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17 DE DEZEMBRO DE 1966 927

Aos milhares de indo-portugueses que se alistaram no exército britânico na segunda guerra mundial eram ministradas as mesmas regalias dos Britânicos, contràriamente com o que se fazia em relação aos Indianos.
Estes são alguns aspectos que provam essa preferência, originada por um reconhecimento tácito da diferença existente.
A impressão que temos, no entanto, é que a maioria se não debruçou, nem por uns instantes, a reflectir nas razões dessa diferença.
Os Indo-Portugueses, de ascendência puramente asiática numa muito elevada percentagem, e uma minoria de ascendência europeia - ao contrário do que muitos pensam -, não são senão uma simbiose de duas culturas, o fruto de uma perfeita integração de hábitos e costumes de dois povos distantes, trabalho brilhante que só Portugal conseguiu levar a efeito.
Essa realização era um valor, não só para Portugal, mas para o Ocidente e, ouso mesmo dizer, para o mundo inteiro. Deveria ser preservada a todo o custo, mas a sua destruição sistemática é consentida pelo próprio Ocidente.
Mas que pesam os valores de espírito no mundo em que vivemos? Interessa, sim, não correr o visco de perder mercados. É tudo uma questão de lucro ...
No mundo em que o conflito de raças toma formas cada vez mais virulentas, é de todo necessário estabelecer-se um clima de compreensão, pondo de parte rancores e ódios e cultivando aquelas qualidades que ligam os homens entre si. E não há nenhum exemplo melhor que a política seguida por Portugal em África, na Ásia e na América, criando essas magníficas realizações que são exemplo vivo dessa política: a Índia Portuguesa e esse portentoso Brasil, paradigma para todas as nações, em que povos de diferentes etnias coabitam numa fraterna harmonia.
Para citar sómente o caso de Goa, vários foram os visitantes da Península Indostânica que frisaram as diferenças nítidas que ressaltavam de um simples exame, tais como Gilberto Freire, André Siegfried, coronel Remy, Peter Lessing e tantos outros, inclusivamente indianos.
Vou mencionar apenas dois depoimentos: Graham Greene, após uma visita a Goa e à União Indiana, escrevia no Sanday Times e no Figaro Littéraire um longo artigo em que dizia ser dispensável a colocação de marcos fronteiriços entre Goa e a União Indiana, tão acentuada era a diferença entre as gentes e as coisas.
E o Prof. J. B. Trend, da Universidade de Cambridge, no seu livro Portugal afirma: «Ao fim de 450 anos, os enclaves portugueses na Índia têm uma aparência portuguesa.» E mais adiante: «Eles pensam como portugueses, embora falem uns com os outros em língua própria indo-europeia, o concanim.» E diz mais: «Os Goeses não são uma criação da nova União Indiana. Eles são uma criação de Albuquerque.»
Tudo isto é por de mais conhecido de VV. Ex.ªs e de toda a grei luso-brasileira.
Mas o mundo anglo-saxónico, arrastando o Ocidente, aferrado ao velho conceito de Kiepling, fruto da época vitoriana, parece não compreender outra política senão a de vivência de raças em compartimentos estanques. E em sucessivas abdicações tem vindo a curvar-se perante as exigências mais absurdas do que se convencionou chamar o Terceiro Mundo, fazendo da força a única lei. Uma força que se procura mascarar com termos sonoros, mas sem qualquer significado válido.
Pasma-se, mas não se ousa acreditar. Fala-se na paz, justiça, humanidade, a todo o momento. Mas estas palavras perderam já todo o conteúdo por que ansiaram e lutaram os povos durante séculos.
É um crime contra a paz a recente independência da Rodésia, na qual não se verteu uma gota de sangue. Mas não o é o envio de tropas egípcias ao Iémene, não o é o ataque da União Indiana ao Paquistão, as incursões terroristas em Angola, Moçambique e Guiné, como o não foi há cinco anos a agressão armada contra Goa, Damão e Diu ...
É um crime contra a humanidade a ida dos colonos portugueses para Angola e Moçambique. Mas a invasão infrene das massas famintas da União Indiana aos territórios portugueses da Índia, a fim de abafar pelo número a resistência daqueles territórios à ocupação estrangeira, parece a mais natural das atitudes.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Esta inversão de valores, este desvirtuamento de conceitos noutros tempos considerados imutáveis, marcam hoje uma era de progresso ao invés, nos grandes debates nos organismos do areópago de Manhattan.
Para nós, porém, paz, justiça e humanidade terão sempre o real significado pelo qual pugnaram as gerações passadas, e Portugal caminhará na mesma senda, mantendo através dos tempos o seu espírito ecuménico.
Os nossos representantes nas Nações Unidas vêm defendendo brilhantemente esses mesmos princípios com uma argumentação elevada, a qual não encontra oposição honesta e coerente.
Armado em defensor de povos, Nehru repetidas vezes garantiu que Goa não seria integrada em qualquer dos estados vizinhos contra a vontade dos naturais, vontade essa que nunca quis consultar ...
Por outro lado, o Sr. K. K. Shah, numa conferência de imprensa no Hotel Mandovi, quando lhe foi chamada a atenção para as promessas feitas pelo primeiro-ministro, respondeu sem hesitar: «Numa democracia - disse ele - não há nada perdurável; a política pode ser mudada a cada- instante se o povo assim o desejar.» E explicou: «Este não é um problema só destes territórios (Goa, Damão e Diu), mas do povo de toda a índia, porque é o Parlamento que providencia os fundos para a manutenção dos territórios da União.»!
Por seu lado, Krislma Menon, num afã justificativo, afirmava ter «libertado» Goa, visto a Índia não poder conquistar seu próprio território!
Mas, por fim, após esse laborioso trabalho, o advogado que representou o Governo Indiano no Supremo Tribunal de Justiça da Índia, opondo-se a uma pretensão de um comerciante de Damão para ver revalidada a sua licença de importação emitida pela Administração Portuguesa, aduziu, entre outros fundamentos, que uma vez que Goa fora adquirida por conquista, o novo soberano não estava obrigado a honrar os compromissos tomados pelo soberano anterior - destruindo de uma penada todo um castelo de cartas persistentemente levantado.
O malogrado primeiro-ministro Lal Bahadur Shastri não quis ficar atrás na causa da «paz». Na Conferência do Cairo, os representantes das nações afro-asiáticas que nela intervieram assentaram, por sugestão ou sob proposta do primeiro-ministro da União Indiana, que deviam ser respeitadas as fronteiras que existiam na data em que os estados ganharam a sua independência, e concordaram em não reconhecer os frutos da agressão.
Pouco depois, de regresso à Índia, numa entrevista a jornalistas em Karachi, acentuava o primeiro-ministro

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