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I SÉRIE - NÚMER0 39

O Orador: - E é óbvio também que se a fez dessa forma é porque lhe falham alguns dos elementos necessários para responder à interpelação e às perguntas que aqui lhe foram formuladas.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Escondeu-se por detrás de dois jogos de palavras: o primeiro, que o Governo é mau, baixa os salários reais, aumenta o desemprego, sobe as taxas de juro, etc., só que o Governo confessa-o não se esconde por detrás de um biombo e, por isso - silogismo impecável -, o Governo não é criticável! O Governo não se esconde, disse o que vai fazer, logo não é criticável!

Sr. Ministro: claro que o Governo é criticável e se ele não se esconde por detrás de um biombo é porque não o pode fazer perante os portugueses que sentem em concreto as consequências dessa política.

Aplausos do PCP.

Mas a questão não é essa, e o Sr. Ministro sabe bem, mas sim uma outra muito diferente, ou seja: é essa política necessária? É essa política desejável? É essa a política que o País precisa?

Em relação a isso as respostas não foram dadas e as perguntas foram sucessivamente feitas através das 4 intervenções que produzimos e através das 12 perguntas que formulámos por escrito. No entanto, repito, as respostas não apareceram.

Segundo jogo de palavras: o Governo é mau, logo a oposição deve estar satisfeita. Sr. Ministro, isto é um inqualificável jogo de palavras que não tem outro conteúdo para além da simples brincadeira com coisas realmente sérias.

Trouxemos aqui uma alternativa em concreto.

Protestos do PS.

Vozes do PSD: - Qual, qual é?

O Orador: - Demonstrámos muito no concreto que havia uma alternativa viável e o que eu lhe pergunto, Sr. Ministro, é o seguinte: perante um País que espera uma resposta, que espera desta interpelação saber por que é que essa alternativa não é, na opinião do Governo, possível, onde é que esteve essa resposta? Onde é que o Sr. Ministro demonstrou que a sua política é necessária, que é necessário aumentar as taxas de juro e diminuir os salários reais? Onde é que o Sr. Ministro demonstrou que não era possível, necessário e viável neste momento e em Portugal seguir uma política totalmente diferente, de defesa e aumento da produção nacional, de defesa do poder de compra, uma política de sinal contrário àquela que o Governo aqui trouxe?

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares para responder às questões que lhe foram colocadas.

O Sr. Ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares: - Com muito gosto, Sr. Presidente, até porque, se tivesse tempo e não quisesse invadir o tempo que

cabe ao meu colega de Governo que vai intervir a seguir, teria aqui matéria para muito mais humor.
Mas verifico esta coisa espantosa: é que todos os dias se aprende na vida.

Apesar de já não ser muito jovem não esperava a surpresa de vir aqui descobrir que o humor não é sério, que a caricatura não é séria, que a crítica caricatural não tem força. Bem eu penso que o Eça está a mexer-se na tumba a esta hora, numa incomodidade tremenda.
Os Srs. Deputados desculparão, mas devo dizer-lhes que o meu humor levou-vos o mais possível a sério e desejo sinceramente que nunca deparem com um membro do Governo que vos leve menos com tão pouca razão para vos ter levado tanto.

Risos do PSD.

Penso que no meu discurso fui o mais sério possível. A minha maneira de argumentar é um pouco esta.
Acho perfeitamente descabido relacionar o humor que usei com a circunstância de estar a falar relativamente a problemas de barrigas vazias e barrigas cheias. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Protestos do PCP.

Não vale a pena mostrarem espanto porque realmente não tem mesmo nada a ver.

O que eu quero dizer é que me sinto muito honrado por se terem deixado tocar tão profundamente pelo meu humor, porque até aqui parece que ainda ninguém tinha sido honrado com muitas das vossas questões e perguntas e todos vós se declararam tão chocados com o facto de eu ter usado a linguagem que usei, que vou daqui convencido de que é esta mesma a linguagem que devo usar nas vossas interpelações e assim farei de futuro.

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

Perguntou-me o Sr. Deputado Carlos Carvalhas: «Alqueva», «sim» ou «não»?
O Sr. Deputado quer que eu seja tão pouco sério que lhe diga daqui «sim» ou «não»? É isso?
Acha realmente que os estudos estão todos feitos? Que não há nenhuma dúvida, nenhuma hesitação?

A Sr.ª Ilda (Figueiredo (PCP): - Peça os estudos que já estão feitos no Ministério.

O Orador: - Acha que um Governo responsável deve dizer-lhe já «sim», «com certeza, vamos para a frente, pois não há problemas financeiros, nem estudos de terreno a fazer, nem cálculos a concluir»? Quer dizer, podemos ter desde já a resposta. É isso o que o Sr. Deputado quer?
Bom, se é V. Ex.ª quer o impossível e essa resposta não lha dou. Relativamente à beterraba sacarina perguntou-me se com ela se poupavam ou não 2 milhões de contos. Não sei, Sr. Deputado, mas duvido que poupasse. Portanto desde já lhe declaro a minha profunda convicção de que neste momento não poupava.