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Diário das Sessões do Senado

fora com o fim de inutilizar, ou com o fim de deminuir o analfabetismo eni Portugal, mas como hão-de consegui-lo sem dinheiro e sem recursos de qualquer espécie de que possa munir-se para atacar o grande cancro do analfabetismo?!

O distrito de Aveiro, depois de Lisboa e Porto, ó onde a percentagem do analfabetismo é menor; pois ainda assim vou. provar à Câmara que o distrito de Aveiro, dado que a mesma percentagem continua como 'até aqui inutilizando o analfabetismo, precisaria para o extinguir de cento e trinta anos.

E o tempo que seria necessário para o analfabetismo desaparecer do distrito de Aveiro, se se empregarem os mesmos esforços que se tem envidado até aqui.

E triste, mas vou provar à Câmara, com estatísticas, que, nos últimos anos da monarquia o analfabetismo em proporção foi deminuindo( mais do que está sendo na Eepública.

Sr. Presidente: a estatística a que me estou referindo abrange trinta anos, ou seja os anos que vão de 1890 a 1920.

Infelizmente, como V. Ex.as vêem, está atrasada em seis anos, estamos e na 1926 e a estatística refere-se às três décadas que vão de 1890 a 1920.

Sr. Presidente: tomando para ponto de, comparação o distrito de Aveiro em 1890, a percentagem era de 64,4. Isto Adentro do velho regime; decorridos 10 anos a percentagem passou de 64 para 60.

Depois dentro do regime republicano passou de 60 para 55, ou seja urna diferença de 5 por cento.

Quere dizer, em dez anos decorridos, de 1900 a 1910, o analfabetismo deminuíu de 5 por cento.

Pois de 1911 a 1920 o analfabetismo deminuíu 2,9 por cento.

Em última análise: aumentou sensivelmente o analfabetismo dentro da Repú-blica.

O Sr. Júlio Ribeiro (interrompendo): — Isso não pode ser. Essas estatísticas não devem ser a expressão da verdade, pois, geralmente, andam erradas.

O Orador:—Responderei, dentro em •pouco, ao aparte de S. Ex,a

O Sr. D. Tomás de Vilhena:—Registo a declaração de S. EK.a

S. Ex.a é um homem sério e sabedor, sincero e por isso mesmo merecedor de respeito.

O Orador: — Não faço mais que expor factos.

Mais de uma vez. já aqui afirmei a minha impressão de que o analfabetismo havia aumentado dentro dó regime republicano, e agora adquiri a constatação'justificativa que assim é, e que a monarquia olhou nos últimos anos com carinho para estes assuntos.

Nós não temos'o direito de fazer afirmações que não tenham a alicerçá-las a verdade.

Apoiados.

Chamo para este caso gravíssimo a atenção do Senado.

As estatísticas confirmam que, emquanto de 1890 a 1900 o analfabetismo deminuíu de 64 por cento para 60 por cento, de 1900 a 1911 deminuíu de 60 por cento para 55 por cento ou sejam õ por cento, de 1911 a 1920, dentro do regime repu-. blicauo, passou de 55 por cento para 52,1 por cento ou seja 2,9 por cento.

Se considerarmos que a população do País aumentou em trinta anos, de 1890 a 1920, de 17 por cento e que a criação de escolas e a frequência escolar aumentou numa proporção de 8 por cento, verifica--se com tristeza que, em vez de progredirmos neste campo temos deminuído sensivelmente.

Tenlio-me referido ao distrito de Aveiro por ser esta cidade, depois de Lisboa e Porto, aquela onde, de facto, o combate ao analfabetismo tem conseguido resultados que são apreciáveis em relação a outros distritos, cujas estatísticas são pavorosas.

Não querendo de forma nenhuma prender a atenção da Câmara com os números, em regra fastidiosos, vou referir-me apenas às cidades de Lisboa e Porto, onde ainda hoje o analfabetismo talvez explique a vida anormal, a vida de desordem, em que constantemente vivem.

Eu sei que há quem olhe com certo desdém para o ensino das primeiras letras, em Portugal. É prova da sua crassa ignorância.