O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Diário das Sessões do Senado

intolerância dos republicanos, mas sim á intolerância dos católicos, que, nào sendo nunca vexados pela autoridade, bateram e insultaram um cidadão pelo íacio de, não sondo naturalmente católico, se não descobrir à passagem de unia procissão, o seguidamente desobedeceram as ordens do delegado do Governo, absolutamente legais e justificadas pelo seu procedimento anterior.

Estas são as informações verdadeiras de como os factos ali se passaram.

Tenho dito.

O Sr. Fernando, de Sousa (para explicações}:— Sr. Presidente: cm relr.ção à rectificação apresentada pelo ilustre Senador que acaba do falar, tenho a dizer que as informações em que se baseou a minha reclamação vêm de diversas, fontes, sondo perfeitamente concordes.

Em primeiro lugar vem no Século de hoje detalhadamente narrado o facto.

Na correspondência publicada ontem na Época vem narrado o mesmo facto, bem como numa carta recebida de Mação, o subscrita por pessoa de toda a respeitabilidade.

Portanto, sem quebra de consideração pelo Sr. Francisco Josó -Pereira, mantenho as minhas afirmações.

£ Houve anteriormente algum facto que servisse de pretexto a essa brutalidade da autoridade? Se o houve, andaram mal aqueles que o praticaram, devendo esses ser devidamente castigados. Mas não basta um desmando individual para cometer uni atentado contra a liberdade geral.

Tive ocasião do ver em Anvers, em 1894. depois de largos anos de intolerância dos Governos liberais, a procissão de Corpus Christi, terminando com a bênção dada aos fiéis na praça do Meir, onde se tinha erigido um altar.

De roda da praça estavam á porta dos cafés pessoas quo não partilhavam das crenças dos católicos e que ficaram indiferentes, sem se dar o menor acto de desrespeito do acto do culto, nem qualquer manifestação dos crentes hostil aos quo o não eram.

Esta é quo é a boa maneira de proceder, baseada DO respeito mútuo.

Se porventura se tivesse dado qualquer violência anterior, o que o administrador tinha de fazer era proceder contra quem

a tinha praticado e nunca proibir a procissão e nunca ainda praticar as violências que referi.

O Sr. Francisco José Pereira (interrompendo):— Mas foi exactamente isso que fé.7, o administrador.

Em vista desses factos lamentáveis ocorridos durante uma procissão, o administrador proibiu as procissões.

O Orador: — Andou mal nisso.

O Sr. Francisco José Pereira: — Fez

essa intimação ao padre, que a respeitou, mas houve crentes que foram à igreja- e trouxeram as cruzes e os santos para a rua.

Da primeira vez realizaram a procissão iam rapidamente quo a autoridade não a pôde evitar. Só à segunda vez é quo foi dissolvida pela guarda republicana.

O Orador: — Mas devia deixar sair a procissão a praticar os actos tradicionais, o depois castigar os díscolos. Mas dispersar de tal maneira a multidão pacífica e entrar no templo, levando preso o respectivo pároco, não está bem.

O Sr. Francisco José Pereira: — Em todo o caso V. Ex.a pede a intervenção do Governo para esse castigar os que procederam contra a lei. Mas, com já disse, e segundo as informações que tenho, foram os católicos que provocaram a desordem.

O Orador: — Em Paris há pouco passou-se um facto notável: quando o Governo quis proibir o habitual cortejo patriótico em honra cê Joana d'Arc, os milhares de patriotas romperam as barreiras da polícia e fizeram a sua manifestação, e procederam bem. As liberdades conquistam-se.

Tenho dito.

O Sr. José Pontes: — Sr. Presidente: de novo me vou referir a um assunto que já aqui tenho tratado por várias vezes.