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os jornalistas e os restantes trabalhadores do sector, métodos esses que o regime democrático nascido com 0 25 de Abril repudia. São actuações que o mínimo rigor ético contraria e não pode aceitar.
Moralmente, o comportamento do Governo quanto à ANOP, ao Diário de Notícias e ao jornal A Capital, para só citar estes casos, é criticável. Revela como 0 Governo, para atingir os seus fins de impedir o esclarecimento da opinião pública, não olha a meios, mesmo os mais obseuros, o que já levou a que figuras de destaque da nossa vida intelectual e política os classificassem de lamentável «chantagem».
E tudo para que o bloqueio exercido sobre o nosso povo se possa fazer com mais facilidade, de maneira a obrigar o País a aceitar placidamente as situações criadas pelo Governo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Neste quadro, não surpreende que o Governo se tivesse automarginalizado da manifestação política e cultural que marcou o início das comemorações do 10 º aniversário do 25 de Abril.
Certos partidos, incluindo os que integram a coligação governamental, pretendem transformar o 25 de Abril numa figura de retórica, como se não se tratasse de um acontecimento actual, vivo, do qual o povo português nunca se dissocia.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Que Mário Soares e o seu Governo não queiram participar nas comemorações organizadas pelos capitães de Abril, não nos surpreende.
Menos se compreende, porém, que o Sr. Presidente da Assembleia da República não tenha anuído ao convite que lhe foi formulado para assistir à sessão solene comemorativa da primeira reunião do MFA, que iria, alguns meses mais tarde, contribuir decisivamente para reconduzir Portugal para os caminhos da democracia e da dignidade.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Muito bem!

O Orador: - A verdade, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é que se deve aos capitães de Abril, ao Movimento das Forças Armadas, a possibilidade de hoje a Assembleia da República poder funcionar, livremente eleita pelo povo português.

Aplausos do MDP/CDE e do PCP.

O Sr. Abílio Curto (PS): - Demagogia!

O Orador: - Sr. Presidente da Assembleia da República: A ausência deste órgão de Soberania, convidado na pessoa do seu Presidente, para assistir àquela sessão solene, preocupa-nos pelo divórcio que publicamente a Assembleia da República aparenta em relação ao 25 de Abril. Dá-nos, como deputados, o direito de sermos informados e esclarecidos sobre os reais motivos que originaram essa ausência do Sr. Presidente da Assembleia da República.

Aplausos do MDP/CDE e do PCP.

O Sr. Presidente: - A Sra. Zita Soabra pediu a palavra para que efeito?

A Sra. Zita Soabra (PCP): - E para um pedido de esclarecimento.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sra. Deputada.

A Sra. Zita Seabra (PCP): - Sr. Deputado Corregedor da Fonseca, eu poderia subscrever praticamente tudo o que o Sr. Deputado disse.

Vozes do PS - Tinha de ser!

Vozes do PSD - Claro, claro!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - É pena que vocês também não o façam!

O Sr. Lemos Damião (PSD): - É a voz do dono!

A Oradora: - É realmente pena que o Partido Socialista já não bata palmas quando se fala dos capitães de Abril.

Protestos do PS.

O Sr. Deputado falou da política de comunicação social deste Governo e era sobre isto que eu queria fazer-lhe uma pergunta.
Tem razão no que disse, principalmente em relação a alguns dos aspectos mais escandalosos daquilo que tem sido feito por este governo no campo da comunicação social e que é, na verdade, um retrato do que é a política deste governo: saneamentos; despedimentos; agora a liquidação da empresa Notícias e Capital, com o despedimento de trabalhadores; a partilha escandalosa dos órgãos de comunicação social estatizados, logo pagos pelo dinheiro do povo, entre os 2 partidos que compõem a maioria, chegando à desvergonha de noticiarem quem são os directores que as estruturas partidárias escolheram para determinados órgãos de comunicação social, como aconteceu com o Jornal de Notícias, do Porto. Enfim, tudo isso que o Sr. Deputado referiu e muito mais que se poderia acrescentar.
Gostaria ainda de chamar a sua atenção para um pequeno aspecto que me parece que também é sintomático do estado em que se encontra a comunicação social que vamos tendo, da manipulação que nela é feita e da falta de informação que existe para o nosso povo.
No fim-de-semana passado realizou-se a festa do Avante, que é, sem dúvida, a maior festa do País.

Risos do PS.

Uma voz do PS: - Do mundo.

A Oradora: - Quando um qualquer ministro espirra ou vai inaugurar um chafariz, que por acaso até já vinha sendo feito nos governos anteriores, a televisão dá imediatamente um grande destaque e um grande tempo para que os ministros digam o que andam a fazer pelo País todo. Chegamos ao ponto de, por exemplo, num Telejornal de há dias terem passado de seguida 6 ministros que se andavam passeando pelo País, fazendo as mais variadas visitas. Sobre a festa do Avante o Telejornal não disse literalmente nada. Ignorou, ainda, por completo o comício que aí foi feito e que juntou muitas centenas de milhares de portugueses, apesar de lá ter estado uma equipa da televisão a filmar longamente esse mesmo comício. Depois foi o silêncio total e completo.

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15 DE SETEMBRO DE 1983 Não acha, Sr. Deputado, que isto é um escândalo, mas que traduz bem
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