O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16

Diário das Sessões do Senado

com o Sr. Ministro da Justiça proferiu esta frase «é bom que a justiça não seja também um feudo do Partido Republicano Português».

Nessa ocasião S. Ex.a estava irritado, e eu tive que supor que não tinha, sido o Sr. Júlio Dantas quem proferiu essa frase.

Depois disso veiu aquela frase que eu ouvi na boca de S. Ex.a, mas que S. Ex.a não repetiu. Eeferindo-se a umas emendas rejeitadas pela maioria disse que «a maioria não tinha emenda».

Depois da atitude da sessão anterior, que continuava a ser como quo uma consequência das outras, eu então disse aquela outra frase que poderia ter magoado S. Ex.a: — «que este lado da Câmara tinha a consciência de cumprir o seu dever de patriota e republicano, e que ainda estava à espera que outros surgissem com autoridade para lhe dar lições».

A que autoridade me referi eu? Â autoridade política, não me podia referir a outra.

Nem mesmo eu me permito apreciar outros actos que não sejam actos políticos.

Além disso, Sr. Presidente, este lado da Câmara não é como S. Ex.a disse uma multidão —emendando a sua frase de há bocado— «uma multidão organizada», é um conjunto de republicanos integrados nuni mesmo movimento, mas que podem ter opiniões diferentes.

S. Ex.a tetíi visto à maioria dividir-se com gáudio de muitas pessoas que não sabem o que é política. Essas pessoas que apreciam, que exploram, esta divisão da maioria do Partido Democrático devem saber que nós não somos a tal multidão organizada, somos um conjunto de cidadãos filiados num Partido, num pensamento organizado, mas não carreiros de ninguém —-perdõem-me o plebeismo.

Disse S. Ex.a que eu tinha afirmado que as suas propostas não tinham carácter or-çamentológico.

S. Ex.a não reparou bem. Se eu dissesse tal teria praticado um erro grave, o que eu disse é que e"las não tinham obedecido a um critério orçamentológico.

Se S. Ex.a tivesse obedecido a esse critério não teria apresentado uma proposta para se estabelecer uma verba que não estava prevista na lei. É preciso haver urna subordinação a leis preexistentes.

As propostas de S. Ex.a não obedeceram a um critério orçamentológico, o que não quere dizer que não são propostas orçamentais.

S. Ex.a disse também que eu afirmei que era ilegal o pagamento que se estava fazendo..

O que eu disse foi que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros tinha poderes para nomear um ministro em Viena e acreditá-lo ein Praga, para nomear um ministro em Petrogrado e acreditá-lo em Varsóvia, para nomear um ministro em Washington e acreditá-lo em Havana. Mas não tinha poderes para nomear um ministro em Praga e acreditá-lo em Viena, nomear em Varsóvia e acreditá-lo em Petrogrado.

Eu disse também que de fecharmos os olhos não vinha grande mal ao nosso País.

Mas o que é certo é que o ministro não podia ser nomeado em Praga e acreditado em Viena, mas sim nomeado em Viena e acreditado em Praga.

Quanto a ser necessário ou não nomear ministro em Viena, veja S. Ex.a a pressa "com que foi mandado seguir para o seu destino o ministro nessa cidade.

Referiu-se S. Ex.a à minha atitude perante o Governo.

O Sr. Presidente do Ministério sabe bem o que ela representa de apoio incondicional ao Governo. O Governo pode contar comigo, ainda há pouco o disse ao Sr. Presidente do Ministério.

Não pôde ainda o Governo encetar a política de economias preconizada na sua declaração ministerial. Certamente é porque a isso se têm oposto dificuldades que S. Ex.a, como homem de Estado que é. conhece muito bem. Não pedi eu ainda ao Governo que me explicasse as razõe^ porque não pôs já em prática essa política de economia que eu julgo fundamental para a regeneração do nosso País. Se porém o Governo não pôde ainda tomar essa orientação, nada impede que ele o faça amanhã. Tenho razões para esperar que o fará; é preciso que o faça.

Isto relativamente ao Governo.

Mas relativamente ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros não tenho nenhuma razão de queixa. Estou inteiramente a seu lado.