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Diário das Sessões do Senado

O Sr. Vasco Marques: — Sr. Presidente : após acontecimentos que são do domínio público, unia parte dos componentes do Partido Republicano Nacionalista deliberou afastar-se da mesma agremiação partidária para juntamente com outros elementos, republicanos constituírem um novo agregado partidário, a União Liberal Republicana.

Foi com saudade que nos afastamos dos nossos antigos companheiros, pois tais separações são sempre dolorosas e, Sr. Presidente, se eu digo com toda & verdade falando de uma maneira geral, com muito maior sentimento o expresso com relação aos nossos colegas nesta Câmara, pois foi com .saudade e também com mágua que os deixámos, visto que sempre por eles professámos a maior amizade e respeito, e deles recebendo também provas inequívocas de afecto, que jamais esqueceremos.

Partido constitucional dentro da República, queremos também exercer a nossa acç3,o dentro da ordem e da lei, propondo-nos governar no momento oportuno para podermos pôr em execução o nosso programa partidário.

Perante o actual Governo seremos oposição fiscalizadora, sem ódios e sem retaliações.

Não seremos os adversários intransigentes, apenas apostados em derrubar governos, antes seremos oposição construtiva, não hesitando em reprovar aquilo que consideremos lesivo para a Pátria e para a República, mas dando também o nosso voto franco e sincero àquilo que consideremos útil e profícuo.

A V. Ex.a, Sr. Presidente, apresento, pois, respeitosos cumprimentos em nome do novo partido republicano, assim como apresento as minhas saudações afectuosas a todos os lados desta Câmara, sendo nosso propósito viver com todos os seus componentes adentro daquela atmosfera de correcção e de respeito mútuo que são apanágio do Senado, desejando ao mesmo tempo colaborar com todos os lados da Câmara em tudo aquilo que seja para bem do País e da República.

Aproveito esta ocasião para, em nome da União Liberal Republicana, declarar que, se ontem estivéssemos presentes à sessão, nos teríamos associado ao voto de congratulação que aqui foi proposto relativo à elevação do Sr. Afonso Costa à

presidência da Sociedade das Nações, pelo alto e honroso significado que essa eleição teve para Portugal.

O Sr.. Bulhão Pato : — Sr. Presidente : recebi ontem de Timor um telegrama assinado por alguns representantes de várias classes do funcionários, em que se pede a minha interferência no sentido de ser revogado o diploma legislativo colonial n.° 86.

Não estando presente o Sr. Ministro das Colónias, peço a V. Ex.a, Sr. Presidente, a fineza de transmitir àquele Sr. Ministro o conteúdo do telegrama que tomo a liberdade de mandar para a Mesa.

Já acui há tempo me referi a este assunto, e até em primeira mão, em face do telegrama1 vindo do Moçambique.

Não renovarei as minhas considerações, tanto mais que, na outra Câmara, alguns Srs. Deputados se referiram já ao assunto, que está no espírito de todos os coloniais.

O Sr. Ministro' das Colónias, em resposta às minhas considerações, declarou que o diploma era de carácter muito transitório; e eu quero crer que S. Ex.a o tornará o mais transitório possível, a ponto de o revogar, porque está causando um mal-estar e sobeja má vontade contra os serviços, a que ó necessário pôr cobro.

O Sr. Presidente: — Transmitirei ao Sr. Ministro das Colónias as considerações de S. Ex.a

O Sr. Júlio Dantas:—Pedi a palavra para declarar que é com profunda mágoa que a minoria nacionalista vê afastarem--se das suas fileiras dois parlamentares experimentados como são os Srs. Vasco Marques e Fernandes de Almeida.

Não ficamos no mesmo campo, é certo; mas também não nos encontramos em campos opostos.

A dissidência não foi motivada por divergência de ideas ou de doutrinas, ou de princípios, mas, tam somente, por nobres e naturais paixões de homens.