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Sessão de 10 de Março de 1926

Apresento-lhes, a ambos, as minhas homenagens.

O Partido Republicano Nacionalista constituíu-se sobretudo no propósito de dar satisfação, dentro da República, às correntes de opinião conservadora, o de estabelecer um maior equilíbrio entre as forças políticas do regime, equilíbrio julgado necessário, para empregar a frase do Sr. Millerand, à «paz civil» da República.

Os nossos propósitos são os mesmos; os de hoje como os de ontem. Mantemo--nos no nosso posto, serenamente, para servir o País e as instituições com a mesma dedicação o a mesma fé.

Teve há dois anos o Partido Nacionalista o desgosto de ver afastar-se das suas fileiras a alta figura de republicano que é o Sr. Álvaro de Castro, meu particular amigo.

0 seu afastamento determinou-, nessa ocasião, a constituição de um novo grupo político : a Acção Republicana.

Tive agora o desgosto, não menor, de ver sair do partido o Sr. Cunha Leal, meu amigo também, meu companheiro de três Ministérios, individualidade de superior relevo da República e um dos maiores parlamentares que honram, neste momento, a tribuna política em Portugal.

Tal qual como sucedera quando do afastamento do Sr. Álvaro de Castro, outro novo agrupamento se formou: a União Liberal Republicana.

Faço sinceros votos, Sr. Presidente, para que a União Liberal, agora constituída, possa ter uma vida mais larga do que aquela que tove a Acção Republicana, da qual já o próprio Sr. Álvaro de Castro se afastou.

Os altos destinos da política reservam sempre às dissidências uma existência efémera.

1 Que desta vez —lealmente o desejo — os destinos só nãovcumpram!

Quando o Partido Nacionalista se constituiu, houve quem dissesse que as suas forças eram reduzidas.

Pois bem!

E esta a segunda dissidência; afastaram-se de nós figuras com o prestígio de Álvaro de Castro o de Cunha Lea!s e o-partido continua a viver, lamentando profundamente a perda de alguns correligionários valiosos, é certo, mas, hoje como

ontem, cheio de fé nos seus destinos e ocupando no quadro das forças políticas da República o alto lugar a que tem direito.

Sr. Presidente: renovando os meus cumprimentos aos meus dois antigos correligionários, espero que, batendo-nos, como nos batemos, no mesmo campo e pelas mesmas doutrinas, muitas vezes, no decurso dos trabalhos parlamentares, nos encontremos do-mesmo lado.

Tenho dito.

O Sr. Costa Júnior:—Sr. Presidente: este lado da Câmara lamenta sinceramente a dissidência que se deu no grupo nacionalista. Mas, como dessa dissidência resultou um novo agrupamento republicano, o Partido Republicano Português cumprimenta-o e faz votos pelas prospe-ridades do novo partido.

O Sr. Medeiros Franco: — Sr. Presidente : as declarações que acaba de fazer o ilustre Senador e meu particular amigo Sr. Vasco Marques acerca da constituição do Partido da União Liberal Republicana não podem deixar de me merecer, nesta hora, uma referência especial. E não a faço em obediência simplesmente a meros sentimentos do cortesia.

Tenho pelos dois ilustres Senadores Srs. Vasco Marques e Fernandes de Almeida unia alta e justificada consideração.

Positivamente, Sr. Presidente, estamos na hora das dissidências, e se é certo o ditado latino solatio est miseris sócios ha-bere pmnates, o que eu podia traduzir por a consolação dos dissidentes é ter companheiros; todavia, não encaro nunca uma dissidência, como todo aquele que se preocupo com a alta política nacional, sem mágoa.