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t)iário das Sessões ao

um pouco rigoroso, porque, não querendo descer agora a números já citados pelo Sr. relator, bastaria ler o parecer do orçamento para ver que, apesar de se terem criado organismos, o orçamento não excedia aquilo que era antes da guerra. Poder-se hão criticar as despesas com o pessoal; mas isso é um mal que só daqui a anos se poderá fazer desaparecer; por emquanto, não. O orador não reviu.

O Sr. Roberto Baptista (para explicações)'.— Sr. Presidente: não tencionava tornar a usar da palavra sobre a generalidade do orçamento do Ministério da Guerra, se algumas considerações feitas por alguns Srs. Senadores,.e se algumas também feitas pelo Sr. Ministro da Guerra, quando no seu discurso teve a amabilidade de me responder, não me obrigassem a usar novamente da palavra para explicar melhor o meu pensamento. Além disso, algumas considerações que foram aqui feitas pelo Sr. Álvaro de Mendonça numa parte do seu interessante discurso, a que eu não tive o prazer de assistir, obrigam-me também a proferir algumas palavras porque, não tendo respondido a S. Ex.a nesse ponto, entendo, não só conveniente, como também necessário, esclarecer devidamente esse assunto.

Disse o Sr. Álvaro de Mendonça, segundo concluí das considerações do Sr. Mendes dos Reis, que as expedições que nós enviámos ao ultramar durante a Grande Guerra não tinham sido organizadas, talvez por deficiências da organização de 1911, com aquele cuidado, cora aquela verdadeira preparação com que tinham sido organizadas as expedições coloniais anteriormente a 1910.

Sr. Presidente: triste é dizê-lo: sob o ponto de vista da organização das nossas expedições coloniais erros muito graves foram praticados não só anteriormente a 1910 como também posteriormente. Esses erros foram devidos à nossa falta de> previsão, à ausência de preparação militar. Não são frutos do regime monárquico, ou do regime republicano.

Se S. Ex.a estivesse presente eu poderia citar os relatórios de António Enes, de Mousinho de Albuquerque e tantos outros acerca da falta de preparação das expedições coloniais anteriores a 1910, e

poderia também citar a S. Ex.a o meu próprio testemunho, porque no ano de 1900, sendo ainda tenente, fiz parte de uma expedição que foi enviada à província de Moçambique na ocasião da guerra anglo-boer. Ora, Sr. Presidente, a falta de preparação era tam grande que, fazendo eu parte de uma bataria de montanha quando embarquei para o ultramar, essa bataria foi organizada à última hora com pessoal que tinha sido instruído com material de campanha. Isso deu em resultado que nos areais de Lourenço Marques tive necessidade de dar instrução a recrutas, e a falta de previsão- foi ainda tam grande que, tendo sido essa expedição, que aliás era muito reduzida, organizada com o objectivo de assegurar a nossa neutralidade na província de Moçambique emquanto se travava a campanha anglo-•bóer, reconheceu-se tempos depois quo o seu efectivo era insuficiente para assegurar o bom cumprimento da sua missão.

Estando eu na fronteira -do Transvaal unicamente com 400 e tantos homens, aí recebi e desarmei os 1:500 boers do comando do general Piueaar, que se internaram no nosso território. Pois quinze dias depois de este serviço estar realizado é que desembarcou no porto de Lourenço Marques uma expedição então já mais importante e comandada por um oficial general. Parece-me que isto é um exemplo bem frisante da falta de previsão que nós temos tido na organização das expedições coloniais. Se do período anterior a 1910 passarmos para o período da Grande Guerra, e não querendo eu citar o que sucedeu na costa ocidental de África porque sobre esse assunto com muito mais completo conhecimento de causa pode falar o Sr. Ministro da Guerra, poderei dizer o que se passou por exemplo nas expedições que operaram na África Ocidental.

A falta de preparação e a falta de previsão não podiam ser excedidas.

Houve um homem, e justiça é lembrar o seu nome, que*teve uma verdadeira intuição patriótica a respeito daquilo que nos convinha fazer.

Foi o actual general Mas sano de Arno-rim, comandante da primeira expedição à província de Moçambique durante a Grande Guerra.