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1194 I SÉRIE - NÚMERO 35

que renovar o esforço de diálogo, quer com os partidos políticos, nomeadamente com o PCP e o PSD, quer com os parceiros sociais.
Definida a situação política, instituído um Governo com base maioritária, torna-se necessário marchar no sentido duma política de concertação, porque este Governo é um Governo que foi feito para durar, de acordo com as indicações da própria Constituição, até 1980. Ë preciso que a oposição se assuma como oposição, mas que assuma também a responsabilidade de deixar governar este Governo, porque esta crise política que vivemos durante dois meses prova que, se cairmos de crise em crise, é a própria democracia que está em jogo.

Vozes do PS e do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Se este Governo chegar - como creio- até 1980, não haverá nenhum português que possa duvidar, nem nenhum Sr. Deputado pode duvidar, de que haverá eleições democráticas, que será respeitada a vontade popular e que, se as umas em 1980 derem a vitória a qualquer grupo parlamentar, é esse o grupo parlamentar que será, como lhe compete, o Governo deste país.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Isto é um princípio importante, que obriga as oposições que respeitam o jogo da democracia a agir dentro de certos limites e a pensar que na luta política há armas que não são válidas, havendo democracia e havendo da parte do Governo o respeite, o Governo deste país.

Aplausos do PS e do CDS.

Considera, naturalmente, o Governo que é indispensável uma pausa de tipo social e uma pausa de tipo político. A estrutura da sociedade portuguesa é uma estrutura extremamente complexa. Todos nós o sabemos. Existem elementos de divisão e tensões latentes na sociedade portuguesa que podem vir a explodir, com relativa facilidade, em ondas de violência que urge e importa evitar. Temos as experiências de muitos outros países para sobre elas meditar, em especial quanto às nossas responsabilidades.
Perguntar-se-à: qual é o objectivo fundamental do II Governo Constitucional? Responderia eu: vencer a crise, através da reconstrução económica do País, e consolidar e desenvolver a democracia que temos, para que estes anos que vivemos não sejam apenas um interveio de liberdade na longa caminhada do nosso destino colectivo.
Perguntar-me-ão alguns camaradas meus -e não se estranhe que eu fale, também, para os meus camaradas- onde fica então nisso o socialismo e como se explica que um partido socialista faça um acordo programático, com incidência governamental, com um partido que o não é? É uma dificuldade que existe, não só para o nosso partido mas também para o CDS. É uma dificuldade que ambos os partidos têm que assumir e estão a assumir com clareza perante o País inteiro. Não é um acordo insólito, nem novo, nos anais da democracia europeia. Já o dissemos e repetimos. Até acontece com partidos comunistas, que em algumas regiões da Europa tanto se batem pelo chamado compromisso histórico, no caso da Itália, por um acordo entre o Partido Comunista e o Democrata Cristão, num país onde o Partido Socialista tem uma representação muito pequena. O Partido Comunista Português, certamente, não poderá estranhar que o Partido Socialista tente, justamente, esse compromisso histórico, num país como Portugal.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Muito bem!

Risos do PSD.

O Orador: - É evidente que não se trata, neste momento, de construir o socialismo. Sobre isso não há dúvidas. Não creio que ninguém, a não ser os puros utópicos, simpáticos mas sem responsabilidades de poder ou sem responsabilidades reais junto do povo português -como aquelas que nós temos e que são pesadíssimas -, só os partidários da utopia é que poderiam pensar que, dada a relação de forças existente na sociedade portuguesa actual e dada a conjuntura internacional, era possível, agora e neste momento, avançar era direcção ao socialismo democrático.

Vozes do PSD: - Quem havia de dizer...

O Orador: - Se me falarem de socialismo totalitário, conseguido através de um golpe de força, isso é outro problema. Mas nós, socialistas, sempre fomos partidários da liberdade e sempre discamos que, para nós, não havia qualquer incompatibilidade entre socialismo e liberdade. Essa foi e é a essência do nosso programa. Por isso, em função desse mesmo programa e das responsabilidades que temos perante o povo -porque não nos limitamos a escrever artigos nos jornais ou a fazer belos discursos políticos -, pela acção concreta que todos os dias desempenhamos, temos a responsabilidade da vida do povo português, das suas escolhas fundamentais e do seu destino.

O Sr. António Macedo (PS): - Muito bem!

O Orador: - Perante essas responsabilidades, temos de dizer que acima da utopia temos que pôr o realismo político...

Vozes do PS e do CDS: - Muito bem!

O Orador: - ... e temos que pôr o patriotismo.

Vozes do PS e do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Esta é a nossa opção. Não ramos complexos nem nos envergonhamos perante essa opção e respondemos com honestidade e com seriedade perante a história e perante este país.
Somos os mesmos que lutámos durante muitas dezenas de anos contra o fascismo; somos os mesmos que tomámos a responsabilidade histórica, desde a primeira hora, de andar na vanguarda do processo de descolonização...

O Sr. António Macedo (PS): - Muito bem!