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250 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 64

agrícolas, como o Sr. engenheiro Cândido Duarte propôs, visto como teriam probabilidades de conseguir colocação na sua terra, ao lado dos seus casais agrícolas, de suas famílias e amigos, circunstâncias de relêvo e, por isso, de atender, tanto no seu aspecto económico como no social.

Estas mesmas palavras que proponho relativamente à base I proponho-as também para a base II e, se fôr aprovada a proposta do Sr. engenheiro Cândido Duarte, como entendo que o será pelas suas vantagens para a lavoura, proponho também para ela o mesmo aditamento.

Quanto à base III, proponho o seguinte aditamento ao parecer da Câmara Corporativa:

«Ou a criar escolas ou, cursos novos, a fim de que o ensino técnico se generalize, para que em todas as regiões soja possível recorrer a profissionais com a devida preparação escolar».

Tenho dito.

O Sr. Luiz Supico: - Sr.Presidente o Srs.Deputados: pedi a palavra porque se me afigura que o projecto que hoje estamos discutindo tem uma grande importância para o progresso económico do País.

À primeira vista parece que êle interessa apenas aos alunos diplomados das escolas técnicas e às pessoas que dedicam a sua actividade ao ensino técnico, por isso que se trata do assegurar colocações e de regular as equiparações dos cursos o outros direitos dos diplomados por essas escolas.

Num estreito critério, tantas vezes infelizmente seguido neste País, de justificar uma função com outra função colocam-se os alunos para que haja escolas, e criam-se escolas para haver alunos, professores e dirigentes de serviços. Quem assim pensa comete um grandíssimo êrro. Porque, Srs. Deputados, é preciso não esquecer que, se os progressos da ciência deram à humanidade as vastas possibilidades que por toda a parte se patenteiam a nossos olhos, êsses mesmos progressos criaram ao homem a obrigação de no campo material, desenvolver a sua actividade sob a preocupação constante do bem aproveitar o trabalho, o tempo o os recursos que a natureza pôs à sua disposição.

Antigamente, numa época em que a população era muito menor, o tempo não contava e as obras primas saíam das mãos dos artistas trabalhadas com esmêro, trabalhadas com carinho, sem a preocupação da quantidade e a preocupação do rendimento base, como hoje.

Hoje em dia isso não acontece; a febre da produção rápida, a necessidade de criar riquezas, obriga a aproveitar, e muito bem, todas as possibilidades.

Hoje é necessário que as actividades económicas, o trabalho, a sua preparação e a sua execução se desenvolvam segundo espírito e regras inteiramente novos. Pode dizer-se, efectivamente, que, hoje em dia, o espírito da ciência moderna domina a actividade humana.

E se é certo que êsse espírito se revela sob uma forma mais aparente nas profissões que dependem do estudo, profissões que até certo pouto poderemos chamar intelectuais, não é menos exacto que êsse espírito se deve também estender a todas as outras profissões.

E aí, no campo das actividades económicas, nós podemos designá-la pelo que chamaremos o espírito da técnica moderna.

Em que consiste ela? Como se define?

Responderei dizendo: consiste na ocupação do trabalho a desenvolver, de modo que se obtenha sempre o melhor rendimento, de modo que o esfôrço despendido seja mínimo e OH resultados máximos, as matérias sejam bem aproveitadas e o tempo útil integralmente consumido em bem produzir.

Ora isto pode parecer à primeira vista que imo tem importância. Mas tem muitíssima, e eu vou dizer porquê.

Fala-se constantemente em progresso social, fala-se no flagelo do desemprêgo, fala-se na melhoria das condições de vida, e pode muita gente falar, pronunciar estas palavras de uma maneira abstracta, por assim dizer, sem lhes dar o significado que elas têm, mas a verdade é que a diminuição do flagelo do desemprêgo, a melhoria das condições de vida, o desenvolvimento do bem-estar humano dependem essencialmente de dois factores, que são: o progresso da riqueza geral e a distribuição equitativa, o aproveitamento racional dessa riqueza.

Todos V. Ex.ªs sabem como progride a riqueza geral e todos sabem também o tempo e as energias que se despendem em, volta do problema da distribuição dessas riquezas. Ora o fulcro, a base do problema social será estéril e inútil se não houver riqueza geral.

O progresso e o desenvolvimento da riqueza geral aparecem-nos, por consequência, como a condição primeira, a base necessária e fundamental de progresso económico e social.

Ora, como é que aumenta a riqueza geral?

A riqueza geral aumenta, como todos V. Ex.ªs sabem, pelo acrescentamento anual do que se poupa, do que não se gasta. Eu pregunto a V. Ex.ªs se fazem uma idea do que, por exemplo, no nosso País, se perdi; anualmente em matéria prima mal empregada e em tempo, consumidos em pura perda e esforços inúteis?

Não fazem, nem é fácil fazer.

Representam com certeza muitas dezenas de milhares de contos. E para o demonstrar eu posso citar um caso, que é um exemplo típico, passado comigo ainda há poucos dias.

Tratava-se de reconstruir uma parede traseira, que tinha caído, e um mestre de obras tinha projectado para fundação dessa parede uma placa de betom armado. A pedido do proprietário, graciosamente (o proprietário é meu parente), examinei o assunto e verifiquei isto: o mestre de obras, na sua ignorância, motivada pela falta de preparação escolar, e falho do espírito da técnica moderna, tinha projectado uma armadura com varões tam grossos e em malhas tam apertadas que eu não tive dificuldade em classificá-la, não de cimento armado, mas de alvenaria e ferro.

Direi a V. Ex.ªs que o excesso de ferro projectado sôbre o realmente necessário excedia, por metro corrente, uma importância de 150$.

Quere dizer: em cada metro corrente de parede o nosso homem ia empregar mais 150$ de ferro do que o realmente necessário.

V. Ex.ªs agora multipliquem isto por milhares ou por dezenas de milhares, juntamente com o que se perde e se desperdiça sob muitas outras formas das diferentes actividades comerciais, e farão uma idea aproximada do dinheiro que em pura perda se desperdiça.

V. Ex.ªs, por êste exemplo, fazem, por consequência, uma idea exacta da importância que tem a introdução, no trabalho das actividades económicas, dêste espírito que nada deixa ao acaso, que tudo subordina aos conhecimentos anteriores, à utilização dos estudos teóricos e àqueles resultados da experiência acumulada.

O Sr. Cortês Lobão (interrompendo): - V. Ex.ª dá-mo licença? O muro a que V. Ex.ª se referiu era construído em Lisboa ou fora?

O Orador: - Nos arredores de Lisboa, na Amadora.