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2776 DIÁRIO DA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE N.º 84

Participei na sessão final, com um lugar à direita do presidente, e fui convidado a falar. Expliquei as razões da minha vinda. Foram, aliás, aquelas que, dei aqui já à Assembleia: em primeiro lugar, a obrigação que todo o democrata tem de mostrar a sua solidariedade ao povo chileno; em segundo lugar, o carácter amplamente representativo, nitidamente pluripartidário da reunião, como acabei de indicar há pouco. Salientei que não me encontrava em representação oficial da Assembleia Constituinte, embora soubesse que tinha sido convidado nessa qualidade, mas que esta tinha tido conhecimento, aliás, eu tinha dado conhecimento da minha presença nesta reunião e verificara que tinha havido uma manifestação de aplauso geral, o que me permitia afirmar que todas as organizações democráticas portuguesas se declaravam e consideravam solidárias na luta do povo chileno contra a ditadura militar.
Fomos recebidos também pelos delegados na Câmara Municipal, pelo seu respectivo presidente, onde estive a representar o grupo de portugueses presentes, e tivemos ocasião de ouvir falar a viúva de Allende, Hortênsia Allende, o que, aliás, foi feito em termos de muita emoção.
Finalmente, fui recebido pelo presidente do Parlamento grego e pelo secretário-geral do mesmo Parlamento, que exprimiram toda a consideração por esta Assembleia Constituinte, e formularam os melhores votos pelo sucesso dos nossos trabalhos.
Achei meu dever dar esta muito sucinta explicação à Câmara, porque creio que se tornou evidente para todos que se me desloquei a esta reunião não foi por ter nisso qualquer interesse pessoal, mas por considerar que tinha o dever de o fazer.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Vamos proceder à leitura do expediente.

O Sr. Casimiro Cobra (PPD): - Sr. Presidente: Peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Quer falar sobre quê?

O Sr. Casimiro Cobra (PPD) - É para chamar a atenção da Mesa para o facto, que se torna grave, que Srs. Deputados que aqui têm sempre chamado a atenção para a necessidade de defender os reais interesses do povo português se limitem mais uma vez a vir aqui à chamada embolsar a senha de presença e abandonem esta Sala das Sessões!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quero apresentar o meu protesto, que julgo que é legítimo, perante pessoas que não merecem que nós tomamos outras atitudes senão estas. Nós temos tido consideração, mas tudo isto passa dessas marcas!

(O orador não reviu.)

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Vai proceder-se à leitura do

Expediente

O Sr. Secretário (António Arnaut): - Ofício do director-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros:

Tenho a honra de junto remeter a V. Ex.ª vários exemplares de uma circular contendo as condições para a apresentação de candidaturas ao Prémio Nobel da Paz, que foram enviadas a esta Secretaria de Estado através da nossa Embaixada em Oslo, com o pedido de que sejam distribuídos entre os membros da Assembleia Nacional Constituinte.

A circular já foi distribuída por todos os Srs. Deputados, incluindo pelos do Partido Comunista que abandonaram a Sala.
Se abandonaram a Sala é porque entendem que não é cá o seu lugar.

Risos.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Sr. Secretário (António Arnaut): - Telegrama:

Ciganos e responsáveis, reflectindo em Fátima seus seculares problemas, saúdam Assembleia Constituinte, solicitam soluções humanas eficazes.

Outro telegrama:

Repudiando manobras reaccionárias, grupo trabalhadores DGRCT, Ministério do Trabalho, Lisboa expressam seu apoio incondicional general Otelo Saraiva de Carvalho.

Ainda outro telegrama da Federação de Ponta Delgada do Partido Socialista:

Socialistas e democratas freguesia Porto Formoso, ilha de S. Miguel, Açores, reunidos manifestação patriótica dia 16, manifestam o seu incondicional apoio 8.ª Comissão Assembleia Constituinte, considerando a única defensora povo açoriano e única representativa vontade popular açoriana.

Pausa.

Uma carta do Sr. Simões da Costa de Coimbra saudando o nosso Presidente, Prof. Henrique de Barros, a quem chama, e muito justamente, "íntegro democrata".

O Sr. Presidente: - Nem toda a gente chama, segundo me parece ...

O Sr. Secretário (António Arnaut): - Dos energúmenos não rezará a história da Revolução ...

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.