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Diário das Sessões ao Senaâo

Esta situação é absolutamente insustentável.

Este problema das estradas é um problema que é de absoluta necessidade encarar de frente, com energia, com decisão e sobretudo com urgência.

E já banal dizer-se que as estradas estão intransitáveis; o que é preciso é que se reparem e depois se conservem.

lSTão quero lançar labéos a ninguém, mas a verdade é que o estado em que as estradas se encontram resulta do desmazelo, da incúria dos Governos transactos e dos funcionários das obras públicas.

Percorrem-se inúmeros quilómetros de estrada e não se encontra um cantoneiro. Há chefes de conservação, há engenheiros a rodos, há o demónio, e apesar disso nunca as estradas se reparam.

O Sr. Ferraz Chaves: — Não há dinheiro.

O Orador: — Isso foi realmente o que me disse o Sr. António Maria da Silva, respondendo às minhas considerações sobre estradas quando se apresentou o actual Governo, mas a verdade é que se as estradas se fossem reparando à medida que se danificassem elas ião tinham chegado a este ponto.

Este problema das estradas não deve ser encarado somente sob o ponto de vista da como.didade de quem transita por elas.

E um axioma que as vias de comunicação têm uma influência importantíssima na vida económica de um país.

Li algures que além de uma boa produção não há nada que facilite tanto a vida de um país como é a existência do bastantes o boas comunicações.

E escusado demonstrá-lo.

E lá se diz também que uma boa política de ' obras públicas vale muito mais para a felicidade de um povo do que todas as teorias possíveis e imagináveis.

E não é só sob o ponto de Yista de facilidade de comunicações que c problema merece importância, é também sob o ponto de vista da opinião que de nós fazem no estrangeiro.

Se as nossas estradas não se reparam de forma a dentro em pouco termos meios de comunicação fáceis e cómodos, nós somos considerados absolutamente selvagens.

Se V. Ex.a me dá licença recordo à Câmara uma parte de um artigo publicado no Times, no ponto em que se refere às estradas de Portugal.

E, Sr. Presidente, escusado é encarecer o valor das palavras que naquele jornal se escrevem e a importância do jornal onde se escrevem.

Veja V. Ex.3 como é triste, como é desolador, fazerem esta alta justiça às belezas do nosso país e ao mesmo tempo di-zerein que nós temos estradas de tal maneira, com precipícios de tal ordem, que ó absolutamente impossível transitar nelas. • -

O problema das estradas tem pois de ser encarado de frente e ao Governo compete pensar e resolver a melhor e a mais rápida maneira de dar remédio a este tristíssimo estado de cousas.

O Sr. Afonso de Lemos : —V. Ex.a referiu-se aos precipícios que há nas estradas e eu digo-lhe que não é nesses precipícios que caem os Governos.

O Orador: — E eu digo a V. Ex.a que podem vir a cair não só o Governo como o próprio regime.

A propósito vou contar o que me disse um homem ilustre e cujo nome é escusado revelar. Essa criatura tem vários criados que no tempo da monarquia eram republicanos e que hoje são monárquicos.

Dizem eles ao patrão que eram republicanos no tempo da monarquia porque supunham que a República traria melhoramentos para Portugal e hoje são monárquicos porque concluíram que a República foi muito pior para Portugal do que a monarquia.

Esses criados são os que lidam com os carros e com as parelhas.

E assim que fala o povo simplista, mas é preciso ter em douta a sua opinião.

Ainda sobre o ponto de vista económico, isto salta aos "olhos de toda a gente, resultam do mau estado das estradas os maiores prejuízos.

Um homem do Cartaxo disse-me que acarretava por dia, com uma junta de bois, uma pipa de viaho para a estação, quando noutros tempos transportava quatro pipas.