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19 DE DEZEMBRO DE 1975 3167

Sr. Presidente, Srs. Deputados: É conveniente lembrar que a Celulose do Tejo (a cuja administração e capital estavam ligados nomes como João Martins e o Deputado da Assembleia fascista Sebastião Alves) sofre neste momento os efeitos da política de boicote imperialista e da crise mundial da celulose. A isto poder-se-á aliar a falta de apoio. preferencial aos sectores em crise, nomeadamente a dinamização do sector nacionalizado através do auxílio do Estado.
Segundo as informações prestadas pelos trabalhadores, existe neste momento em stock cerca de 60 % da produção, o que significa estarem os armazéns de Lisboa completamente cheios, custando a manutenção de cada um cerca de 250 contos mensais. Para além disso, há também na fábrica muita pasta empilhada, coberta com plástico para não se estragar.
E têm sido os trabalhadores, em íntima colaboração com a comissão administrativa, que têm intervindo na direcção e dinamização da fábrica, aumentando a produção. Falta-lhe, no entanto, o necessário auxílio do Estado aquilo que está inerente ao aumento de produção, que é o alargamento do mercado interno e externo, nomeadamente o aproveitamento das grandes potencialidades oferecidas pelos países socialistas e pelo Terceiro Mundo. Aqui será bom recordar que a pasta fabricada se destina em, cerca de 80 % à exportação.
Em Fevereiro do corrente ano, decidiram os trabalhadores determinar uma paralisação para revisão técnica que se tornava imperiosa, para que a fábrica de um momento para o outro não deixasse de funcionar.
Depois dessa revisão, que alguns técnicos e pessoal superior tentaram boicotar, verificou-se mesmo o aumento de produção de 250 t/dia para 300 t/dia.
É devido à situação de boicote e aos grandes stocks existentes que em Agosto os trabalhadores determinaram nova paralisação para nova revisão, até que o escoamento da pasta tornasse possível a laboração.
Os trabalhadores da Celulose do Tejo estão conscientes da gravidade da situação, e por sua exclusiva iniciativa contactaram há dias a Secretaria de Estado da Indústria Pesada, e têm desde 4 do corrente pedidos de audiência nos Ministérios do Comércio Externo e Interno.
No digestor - máquina fundamentar da indústria de celulose - apenas foi reparado o elemento fundamental, e como sempre nas oficinas especializadas da Cometna, estando as peças todas encaixadas e montadas.
Enquanto se diz que está a restar peças do digestor, resta que o Sr. Guilherme Pimparei, ex-chefe dos serviços administrativos saneado pelos trabalhadores, pavoneia-se e diz para quem o quer ouvir que qualquer dia lá estará na Celulose para fazer os respectivos saneamentos.
Restam também algumas informações de que o financeiro João Martins, que detinha 80 % do capital, marcou viagem do Brasil para regressar a Portugal.
Resta ultimamente que os trabalhadores de Celulose do Tejo, e todos os trabalhadores portugueses, estão perfeitamente conscientes da gravidade da situação e de não aceitar que as empresas sabotadas, paralisadas e arruinadas pelos capitalistas e recuperadas à custa do esforço e sacrifício dos trabalhadores e das ajudas do Estado voltem para a posse e direcção dos responsáveis pela situação de falência anteriormente existente.
A reanimação da economia com a dinamização do sector nacionalizado pode e deve dar-se, com o demonstram os trabalhadores da Celulose do Tejo, sob o impulso dos próprios trabalhadores, assegurando funções de contrôle e direcção.
Como disse há dias o ex-Ministro da Indústria, Marques do Carmo, muito pouco se fez até agora no sentido de introduzir a dinâmica das classes trabalhadoras, sob as formas institucionalizadas, .no lançamento de novas modalidades de gestão e contrôle, quer a nível sectorial, quer a nível empresarial. Surge mesmo a dúvida se se terá consciência da capacidade organizativa e de execução que existe no seio do proletariado!

Aplausos.

Uma voz: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Suponho que não há pedidos de esclarecimento.

Pausa.

Ah, perdão. O Sr. Deputado Mendes Godinho para pedido de esclarecimento.

O Sr. Mendes Godinho (PS): - Eu queria perguntar ao Sr. Deputado que interviu se sabe que toda a indústria de celulose está neste momento a funcionar em pleno, uma vez que a crise de pasta já está ultrapassada e a Celulose do Tejo continua parada.

(O orador não reviu.)

O Sr. Presidente: - Poderá responder, Sr. Deputado.

O Sr. Hilário Teixeira (PCP): - Bom, quanto à crise da pasta estar ultrapassada e a Celulose do Tejo não estar em laboração como deveria estar, devo informar que as condições foram apresentadas na minha intervenção segundo declarações prestadas pelos próprios trabalhadores.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado António Campos

O Sr. António Campos (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Está o VI Governo a ser reajustado não só em função dos partidos, mas, muita mais importante, na funcionalidade, procurando torna-lo um Governo de resposta rápida às grandes tarefas, que não podem mais ser adiadas, e que urgem para defesa da nossa revolução.
O sector agrícola exige toda a atenção, dado que é nesse sector que maior transformação estrutural está a ser levada a cabo.
Dotar o Ministério da Agricultura de uma equipa homogénea, onde a definição política do sector seja levada por diante sem tibiezas ou distorções, é tarefa fundamental.