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Diário doe Sessões do Senaâ&

Um outro assunto que eu desejava que V. Ex.a esclarecesse era uma notícia que vi há dias num jornal da manha, o Diário de Noticias,*creio referente à possível aquisição de acções da-Companhia de 'Mossâmedes por um grnpo italiano. • Sr. Presidente: as referências sobre questões coloniais têm sido extraordinárias e ostravagantes.

Por exemplo: um jornal liberal inglês, Manchester Guardian^ o outro órgão de Lord Beaverbròok, referindo-se há dias a colónias e a pretensões da Alemanha, di-•zia que essas pretensões não podiam cn-•teiider-se às antigas colónias alemãs africanas de que hoje tem mandato a Ingla-ferra. Isso poderá entender-se dizia com os Camarões ou com o Togo (mandatos "franceses) e coiâ Portugal, Lord Beaver-boock foi mais longe da sua afirmação, dizendo quo.ó futuro do África Ocidental e'Oriental estava definido e aceita definitivamente.

Por conseguinte queria dizer que os •alemães nada tinham qae pensar sobre África Oriental e Ocidental o que só qui-'sessem colónias poderiam tratar connosco, se quiséssemos ceder algumas, ou com os franceses.

Isto são cousas quo só dizem e qae, •aparentemente não tem grande importância, mas ó bom que o Parlamento, todas as vezes quo se façam insinuações ou 'afirmações desta ordem, afirme claramente •que as nossas colónias são nossas e" são nossas não para as metermos na gaveta •è' deixá-las ao abandono, mas% sim porque entendemos que devemos contribuir com todo o nosso esforço, com todo o nosso patriotismo para o seu desenvolvimento.

A nossa missão é prepará-las para um futuro que nos honre, como ^teve o Brasil; porque se cias amanhã o que esperavam não sucederá se tornarem indepen-• dentes, ó necessário quo fique a mais estreita amizade, ligando-nos ainda mesmo depois de separadas.

Isto não ó cousa c[ue fique mal a uma nação colonizádora. E um dos sous objectivos mais nobres criar países civilizados.

O que se está dando na Inglaterra com as colónias ó isto mesmo: parte das colónias inglesas hoje • constituem estados quási independentes, têm Parlamento e em quando muito um governador que ep resenta a autoridade do rei, inas chega

a ser tam ténue a sua dependência da metrópole que hoje já lá se fala na criação, de embaixadores dos domínios britânicos-junto da corto inglesa.

Já V. Ex.a vê o quo isto representa. Em todo o caso os domínios estão unidos-à Gran-Bretanha, pelo seu interesso, pela gratidão e participando seu enorme prestígio e assim constituem um império extraordinário como é o império inglês.

Ainda me quero referir a um facto que, embora espalhado na imprensa estrangeira, ainda ó ignorado por muitos em Portugal o quo" me leva a dizer que o-Sr. Alto Comissário cm Moçambique, pessoa a quem tenho comentado desfavoravelmente vários actos, merece o meu apoio neste caso.

Quando da última greve, os grevistas,, segundo comunicação quo tenho presente, mandaram para a associação dos empregados, ferroviários e outras organizações operárias da África do Sul pedir que essas associações exercessem pressão por intermédio do seu Governo junto do governo' da colónia portuguesa; para que a sua situação só modificasse e as suas exigências fossem satisfeitas e que estendessem a sua acção a não descarregar nem mexerem nos comboios quo não fôsseni tripulados pelos,grevistas..

A nossa situação perante as colónias-sul-africanas ó muito.especial. •

V. Ex.as todos sabem que estalou h4 tempos na África do Sul uma revolta de carácter comunista, que foi reprimida com a maior dureza pelo general Smuth, que fez periclitar o prestígio das autoridades. Trabalharam as metralhadoras e morreram muitos revoltosos. Quaisquer relações do operariado português com o sul-afri-cano avançadas em casos destes pode ter. consequências gravíssimas.

É caso para afirmarmos que ein nossa, casa . não podemos permitir a interferência de poderes csranhos constituídos' ou não constituídos e que em Portugal mandamos nós e.que os outros que mandem no que é seu.