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Diário âas Sessões ao Senado

dos panegíricos de Barros Queiroz aqui pronunciados: -

«Afinal a melhor posição neste mundo é ser homem de bem». Tenho dito.

O Sr. Afonso de Lemos: — Sr. Presidente: é preciso ainda acrescentar duas palavras àquelas que têm sido proferidas nesta sessão a propósito da morte de Barros Queiroz.

Essas duas palavras não as pronunciarei em nome do partido, porque esse dever foi brilhantemente cumprido pelo nosso ilustre leader Sr. Júlio Dantas.

Essas duas palavras referem-se à administração municipal'de que ele fez parte e eu, sob a presidência do nosso saiidoso Brramcamp Freire.

Barros Queiroz entrou na política, pode-se dizer por concurso, i.sto é defendendo a sua tese brilhantemente aã administração municipal. Quando a vereação tomou conta em 1908 da administração municipal encontrava-se esta num verdadeiro caos. Havia sete anos que, não se pagava aos fornecedores. Barros Queiroz, como eu disse há pouco, defendendo a sua tese de administrador, conseguiu sozinho, porque nós apenas colaborámos na sua obra mas guiados por ele, levar as cousas da Câmara a tal ponto que, quando a deixámos em 1912, havia uma receita importante, tinham-se pagos todos os fornecimentos, e até havia um superavit verdadeiro.

Estas duas.palavras não deviam deixar de ser ditas. Foi apenas para frisar este ponto que eu pedi a palavra.

Também não falo como velho republicano. Muitos dos Srs. Senadores que falaram são velhos republicanos. Mas quero falar para os novos republicanos., para daqui lhes lembrar que aqueles que foram os poetas de 1910 vão desaparecendo, e eu tenho receio de que os novos es não imitem. Tenho dito. O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Justiça e dos Cultos (Catanho de Meneses): — Sr. Presidente: associando-me em nome do Governo ao voto de sentimento pelo falecimento do

Sr. Tomé" de Barros Queiroz, devo dizer que o faço comovidamente.

O ilustre Senador Sr. Fernando de Sousa, fazendo o elogio do extinto, aca-- bou por uma síntese, que afinal, tudo resume:— o ser-se homem de bem.

Foi perfeitamente o que se deu com' Tomé de Barros Queiroz.

Filho de famílias humildes —se humilde é não ter meios próprios de fortuna — ninguém como ele teve um grande valor, o valor de se bastar a si mesmo; probo, honesto, respeitado, político, tudo deveu a si'próprio e-do nada se elevou. Filho de famílias quo, como disse, viviam numa mediania, sem os confortos que dão as fortunas que são legadas, ele trabalhou incessantemente para se elevar.

Começou pela vida comercial, mas, como todos sabem, foi o exemplo mais raro e honesto de comerciante e esse exemplo trouxe-o para a vida pública. Todos conhecem a lealdade e o assomo de independência — como já aqui foi frisado — com que ele se soube manter no meio das convulsões políticas e nunca sacrificou às conveniências do seu partido os ditames da sua consciência. Lembro-me de um Governo, não importa agora qual ele fosse, que reduziu os juros creio que da dívida interna. Pois Barros Queiroz magoou-se muito com esse facto e sem vir agora para aqui discutir se essa redução se deveria ou não fazer, vê-se nisso o verdadeiro homem de bem, acostumado a cumprir os seus deveres, e portanto, não compreendendo que o Estado não cumprisse também os seus.

Barros Queiroz entendia dever já estar terminado o ciclo das revoluções, mas que não era licito desligar a honra individual da do Estado. Ele s?bia qne um Estado vive pelo seu trabalho, pelo respeito às leis e à Constituição.

É por isso, Sr. Presidente, que ele se afastou sempre de tudo o que não fosse estar dentro da lei, não cumprir os «eus deveres de cidadão.