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Sessão de 23 de fevereiro de 1926

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tro. E como acontece o mosmo com todos os artigos, daqui se conclui facilmente a influência desastrosa do mau estado das estradas, na carestia da vida.

Vou terminar as minhas considerações, fazendo um apelo ao Sr. Ministro do Comércio para que empregue todos os seus esforços no sentido de terminar este estado de cousas e, sobretudo, que tenha dó, que tenha comiseração pelas estradas do distrito de Portalegre, em especial os dos concelhos de Eivas, de Sousel e de Campo Maior, a que me referi. Todas me merecem o mesmo cuidado e atenção. Especializo estas porque as conheço melhor e ó realmente miserável o estado em que se encontram, e ainda me refiro mais particularmente à de Eivas ao Caia, porque, sendo a ligação de Portugal com a Espanha naquele ponto da fronteira, é vergonhoso para todos os portugueses que ela não seja reparada urgente e convenientemente.

O Sr. Ferraz Chaves:—V. Ex.a ainda pode levar o Sr. Ministro do Comércio até aos seus sítios, nós é que não o podemos tentar, pois não chegaria vivo aos distritos que representamos.

O Orador: — Cada um puxa à brasa à sua sardinha e queixa-se onde lhe dói. Junte V. Ex.a os seus queixumes aos meus, porque a união faz a força é talvez assim seja possível conseguir-se alguma cousa.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Gaspar de Lemos): — Tratando do problema das estradas o Sr. Caldeira Queiroz referiu-se especialmente* às estradas de Portalegre, sobretudo às de Eivas, Sousel, etc.

Devo dizer a S. Ex.a que o Ministro do Comércio tem todas as suas atenções postas neste magno problema porque é o primeiro a reconhecer que ele é gravíssimo e diligências tem feito para que ele seja resolvido.

Eu digo aqui sumariamente o que é o problema das estradas.

Trata- se de um problema 'acima de tudo financeiro.

As estradas caíram na desgraça'actual porque não têm sido devidamente dotadas.

Em 1914, antes da guerra, destinava-se à conservação das estradas a quantia de 205:000 libras e actualmente, isto é, no ano económico de 1924-1925, esta dotação está reduzida a 63:000 libras.

Refiro-me a ouro, que é a maneira de não nos enganarmos. . De facto essa dotação tem sido reduzida gradualmente e daí resultou o verdadeiro abandono a que as estradas chegaram.

Nós trabalhamos durante muito tempo na construção das estradas, depois de construídas abandonamo-las.

V. Ex.a disse que percorria as estradas e não encontrava cantoneiros. Como 'queria V. Ex.a que eles aparecessem se ganhavam apenas 3$ por dia. Só apareciam aqueles que tinham propriedades próximas ou o ; entrevados que não podiam recorrer a outro modo de vida.

Ainda hoje se paga aos cantoneiros 7$30 por dia, de maneira que não foi possível completar o número necessário, que está calculado um cantoneiro por cada 5 quilómetros, o que é pouco, mas mesmo assim não o podemos fazer porque precisávamos de dispor de 8:000 contos para manter os cantoneiros.

Nós temos de resolver o problema das estradas quanto antes.

Nós temos actualmente um plano em vigor, o de 1889, e a nosso cargo 13:500 quilómetros. Aquele plano abrangia mais uns 7:000 ou 8:000 quilómetros, porque a rede completa devia ser de 21:000 quilómetros.

Em 1913 o Sr. António Maria da Silva quis que .se fizesse a revisão dêss^ plano, mas nada se fez de definitivo.

Temos estradas nacionais, distritais e não classificadas, que são municipais. A cargo do Governo temos 13:500 quilómetros; desses 13:500 quilómetros estão em completa ruína 4:500 quilómetros.

Com as receitas actuais já alguma cousa se tem feito, estamos trabalhando nalgumas estradas, entre elas as do distrito de Portalegre, mas isso não é o suficiente.