para esmagar á ditadura Pimenta de Castro e-para inutilizar o grande cidadão Manuel de Arriaga; p mesmo foi dito quando do assassinio do Sidónio Pais, e eu pregunto se esses que vierem agora para a rua o fizerem para restaurar a Constituição.

Nos artigos do Século, acerca da questão do Banco Angola e Metrópole, se diz que só o estado de decadência a que che-í gou a nacionalidade permitiria uma tal burla; pois eu, aplicando esta doutrina, que é a verdadeira, direi que só os abusos constantes do poder e a sua impunidade motivam estas revoluções.

Cumpra o Poder Executivo a sua missão, prestigie o seu lugar praticando actos que mereçam o aplauso geral do país, e; eu estou convencido de que não haverá atmosfera possível para fazer revoluções.

Estes delinquentes, porque se trata de delinquentes de carácter político., vão amanhã ser julgados . .-.

O Sr. Ferraz Chaves: — Isso vão eles !

O Orador: -^Devem sê-lo, ou por um. tribunal militar ou civil; porventura julgados por alguns dos membros que constituíram o tribunal da Sala do Eisco e então não sei que autoridade terão eles para condenar esses delinquentes. Teremos uma nova farça. Serão eles julgados, sim, mas não antes do Carnaval, mas em qualquer dia da Semana Santa. E os que não forem julgados por tribunal militar certamente o serão por um tribunal civil. E então, eu pregunto: £ onde é que se vão buscar os jurados para condenar tais delinquentes, se a maioria deles está descontente com a marcha das cousas, políticas? Convenço-me de que os culpados serão também absolvidos, embora a

lei portuguesa proíba -todo o julgador de-manifestar a sua opinião antecipada-: mente.... :

O Sr. Ribeiro de Melo (interrompendo):— V. Ex.s é que está antecipando^

O Orador: — Não! O que eu lamento-é que esses homens que são nossos con--cidadãos e que são tam patriotas como* nós ...

O Sr. Júlio Ribeiro : — Tam patriotas !?....

O Orador: — Digo eu que lamento" neste sentido tudo quanto ontem se passou. Mas não posso deixar de salientar^ que os governos têm errado e continuarão* a errar,.

Sem desejo nenhum de defenderes revolucionários, mas apenas pelas notícias que vi nos jornais, parece-me que o propósito-deles era derrubar o Governo e nunca* atingir o primeiro magistrado da nação . . .

O Sr. Ribeiro de Melo (interrompendo) : —

O Orador : — Digo como Napoleão: ainda havia de aparecer a primeira bala para matar um homem da envergadura moral do Sr. Bernardino Machado.

O Sr. Augusto de Vasconcelos: — V. Ex.a sabe que a polícia teve de dispersar grupos que na gare estavam à espera do-Sr. Presidente da República para lhe faze-' rem manifestações de desagrado . . .

O Orador: — Nós não sabemos qual a. intenção desses homens e quanto a infor-" mações dadas pela polícia, todos sabemos-o que elas são. :

O Sr. Ribeiro de Melo:—Pois não-acredite V. Ex.a nas informações da polícia, mas não ponha em dúvida o que a V. Éx.tt vou dizer.