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Sessão de 23 de Abril de 1926

O Sr. Querubim Guimarães : — Sr. Presidente : pedi a palavra para, em nome deste lado da Câmara, me associar ao voto de congratulação proposto pelo ilustre Senador Sr. Martins Ferreira.

Sem dúvida algnma que durante algum

tempo nos pareceu que íamos passar no-

^ vãmente por uma tragédia, dessas que j á

por várias vezes se têm dado, tanto na

aviação de terra como de mar.

Algumas ocasiões tenho tido de erguer aqui a minha voz, frisando o facto de se deixarem lançar em verdadeira aventura pessoas que ao País podem e devem prestar grandes serviços.

Nos primeiros momentos, Sr. Presidente, julguei que mais uma desgraça viria enlutar a nossa aviação. Tal, felizmente, não sucedeu. Mas, visto que se acha presente um ilustre membro do Poder Executivo, peço a S. Ex.a que transmita ao seu colega da Marinha o meu reparo de se deixarem aventurar num avião dois moços sem que levassem um posto de telegrafia sem fios. Sem dúvida que se esse facto se não tivesse dado nós não teríamos passado horas de tam dolorosa ansiedade como passámos.

Com o desenvolvimento que ultimamente tomou a telegrafia sem fios, tendo até já sido instalada nalgumas casas particulares, não é aceitável que os nossos aviões de terra e mar a não tenham.

Estas considerações são-me sugeridas pelos momentos que nós passámos. A cada passo a nossa aviação regista desastres, ínas quero crer que há nisto uma falta de ponderação e cuidado da parte dos poderes públicos.

Faço votos que daqui para o futuro haja o maior cuidado pela vida daqueles que podem e devem prestar ainda os maiores serviços ao País.

Tenho dito.

O orador não 'reviu.

O Sr. Vasco Marquês: — Sr.,Presidente : associo-me gostosamente ao voto que aqui foi proposto e congratulo-me por terem sido salvos os dois distintos oficiais da marinha que empreenderam o voo entre o continente e as ilhas adjacentes no hidro-avião Infante de Sagres.

Depois da imorredoura viagem de Gago Coutinho e Sacadura Cabral todos reconhecem a glória que coube a Portugal na

navegação aérea, tendo o facto ficado gravado com letras de ouro na história mundial, porque foram esses dois grandes portugueses os primeiros que fizeram uma larguíssima viagem pelos ares, em que demonstraram a sua muita competência, o seu muito saber e também o seu arrojo, indo de Portugal ao Brasil antes do que ninguém, cabendo aportugueses esse honroso triunfo, como outrora a portugueses pertencera também a glória da descoberta do Brasil pelo mar.

Após isso não se compreende muito bem que os que se dedicam à quinta arma o façam com ares ainda .de aventura, quando só devem empreender os seus voos com todas aquelas condições de segurança e de êxito que são hoje- reputadas indispensáveis.

Disse-se aqui, e disse-se muito bem, que o Governo não devia permitir que qualquer avião, e especialmente hidro--avião, saísse para as suas carreiras sem ir munido dum aparelho dê telegrafia sem fios.

,íDo desleixo em que vivemos o que resultou ? A necessidade absoluta de despender avultadas quantias para se procurar os aviadores, despesa que aliás aplaudo inteiramente, mas que o Estado teria evitado empregando a tempo e horas essa importância na compra dum aparelho de telegrafia sem fios para o hidro-- avião Infante de Sagres, e bem assim na instalação, no Porto Santo, do posto sobressalente que na Madeira se encontra. Cousas nossas!

Os dois valentes aviadores, e eu chamo para isto a atenção do Sr. Ministro da Justiça, que está presente,- foram encontrados e socorridos por um barco de pesca da freguesia de Santa Cruz, da Ilha da Madeira.