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Diário das Sessões do Senado

Eu tenho pedido providências., o Governo não as tom tomado, e o que acontece é ver-se na imprensa esse estendal de desastres que ainda ontem se deram na capital.

£ O Governo tem ou não autoridade sobre a polícia para a fazer cumprir com os seus deveres?

Se o Governo não se julga com força suficiente para meter na ordem os cabos da polícia, vá-se embora; outro que o substitua com mais poder.

Muitos apoiados.

O que não pode continuar é o facto de todos os jornais apresentarem um estendal de crianças, homens e velhos, de todas as idades e situações, que estão sendo vítimas da mania vertiginosa e veloz dos cavalheiros que estão nos automóveis.

Isto tem de acabar.

Tenham V. Ex.as a certeza de que hei--de repetir esta cantata a todas as horas e todos os dias, emquanto o Govêno não tomar as medidas que estão dentro da sua capacidade e da sua alçada.

Muitos apoiados.

.' Espero, pois, que não ine obriguem a insistir neste assunto.

Aqui não há nada de política ; há uma questão de bem comam, porque todos nós temos pessoas queridas cuja vida, cujo bem-estar e cnja integridade de corpo não podem estar' sujeitos aos caprichos dos cavalheiros dos automóveis e ao abandono completo a que a polícia tem votado estes serviços.

O orador não reviu.»

O Sr. Ministro da Justiça e dos Cultos (Catanho de Meneses): — Sr. Presidente: Ouvi as considerações feitas pelo ilustre Senador Sr. D. Tomás de Vilhena, e posso dizer a S. Ex.a que os meus colegas do Governo têm tanta consideração por esta Câmara como pela Câmara dos Deputados. Não é propositadamente que eles faltam a esta Câmara.

S. Ex.!l, que algumas vezes tem ido à òotra Câmara, há-de ter 'verificado que lá também raras vezes o Governo está completo.

• Compreende V. Ex.a, Sr. Presidente, e o Senado que o Governo não pode estar continuamente na Câmara, porque os seus afazeres são muitos, principalmente nesta ocasião.

De que o Senado pode ter a certeza é que só por impossibilidade absoluta dos meus colegas do Governo é que se não apresentam nesta Câmara.

Quanto aos automóveis, perdoe-me o ilustre Senador que lhe diga, pessoa por quem tenho as maiores simpatias, embora soja incompatível com o seu .credo político, que S. Ex.1*1 é injusto para com o Governo dizendo que ele é. culpado dos desastres de automóvel que se têm dado.

O Governo já mandou inquirir dos motivos que tem determinado esses desastres, a fim de tomar as providências que o caso requere.

De resto, V. E>:.a e o Senado sabem que em todos os países se estão dando mais ou menos desastres. Se o ilustre Senador, que é uma pessoa tam lida, pegar num jornal estrangeiro verá isso.

Há pouco li num jornal de Londres, cidade onde b serviço policial é. dê primeira ordem, uma notícia em que se dizia que nessa cidade se davam nada menos do que cinco desastres por dia, de automóvel.

Já vê, pois, S. Ex.a, que os desastres não se dão somente em Portugal.

O Sr. D. Tomás de Vilhena: —Sr. Presidente: eu não sei para que vem S.Ex.a o Sr. Ministro da Justiça falar presentemente de Londres.

Londres é uma cidade que tem hoje perto de 6 milhões de habitantes. Não pode, por consequência, pôr-se em comparação com a nossa capital.

S.. Ex.a vai por essas ruas e vê por aí andar num desregramento completo os automóveis e a polícia não se importa com isso para nada.

Se o governador civil não providencia para que a polícia intervenha e esta não cumpre as suas determinações é necessário que essa falta tenha a devida sanção, o que não pode ser é continuar este estado de cousas.

Não há desculpa para isto. O Governo tem que agir energicamente, porque esto estado de cousas não pode continuar. E preciso meter na ordem quem traz os habitantes da capital num verdadeiro sobressalto, com risco da própria vida.

O Sr. Ministro da Justiça e dos Cultos