Diário das Sessões do Senado

Acresce também outra circunstância que agrava a situação desía indústria, é o lacto de a matéria destinada ao fabrico de bordados estar sobrecarregada com 14 por cento do imposto à entrada, 4 por cento de imposto consular e 3 por cenèo" de imposto de exportação.

Tudo isto junto faz com que a indústria dos bordados, outrora tam florescente, esteja reduzida ao mínimo.

Mas, há alguns industriais madeirenses que estão empenhados em reacreditar essa indústria e pedem para que sejam decretadas medidas tendentes a fa\orecer essa indústria.

Permita-me a Câmara que eu leia as reclamações desses industriais:

«1.° Quespja nomeada uma comissão de técnicos destinada a verificar os bordados a exportar, a fim de evitar a exportação dos que não estão nas condições necessárias para o bom crédito da indústria.

2.° Que seja concedido o drcnvback aos técnicos destinados ao fabrico dos bordados.

3.° Que se empreguem esforços por via diplomática perante o Governo dos Estados Unidos da América, em ordem a conseguirmos a diminuição do imposto de 75 por cento ad valorem, que.onera os bordados da Madeira à 'entrada naquele Pais».

Estas são as reclamações dos industriais de bordados, que peço ao ilustre Ministro da Justiça o favor de transmitir c,o Sr. Ministro do Comércio.

Um outro factor determinante da crise económica da Madeira é a dificuldade crescente da indústria tradicional — a indústria vinícola.

Essa dificuldade provém em primeiro lugar da diminuição dos mercados importadores de vinhos da ladeira, e que passo a referir rapidamente.

C1 mercado russo era um dos importantes mercados para os vinhos da Madeira. Hoje está virtualmente perdido pelas circunstâncias que todos conhecemos.

O mercado alemão, que era também importante, está hoje muito reduzido, devido à crise económica e financeira que esse País está atravessando.

O mercado francês está reduzido à compra de vinhos baratos e os importa-

dores preocupam-se muito com os certificais de origine, à sombra dos quais se opera muitas vezes o milagre da multiplicação dos vinhos.

Kestam-nos os mercados escandinavos, a Inglaterra, o Brasil e algumas repúblicas^ da América do Sul.

É preciso manter, tanto quanto possível, esses mercados, e ó preciso envidar esforços para conseguirmos essa finalidade.

Acresce a circunstância dificil.de que os nossos vinhos são sempre alvejados por campanhas difamatórias, principalmente nos países que produzem vinhos generosos. Essas campanhas são de uma deslealdade extrema e já têm dado origem a processos nos tribunais, cujas despesas foram pagas à custa dos industriais madeirenses que desejam que o seu bom nome não seja desacreditado.

Outra circunstância que concorre para que os nossos vinhos •periclitem no seu futuro é a seguinte: no seu fabrico muitas vozes não se observa aquela lisiíra que devia observar-se. Seja dito de passagem que a maior parte dos fabricantes madeirense são honestos e fabricam os seus vinhos de maneira a poderem ser considerados como bons vinhos da Madeira. Outros há, porém, Jelizmente ex-cepçõps muito raras, que não se conduzem como deviam.

A principal operação do fabrico é o aquecimento dos vinhos. Os vinhos são aquecidos em cubas atravessadas por tubos com dispositivos diferentes, onde circula água quente ou vapor de água. Assim são aquecidos a uma temperatura aproximada a 60° ou 65°. As temperaturas superiores inutilizam os vinhos, transformam-nos em produtos que não são vinhos, porque os altera na sua estrutura íntima.

Desta arte resulta haver fabricantes que falsificam os seus vinhos por ignorância, e outros que falsificam os vinhos conscientemente. Faço a distinção..

Aqueles fabricantes de vinhos que olham principalmente à sua qualidade e ao futuro da indústria escolhem para o fabrico dos vinhos uvas apropriadas à produção dos vinhos generosos.