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Sessão de 20 de Abril de 192o .

na Europa, a Suécia, a Noruega, a Holanda; a Suíça, a Inglaterra, etc., são países de ordem. Se alguém crê que a ordem nesses países não deriva da extinção do analfabetismo, pregunto como se explica a desordem em Portugal, em Espanha, em Itália, nos Balkans, senão pela ignorância dos povos, que é explorada muitas vezes com segundo sentido?

À Suécia, a Noruega, a Holanda, a Suíça, não têm analfabetismo.

Diz-se que o a, b, c, o simples ler, escrever e contar, de nada serve. Não é assim.

Os factos provam que toda a mãe ou chefe de família que aprende a ler inipe-da que os seus descendentes deixem de saber ler.

Há exemplos destes na nossa.terra.

Em Aveiro, por exemplo, o analfabetismo tem deminuído, porque as mulheres, principalmente, formando como que uma liga, obrigam os filhos a ir à escola.

A percentagem de analfabetos no distrito de Bragança era de 70 por cento em 1920, sendo de 66 por cento em 1890. de 64 por cento em 1900, de 61 por cento em 1911. Na Guarda, em 1890 era de 66 por cento, em 1900 de 64 por cento e em 1920 de 58,8 por cento. E o distrito onde na República o analfabetismo deminuíu.

A média do analfabetismo no distrito de Aveiro é de 52,1 por cento.

Para o extinguir, neste distrito, dada a proporção em que ele vai deminuindo, são precisos cento e trinta anos como me parece que referi.

Não traz a estatística, que está atrasada, como V. Ex.as vêem, seis anos, a frequência, nem o número de professores. Infelizmente, no Ministério da Instrução não há estatística da frequência das escolas, nem há estatística do número de professores, ou melhor, há, mas com carácter oficioso, e foi o chefe da 2.a Repartição que oficiosamente tratou de colher elementos para a organização da estatística, e essa estatística diz o número de professores, que é de 8:500,, e a frequência em todo o País não é de mais de 18 a 20 por professor.

Tendo nós oito mil e tantos professores, e não produzindo ' o rendimento que deviam produzir, temos assim a mais do que as necessidades da frequência — passe o paradoxo— aproximadamente

2:000 professores, quando afinal o País precisa, não- de 8:000, mas aproximadamente 12:000 professores, havendo quem compute até o seu número em 15:000.

Vou concluir.

Não desejo de íorma alguma alongar--ine nesta questão, porque não sou eu, nem certamente a grande maioria dos que estão nesta casa do Parlamento, que havemos de conseguir a extinção do analfabetismo. Q que podemos, porém, e devemos, é concorrer para . que essa extinção seja um facto.

Apoiados.

Nós temos umas escolas que visam auxiliar o ensino primário fixo: as escolas móveis.

O número de professores que corresponde ao número das escolas, visto que a cada uma corresponde um professor, é de 330.

Êsíe número vem desde a sua fundação em 1913, e creio poder afirmar que, depois desta data, não mais escolas móveis foram'criadas, e, todavia, Sr. Presidente, é pelo sistema das escolas móveis, quanto a mim, quó se pode conseguir o grande ataque ao analfabetismo. Mas escolas móveis com professores contratados, embora .garantindo-se-lhe o futuro de aposentação, as diuturnidades, em um quadro à parte para que os professores das escolas móveis não se habituem ao comodismo de uma grande parte dos pró-, fessores oficiais, que têm assegurado o seu futuro e que por isso mesmo, logo que se vêem' nomeados vitalícios, enten-. dem que já ninguém, por motivo algum, os pode deslocar, ou os pode demitir.

Quereria que as escolas móveis aumentassem o seu número, procurando--se as receitas onde é necessário procurar, e fossem como que uma legião de homens dedicados à educação nacional ,e que por esse País fora fossem pregando o novo evangelho, que não contraria o evangelho da religião porque não tem nada a educação cívica com á educação religiosa.

Sr. Presidente: o nosso País atribui a cada professor a frequência média de 30 alunos, cousa que não sucede em nenhum outro País do mundo, de forma que os professores em média têm 20 a 25 alunos.