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Sessão de 26 de Fevereiro de 1926

coberta da direcção da navegação aérea e seguiram numa nova rota do Brasil, a rota do ar.

E temos também ainda como compensação desse esforço a descoberta dum novo caminho da índia e da China, o caminho aéreo levado a efeito por Brito Pais e Sarmento de Beires.

São factos que enalteceram o nome de Portugal e que só por si são já a compensação bastante para o esforço que fizemos e de futuro se faça em prol desse ramo de serviço.

Tenho dito.

O Sr. José Pontes: — Sr. Presidente: 'em nome deste lado da Câmara associo-me ao voto de sentimento proposto pelo Sr. Mendonça..

Efectivamente temos a lamentar novamente mais um desastre de aviação.

Quando outros se deram em circunstâncias lamentáveis eu tive ocasião de dizer em nome deste lado da Câmara que Siavia uma deficiência grande de material causadora da grande maioria desses desastres.

Sucede porém, que o Sr. Mendonça declara que o desastre de agora não é filiado na questão de deficiência de material. O aparelho que os dois aviadores ^tripulavam era bom, se bem que fosse de -escola.

Foram vítimas dum desastre, porque as •estradas do ar ainda não estão isentas de perigo.

Lembro-me bem, Sr. Presidente, que nos primeiros tempos da aviação havia perigos desconhecidos da técnica da arte •da aviação.

Existem no espaço, como que poços de .ar, atracções súbitas.

Na minha vida irrequieta de organizador quando comecei a fazer propaganda desse processo - de locomoção consegui trazer em 1912 a Lisboa alguns aviadores que faziam nesse, tempo já a propaganda da -aviação.

Entre esses aviadores um vinha, inglês de origem, chamado Manio, que foi voar numa pista improvisada para os lados do Campo Grande.

Quando os outros aviadores souberam da sua intenção foram dizer-lhe que so-brestivesse nela porque lá EO ar havia qual-.qner cousa de imprevisto e era que o

avião de vez em quando era atraído irresistivelmente para as camadas inferiores.

. Era preciso que ele voasse a uma grande altura para que.esse fenómeno não se verificasse.

Não se demoveu s o desditoso aviador que, alegando não ter medo, foi para o ar, absolutamente descuidoso, para essas regiões imensas guiado pelo seu génio aventureiro, e a breve trecho, ainda se nos conserva na retina tão trágica visão, e, de repente, assistiu-se à hélice do aparelho cortar as pernas do aviador e o avião estatelar-se no chão.

^0 que originou esse desastre? Certamente os tais poços? de ar a que se referiam os colegas do aviador e como o avião vinha a 100 metros de distância do solo, a atracção foi tão repentina que o aviador não teve mão no aparelho.

Foi talvez um problema3 desta natureza que encontraram esses nossos aviadores.

Talvez nessa ocasião o vapor de água fosse em tam grande quantidade que quando eles estavam descendo é que encontraram esses blocos de atracção.

Seja esta, seja outra a razão, o que é certo é que morreram dois^bravos rapazes, dois portugueses e para a sua memória vão as nossas saudades com o desejo instante de que todos os aviadores se pre-cavenham para que se não repitam estes desaatres.

E preciso muito cuidado ao proceder-se ao recrutamento dos aviadores.

Necessário se torna que tenham robustez física, que o seu coração funcione normalmente, que não sejam facilmente impressionáveis, e a propósito lembro que no estrangeiro há laboratórios devidamente apetrechados destinados a estas investigações.

Não se pode deixar ir para a aventura do ar qualquer criatura.

Entretanto eu quero dizer que j á hoje se paga bem aos aviadores e que é carinhosa para com eles a atenção do Ministério da Guerra.

Pode ainda fazer-se mais?

Vamos, mas ao mesmo tempo tenha-se toda a cautela para com todos aqueles que são aviadores.

Em resumo: