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Sessão de 14 de Abril de 1926

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O Orador: — S. Ex.a o Sr. Herculano Galhardo concordou inteiramente com a legitimidade de urna conclusão que ontem tirei das suas palavras. Essa conclusão foi a de que, não havendo uma legação em Varsóvia na organização de 1911 e não estando essa legação descrita na tabela orçamental, era ilegal o. pagamento quo se estava fazendo ao chefe de missão nomeado para Varsóvia.

Compreende-se que esta conclusão, a que deu o seu assentimento o Sr. Herculano Galhardo, não pode deixar de ter a seu tempo consequências políticas.

Disse ainda o Sr. Herculano Galhardo, olhando fixamente para o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, que o Governo até hoje não tinha cumprido aquilo a que se .obrigara, quere dizer, não tinha feito economias.

Que todas as propostas que tinha apresentado ao Parlamento determinavam aumento de despesas.

S. Ex.a o Sr. Ministro dos .Negócios Estrangeiros é uma pessoa que sabe muito bem defender-se, com muita eloquência e brio, e não precisa por conseguinte que eu aqui o defenda dos ataques da maioria.

Entretanto, devo dizer ao ilustre Senador Sr. Herculano Galhardo que há economias que custam muito caras ao País, e essas economias são- precisamente aquelas que se quiserem fazer nos nossos serviços diplomáticos e consulares.

É necessário que V. Ex.a e a Câmara saibam o que já foi dito por mini e pelo Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros; é. em volume a segunda receita do País e que ela pode bem compensar esse pequeno sacrifício que se lhe exige na dotação e custeio das despesas que deviam considerar-se fundamentais.

Nas minhas considerações quero por último significar ao ilustre Senador Sr. Herculano Galhardo o meu respeito pelas suas opiniões que são sempre filhas de uma convicção inteligente, mas não estou de acordo com o critério por S. Ex.a aqui exposto de que o que nós na verdade discutimos não é propriamente a proposta de lei orçamental mas sim as emendas apresentadas a essa proposta e aprovadas na outra Câmara.

O Sr. Herculano Galhardo (interrompendo):—V. Ex.a dá-me licença?

Eu não afirmei semelhante cousa.

O que disse foi que se discutia o orçamento emendado, e não disse que tínhamos apenas de discutir as emendas da Câmara dos Deputados.

V. Ex.a está baseando-se v numa pretensa afirmação que não fiz.

.0 Orador: — Mas mesmo assim desejo chamar a atenção de S. Ex.a para o seguinte: ó que discordo, do critério do S. Ex.a porque nós não propúnhamos nenhum aumento do despesa.

Eram estas as considerações que desejo apresentar, significando mais uma vez, tanto ao Sr. Ministro dos Nugócios Estrangeiros como aos Senadores que na segunda parto da ordem do dia usaram da palavra, a expressão das suas referências tam amáveis.

Tenho dito.

U orador não reviu.

O Sr. Herculano Galhardo (para eypli-cações): — Sr. Presidente: pedi a palavra por motivo de ter de esclarecer alguns pontos do «meu discurso, que me parece não foram bem interpretados pelo ilustre Senador Sr. Júlio Dantas. Mas, antes de o fazer, quero registar com muito prazer, em meu nome e em nome deste lado da Câmara, a declaração feita por S. Ex.", que ontem retirou desta sala plenamente satisfeito pela fornia elevada como correu a discussão desta proposta.

Isto mostra a S. Ex.a, que este lado da Câmara não pode ser em caso algum comparável àquela multidão, das muitas multidões a que se referiu Gustavo lê Bon.

O Sr. Júlio Dantas: — Esse escritor considera o Parlamento como uma multidão organizada.

O Orador: — Nesta parte ainda V."Ex.a não foi extraordinariamente feliz, poçque com esta comparação eu sei que nada podia magoar-nos porque só nos magoaria o pensamento do magoar de V. Ex.a que não existiu.

Em todo o caso, isto representa o seguimento de uma atitude que é bom que desapareça por completo.