O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

25 DE JUNHO DE 1983 289

Partido Comunista tinha uma nova política económica para propor. Ora, se na verdade, o Partido Comunista tem uma nova política económica diferente daquela que o Governo anuncia deveria dizê-lo - e isto sem chavões, que são mais próprios de comícios do que de um debate sério numa assembleia responsável como é a Assembleia da República.

Vozes do PS e do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E tempo de todos nós sermos capazes de nos despis dos preconceitos ideológicos e do nosso irreprimível desejo, muitas vezes existente em todos nós, de passar de uma análise fria e objectiva para uma análise de tipo emocional, mais própria de outros ambientes.
No entanto, onde a intervenção do Sr. Deputado Carlos Brito atingiu, efectivamente, o cúmulo foi justamente quando nos falou da maioria, do voto para a mudança e nos disse, ou pretendeu dizer, que o PS estava a desviar o voto dos portugueses.
Na verdade, e já aqui falei nisso há momentos, a tese do Sr. Deputado Carlos Brito, que é, aliás, a do seu Partido, é a de que o Partido Socialista se deveria ter associado ao Partido Comunista para formar uma maioria diferente da maioria anterior.

Uma voz do PS: - Queriam!

O Orador: - Obviamente, que se o Partido Socialista o tivesse feito seria imediatamente, por esse facto, considerado o partido mais democrático do mundo.

Risos do PS e do PSD.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): -Que piada!

O Orador: - De facto, o critério do democratismo, do revolucionarismo, da justiça social, e todos os outros critérios aferem-se na mentalidade dos comunistas, infelizmente, por estarem ou não de acordo com o critério do seu próprio partido.

Uma voz do PCP: -Sabe que não é isso!

O Orador: - Ora, este método de raciocínio é, a meu ver, obsoleto.

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

Já que o Sr. Deputado Carlos Brito citou um autor que nos merece, a todos, o maior respeito - e falo de Eça de Queirós -, permita-me que eu vá parafrasear um pouco o mesmo Eça de Queirós naquela célebre polémica que teve com Bulhão Pato.
Quando Bulhão Pato dizia a Eça de Queirós que ele tinha encontrado em Os Maias um personagem que era o retrato dele próprio, Bulhão Pato, facto com o qual estava zangado, Eça de Queirós com a sua habitual graça, começa a explicar que na figura de Alencar não havia nenhuma semelhança com a figura de poeta Bulhão Pato e acaba dizendo: «Só me resta, Sr. Bulhão Pato, pedir-lhe que V. Ex.ª se retire dentro do meu personagem».

Risos.

Direi então a V. Ex.a, Sr. Deputado Carlos Brito: retire-se de dentro da maioria do PS.

Aplausos do PS, do PSD, da UEDS e da ASDI.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Fraco, fraco!

O Orador: - Utilizando, talvez, uma expressão que era corrente em Caxias no tempo em que nós os 2 por lá passámos, o Sr. Deputado Carlos Brito disse que este Governo se apoiava em 2 «pilares rachados». Ora, nós sabemos -porque passámos por Caxias o significado que tinha na gíria dos que estiveram presos a palavra «rachados». .

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): -Não estava lá o Angelo Correia!

O Sr. Ângelo Correia (PSD): - Calma que vocês ainda não estão no poder!

O Orador: - Não sei se se refere àqueles que vão «rachar», mas a verdade é que o Sr. Deputado Carlos Brito, aliás na sequência de outras iniciativas do seu grupo parlamentar que mereceram justa resposta, noutra altura, do meu próprio grupo parlamentar, está sempre a fazer tentativas, diria mesmo tentativas pueris, para estabelecer divisões dentro dos outros grupos parlamentares.

A Sn a Zita Seabra (PCP): -Vejam lá!

O Orador: - Penso que é um trabalho escusado. Os nossos grupos parlamentares, do PS e do PSD, não são monolíticos.

A Sr." Alda Nogueira (PCP): - Já chegai

O Orador: - Têm muitas vezes problemas que são públicos porque em partidos abertos como os nossos tudo se passa em plena publicidade, mas por isso mesmo são muito mais resistentes do que V. Ex.ª imagina e pensa.

Aplausos do PS, do PSP, da UEDS, da ASDI e do Sr. Ministro da Educação.

Gostaria, finalmente, de agradecer aos Srs. Deputados Vítor Crespo e Walter Rosa o apoio que quiseram sublinhar, cada um do seu modo, ao actual Governo. Trata-se dos 2 partidos da coligação, que estão solidários numa obra comum que vamos empreender e que é uma obra muito séria e desejada por uma grande maioria do País.
O êxito do Governo dependerá, com certeza, do Governo e do trabalho dos Ministros, da solidariedade e da competência demonstrada pelo Governo, mas dependerá, também, do apoio crítico e vigilante que cada um dos grupos parlamentares, na assumpção das suas identidades próprias e no respeito mútuo, puderem e souberem dar a esse Governo.
As palavras dos Srs. Deputados Vítor Crespo e Walter Rosa fazem crer que existe uma base sólida, ainda que recente, e a discussão deste Programa do Governo teve o grande mérito de mostrar essa solidariedade nas-