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24 DE FEVEREIRO DE 1949 95

gócios Estrangeiros, pedidos pelo Sr. Deputado Braga da Cruz. Vão ser entregues a este Sr. Deputado.
Os esclarecimentos do Ministério da Marinha relativos à questão levantada pelo Sr. Deputado Duarte Silva na sessão de 14 de Dezembro findo. Vão ser entregues a este Sr. Deputado.
Os elementos solicitados pelo Sr. Deputado Braga da Cruz ao Ministério da Economia estão à disposição deste Sr. Deputado.
Os elementos fornecidos pelo Ministério das Finanças a requerimento do Sr. Deputado Salvador Teixeira vão ser entregues ao requerente.
Os elementos fornecidos pelo Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo a requerimento do Sr. Deputado Querubim Guimarães vão ser remetidos a este Sr. Deputado.
Os elementos solicitados pelo Sr. Deputado Luís Cincinato Cabral da Costa e que foram fornecidos pela Direcção-Geral das Contribuições e Impostos ficam à disposição deste Sr. Deputado.
Os elementos solicitados ao Ministério das Comunicações pelo Sr. Deputado Carlos Borges ficam à disposição deste Sr. Deputado.
Os elementos fornecidos pela Direcção-Geral dos Serviços de Viação requeridos pelo Sr. Deputado Antunes Guimarães vão ser entregues a este Sr. Deputado.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, antes da ordem do dia, o Sr. Deputado Duarte Silva.

O Sr. Duarte Silva: - Sr. Presidente: Cabo Verde, a colónia mártir, que, a bem dizer, enfrenta há oito anos uma situação dolorosa, vendo perecer à míngua milhares de seus filhos, que constituíam, uns, a sua riqueza, outros, a sua esperança, Cabo Verde acaba de receber mais um rude golpe com a tragédia que se desenrolou na cidade da Praia na manhã do dia 20 do corrente.
Enquanto os infelizes necessitados recebiam no recinto da Assistência a refeição que lhes é distribuída, o desabamento de um muro soterrou centenas deles, resultando da catástrofe para cima de 230 mortes e muitas dezenas de feridos de gravidade.
Às dificuldades e à miséria com que Cabo Verde lutava veio agora juntar-se a dor que a horrorosa tragédia provocou.
Não se conhecem ainda as causas do desastre nem há tão-pouco notícias pormenorizadas sobre as condições em que se encontram os sobreviventes e as famílias dos falecidos.
Conhecemos, porém, a extensão da catástrofe, que não enlutou apenas a cidade da Praia ou a colónia de Cabo Verde, mas enlutou a Nação inteira, que deplora sinceramente a desgraça que caiu sobre a população da ilha de Santiago.
A Assembleia Nacional, que vibra com o País, compartilha das suas alegrias e sente as suas dores, não podia ficar insensível à tragédia da Praia. Pela atenção com que me escuta e pelo apoio visível que dá às minhas palavas, ela manifesta o sen pesar pela triste ocorrência, confiando que o Governo tudo fará para minorar o sofrimento das vítimas.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Duarte Silva exprimiu comovidamente o sentimento de toda a Câmara pela grande catástrofe que enlutou aquele pedaço de terra portuguesa e eu estou certo de corresponder a esse sentimento mandando exarar no Diário das Sessões de hoje o voto do profundo pesar da Assembleia.

Vozes: - Muito bem!

Pausa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Mário de Figueiredo. Dada a importância do assunto que vai tratar, convido V. Ex.ª a subir à tribuna.

O Sr. Mário de Figueiredo: - Obedeço sem esforço ao convite de V. Ex.ª
Sr. Presidente: temos todos presente a eleição de 13 de Fevereiro. Não é facto que se apague da memória dos que o viveram na exaltação da vitória, nem dos que o sofreram na decepção da derrota. Nem a circunstância de terem abandonado o campo da luta poupou os inimigos a uma derrota de aniquilar. A nossa vitória foi tal, foi tão extraordinária - ia a dizer espectacular - a exibição da nossa força que, mesmo sem batalha, deixou o inimigo desmantelado, à mercê do vencedor. É preciso não consentir que se recomponha.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Até para nós, que tínhamos a consciência da nossa superioridade, o caso assumiu proporções inesperadas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Dir-se-ia que uma labareda contagiosa pegou fogo a toda a população portuguesa e lhe acendeu a vontade de vitoriar e de acorrer às urnas!
Só assim se explica que muitos magoados e indiferentes, e até adversários, acudissem a votar no nosso candidato. Não creio que, quanto a estes últimos, aparecesse a determiná-los só a perspectiva de com a fuga do outro candidato, ficarem desempregados.
Risos.
Foi o contágio... Oxalá que a doença (no caso é saúde) se lhes tenha pegado com carácter crónico!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas como se explica esta espécie de delírio colectivo?
A gente só dá conta do bem que tem, só se agarra verdadeiramente a ele, quando o sente ameaçado.
Em política só se vê quem fala, agita, protesta, critica, reclama e discute... Mas estes são em número reduzido, confrontados com a massa da população que trabalha, produz, ouve e sofre, de sorte que podem em certas ocasiões dar uma impressão rotundamente errada do panorama político. É sempre possível encontrar nas sedes dos concelhos, mesmo menos importantes, as cinco indispensáveis pessoas para constituírem a comissão política local. E quando estas se designam sem as consultar, como frequentemente aconteceu, é não só possível mas fácil.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O cartaz, quando se vai sucessivamente preenchendo de acordo com as boas regras tácticas de propaganda, faz acreditar que por trás dele se esconde uma força considerável, que, na verdade, não existe.
Foi o caso da propaganda eleitoral por parte da oposição. À superfície muito barulho, no fundo o povo a assistir.

Vozes: - Muito bem!