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Diário das Sessões do Senado

S. Tomé há dez anos exportou 30:000 e tantas toneladas de cacau, que representavam um grande papel na nossa ba-lanç.a comercial, como é fácil provar.

Actualmente S. Tomé exporta 18:000 toneladas.

V. Ex.r%, Sr. Ministro, abordou o problema da colonização sol) um ângulo e a uma luz u que eu não estava habituado a ver focado, posto que velho colonialista.

Até aqui partiu-se do princípio que não devia permitir-se o êxodo de colonos africanos das nossas possessões .para S. Tomé.

V. Ex.a parte do princípio que se pode e deve fazer o êxo(?o de colonos africanos 'para S. Tomé.

Devo dizer a V. Ex.a que estou de acordo e até deve ficar assente e demonstrado que S. Tomé é susceptível de uma colonização de mão de obra livre.

Escusado será frisar o que se passou no Congresso de Genebra, onde se debateram todos os problemas atinentes à mão de obra, sob várias formas, e onde mais unia vez Portugal se colocou na vanguarda das outras nações, com o objectivo ae elevar a raça negra.

Eu entendo que a política que Portugal tem seguido ultimamente, tem sido humanitária, caminha na vanguarda das outras nações, no que diz respeito a colonização.

Desde o Marquês de Sá da Bandeira, para mim esse super-homem da nossa política, cujo busto estranho não ver no meio dos que existem nesta sala, porque entendo que ele tinha o direito de figurar nesta ^ala pelo nome que conquistou, promulgando as principais leis e decretos atinentes à supressão da escravatura.

Depois do Marquês de Sá da Bandeira, Portugal precedeu sempre as outras nações -na promulgação das leis que favoreceram a raça negra.

Por isso mesmo Portugal concedeu aos cidadãos de S» Tomé direitos políticos que - não foram os de quási todas as colónias estrangeiras. A Inglaterra, apesar de ser, porventura, o país que nos precedeu na libertação da raça negra, na supressão do tráfico da escravatura, a Inglaterra não concede direitos políticos aos cidadãos das suas colónias.

O Sr. Asevedo Coutinho : — Apenas no Cabo da Boa Esperança, mas têm que eleger brancos.

O Orador: — Exactamente, mas têm que eleger brancos.

A minha presença no meio de vós constituiria para um inglês qualquer cousa de skocking; corno a presença do Dr. Carlos Tavares num banquete oferecido aEduardo VII constituiu, não direi um acto digno de reparo de Sua Majestade britânica, porque se tratava de uma criatura superior, mas mereceu o sublinhar de uma frase, a que D. Carlos respondeu: «Que estava ali a prova de que em Portugal não havia questão de raças.

Ao encarar o modus faciendi da colonização de S. Tomé tal como se encontra concretizado neste diploma, eu não posso deixar de fazer uns reparos que se me afiguram de alguma' importância sobretudo agora que toda a atenção do mundo está concentrada sobre as colónias portuguesas.

Devo dizer a V. Ex.as que não posiso esquecer a impressão que recebi quando estive em Genebra, movido única e simplesmente peio desejo de esclarecer aqueles que trabalham em prol da raça negra sobre & atitude de Portugal e dos portugueses, que eu via ignobilmente deturpada em toda a parte. Sentia-ine muito bem em Genebra por poder afirmar a todos os nossos detractores, em entrevistas o conferências que com eles tive, que Portugal estava muito superiormente colocado sob o ponto de vista de libertação da raça negra. Ao mesmo tempo pude constatar quais os pontos da nossa política colonial que eles mais frisavam para objecto das suas censuras.

Era quási sempre a falta ou a deficiência da repatriação. Ora S. Tomé via-se num círculo vicioso: Não podia repatriar os s^us naturais precisamente porque as outras colónias lhe não mandavam os braços de que necessitava para amanho das suas terras. E as outras colónias não mandavam braços para S. Tomé porque S. Tomé não repatriava os seus colonos. O Sr. Ministro das Colónias resolveu agora de uma vez para sempre o assunto da mão de obra.