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288 DIÁRIO DA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE N.º 14

ram: foram soltos e houve muitas mãos a abrir aquelas portas.
A mesma mão que abriu essas portas foi a que recusou aos operários da Efacec a consulta dos ficheiros da Pide, necessários para que se pudesse avançar no saneamento dessa empresa.
Quem põe os pides na rua é quem não quer ver os fascistas fora dos postos que ocupam nas empresas.
Importa também aqui denunciar a inutilidade da Comissão de Extinção da PIDE/DGS/LP, que pouco ou nada tem feito do trabalho que lhe competia.
A actuação do Sr. Deputado Galvão de Melo nessa Comissão valeu-lhe o título de «amigo dos pides». Hoje em dia, o Sr. Tenente Judas, com os seus apelos contra o saneamento à direita, e a sua experiência no saneamento à esquerda, vai fazendo o possível para não maçar muito os pides.
Esse senhor pouco se importava que os pides fizessem karaté, que estivessem à vontade, que fizessem reivindicações; a sua preocupação foi contra os antifascistas, que expulsou da Comissão, utilizando toda a espécie de argumentos, como «não admitir a um indivíduo que defenda os conselhos revolucionários».
As posições que assumiu levaram ao afastamento de vários militares progressistas e de todos os civis, com excepção dos militantes e simpatizantes do partido dito Comunista.

Risos.

Também os fuzileiros de Caxias manifestaram inteira solidariedade.
Tudo isto foi denunciado pelos antifascistas, com especial relevo para a ADEPPA (Associação dos Ex-Presos Políticos Antifascistas). Também por várias vezes o povo e várias organizações têm alertado para a brandura com que se trata essa canalha e para o facto repugnante de eles terem sido soltos. Ainda ontem, foi graças à acção decidida da União Democrática Popular no Porto que perigosos pides foram transferidos para uma zona de maior segurança na cadeia de Custóias.
O que de facto se passa é que o Governo e outros centros de decisão estão de joelhos perante os inimigos do povo. É que quem tem medo de lutar contra o imperalismo na defesa da nossa independência, não tem força para julgar quem o apoia. É assim que podemos compreender o que dizem alguns responsáveis da comissão de extinção da Pide quando afirmam que não é conveniente do «ponto de vista internacional» julgar os ex-agentes da Pide, que estariam bem presos e «bem guardados».

Risos.

Na semana passada, um dos mais importantes assuntos foi o desenvolvimento da justa luta da Rádio Renascença.
Essa justa luta foi a barreira que permitiu ver claramente de que lado estavam uns e outros.
A UDP sempre esteve do lado dos trabalhadores da Rádio Renascença. O mesmo se não pode dizer dos outros partidos aqui representados.
Enquanto uns, coma o CDS, PPD e PS desde cedo tomaram a defesa da entidade patronal, outros, quando na semana passada o Governo lançou o ultimato da entrega da Rádio Renascença ao Patriarcado reaccionário ficaram calados, abstendo-se de apoiar a justa luta dos trabalhadores.
Houve também quem quisesse fazer passar uma justa luta pelo direito ao trabalho e contra o fascismo por um conflito religioso.
Quem dizia que os trabalhadores da Rádio Renascença queriam impedir a liberdade religiosa em Portugal estava a pôr-se decididamente ao lado do Patriarcado reaccionário, decididamente do lado do fascismo.
O que pretendia o Sr. Deputado Sottomayor Cardia ao apoiar o Patriarcado? Seria fornecer uma poderosa tribuna para os fascistas fazerem a sua propaganda?
A decisão antipopular do Governa de entregar a Rádio Renascença ao Patriarcado levantou uma grande indignação popular, bem visível pelos numerosos apoios recebidos pelos trabalhadores por parte de organizações cristãs, comissões de trabalhadores, assembleias de fábrica ou de empresa, comissões de bairro, sindicatos, etc.
Este vasto movimento popular obrigou a que tarde e a más horas, e de uma forma atabalhoada e oportunista, a própria Intersindical viesse aderir, o que não veio aquecer nem arrefecer no meio da torrente de apoios que já tinham sido recebidos.
A disciplina e a firmeza das massas populares provocaram um passo em frente na luta, ao obrigar o Governo a recuar na sua posição antipopular.

Durante dia e noite, centenas e por vezes milhares de trabalhadores mantiveram-se frente à Rádio Renascença deixando bem claro que queriam a Rádio Renascença ao serviço da classe operária, dos camponeses pobres, de todos os explorados de Portugal.

Enquanto isto se passava, o Ministro e Secretário-Geral do Partido dito Comunista, Dr. Álvaro Cunhal, juntamente com o Ministro e Secretário-Geral do Partido dito Socialista, o Sr. Mário Soares, davam uma entrevista à Televisão Francesa jurando a pés juntos defender as .mais amplas liberdades para o povo português.

Ao mesmo tempo, o Ministério da Comunicação Social, sem qualquer explicação perante a minha organização e perante o próprio povo português, decide proibir a transmissão do programa « Responder ao País», cortando assim a voz à União Democrática Popular, organização bem conhecida pelas suas posições antifascistas, anti-imperalistas e de defesa da luta dos trabalhadores, numa altura que talvez não fosse conveniente, segundo o critério desse Ministério, que não tece sequer em conta a repúdio do povo pela CDS, que foi «Responder ao País», quando a País já sabia de antemão as respostas que esse partido lhe reserva.
Por exemplo, lembramo-nos que ainda recentemente foi dito pelo Deputado Freitas do Amaral que a solução para a crise política em Portugal seria a entrada do C«D»S para o Governo. O que é isto senão uma miserável provocação ao povo português?

Aplausos das galerias.

O Sr. Presidente: - As galerias não podem manifestar-se! Serei obrigado a mandar evacuar, o que é muito desagradável para todos.
Faça favor de continuar.