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Sessão de 14 de Maio de 1920

alguns marcaram a sua acção coní actos de heroísmo. Um dos mais modestos, o soldado clarim do regimento de dragões comandados pelo então tenente Aragão, julgando o forte ainda na mão dos portugueses, tocou à carga. Era pelo menos um desafio àqueles que tinham invadido o território português.

Quando eles se aproximavam do for to os alemães deram uma descarga, e nessa descarga foi ferido aquele clarim.

Dispersavam se esses valentes e aquele a que me refiro andou perdido durante sete ou oito dias, com o braço ferido sangrando, agiiontaudo-o com. a outra mão o melhor que podia. Infeliz, lutava pela vida, ele que estava aproximando-se cons tautemento da morte.

Sucedeu que passando perto um carro bóer, Glo conseguiu que o levassem até a ambulância mais próxima.

O Sr. Dr. Vasconcelos e Sá. que exercia lá as suas funções de médico, fez-lhe uma operação amputando-lhe o braço pelo terço superior.

Além "de ser um ferido da guerra, ele foi o primeiro mutilado das operações contra os alemães. Em Portugal receberam-no festivamente. A imprensa fez-lhe referencias muiio elogiosas, tendo andado de terra em terra, onde por todos era bem recebido.

Um dia um vereador da câmara municipal conseguiu arranjar lá um emprego a Osse pobre rapaz, que é um belo chefe de família.

Está há nove anos na câmara municipal, som uma falta, sem um dia de licença. É incontestavelmente um empregado exemplar, é um homem que honra a adminis-. tração camarária. Um dia morreu um fiel. o elo, que já tinha provisoriamente dcscui: ponhado êsso cargo, conseguiu, merco de influências amigas, às quais não fui estranho, que ôlo lho fosso dado.

Sucede que o chefe da zona, que ó ainda dos que têm a falsa idca que os soldados quo estiveram na guerra foram prejudiciais à Nação e que julga que por Olc ter um braço amputado ó um farrapo quo não pode desempenhar o sou mester, não se lembrando que nove anos lhe davam o direito a esse lugar obrigou-o, com uma desumanidade que revolta, a desterrar para outra casa, destelhando-lhe a casa quando ele tinha as crianças doentes.

Tal facto fez-lhe sofrer um abalo mental de tal ordem que esse bravo clarim de Nanlila teve de recolher ao Hospital de S. José para sofrer uma operação.

Esto facto lamentável e triste mostra infelizmente que não têm sido descabidas as palavras quo aqui tenho proferido dizendo que muita gente esquece os sofri-' mentos o os sacrifícios sofridos pelos soldados portugueses na guerra, quando eles são dignos do todo o nosso respeito, "de toda a nossa gratidão.

Não basta só quo a burocracia ampare Ossos que deram o seu esforço — e quanto» o seu sangue! — para honra do nome português.

E preciso que toda a população de Portugal tenha para com ossos bravos aquele carinho o aquela solicitude peculiar da gente portuguesa. E bem o morocom esses qiie tam alto conseguiram levantar o nónio de Portugal.

O que é porém certo ó quo nem toda a gonto compreende estas razões de huma-nitarismo. E preciso quo digamos a todos, e sobretudo às estaç.õos oficiais, quo eles não são só merecedores do amparo mate-, rial,mas do amparo moral, o que haja no respectivo Ministério quem com o carinho tradicional da gonto de Portugal olhe o, ampare esses bravos que, quor nas terras ardentes, de África ou nas planícies da Flandres, honraram o nome da terra portuguesa.

Eu poço e lembro ao Sr. Ministro da Guerra, que sinto não'ostar presente, que há um soldado de Portugal, que tem ato sobre ele a simpatia moral do ter sido o primeiro, mutilado na guerra contra os alemães, quo está num hospital para sor tratado pelos carinhos dos cirurgiões civis.

Quo S. Ex.a olho por ele o lhe promova todas as facilidades e protecção dontro da própria administração hospita-.lar.

O Sr. Afonso C!G Lemos (incerrompen-do):--V. Ex.;i dá-mo licença?

Parece-me quo a câmara municipal devia, ser a primeira a atender a essa circunstância Eu creio que o estado finan-ceiro dessa câmara é devoras bom. por-quo segundo vi nos jornais foram adquiridos três automóveis para ela .. .