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I SÉRIE - NÚMERO 64

e a dignidade do Estado e dos seus servidores, ao nível do Governo.
Neste caso, a entidade que aparece a pagar as remunerações de um Ministro do Governo Português é a Fundação Gulbenkian cuja capacidade de identificação com o interesse geral não está em causa.
Mas se o problema fosse entendido como jurídico ninguém nos garantiria contra a invocação amanhã do precedente, para justificar a interferência de qualquer outra entidade, de carácter privado, também ela a pretender continuar a pagar o ordenado de um ministro, compensando-o em divisas dos prejuízos sofridos com a vinda para o Governo.
E por outro lado, como será possível, face aos argumentos invocados agora pelo Sr. Ministro Coimbra Martins, continuar a defender junto dos Portugueses a necessidade de suportar sacrifícios como meio de vencer a crise?
É imperioso, pois, que o Sr. Primeiro-Ministro explique ao País a situação do seu Governo e faça finalmente o discurso que durante tanto tempo apreguou como indispensável sobre o estado da Nação, traçando um balanço do que já fez, e delineando as perspectivas fundamentais da política do Governo para o médio e longo prazos.
É de crer que a recente reunião com economistas, que teve lugar no Estoril, tenha finalmente tornado possível definir as políticas há tanto tempo anunciadas, de modo a convencer os Portugueses de que o,"Programa de Recuperação Financeira e Económica" e o "Programa de Modernização da Economia Portuguesa", são algo mais do que simples designações sem conteúdo destinadas a compor um texto que sem elas mais não seria do que um catálogo de desgraças.

O Sr. Luís Beiroco (CDS): - Muito bem!

O Orador: - De contrário justificar-se-á a afirmação de que o Sr. Primeiro-Ministro não dirige o Governo nem dirige a coligação, limitando-se a ocultar dos Portugueses os erros do primeiro e as insuficiências da segunda.
E é tanto mais urgente que o faça quanto é certo que começam já a ganhar corpo as vozes dos que entendem que face à aridez e desorientação reveladas por este Governo, o que está verdadeiramente em causa é o conjunto de soluções saídas da última revisão constitucional e que não encontram, também face a isso, melhor panaceia do que acrescentar o número dos partidos já existentes.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Como se a experiência das consequências funestas da pulverização partidária não fossem já suficientemente conhecidas dos Portugueses.
Disse.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado César Oliveira pediu a palavra para que efeito?

O Sr. César Oliveira (UEDS): -Pedi a palavra para pedir um esclarecimento ao Sr. Deputado José Luís Nunes, mas antes, se me permite, Sr. Presidente,

corremos o risco - não sei se é essa a sensação dos outros senhores deputados - de morrer intoxicados com o cheiro a gasolina e a fuel que por aqui corre. De facto, prefiro ter frio a morrer, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Eu posso dar uma explicação: foi detectada uma fuga na caldeira de aquecimento que já foi, no entanto, colmatada, mas extravazou fuel e daí este cheiro na Assembleia. Se os senhores deputados entendem que não se pode continuar a sessão com este cheiro ...

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Vai-se fazer o sacrifício, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Se faz o sacrifício, Sr. Deputado, muito bem, vamos continuar.
Sr. Deputado, estão outros senhores deputados inscritos, mas eu perguntarei depois a cada um deles o que é que pretendem.
Tem a palavra o Sr. Deputado César Oliveira.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Sr. Deputado Nogueira de Brito, ouvi a sua intervenção com a atenção que ela merecia e queria pôr-lhe duas questões.
Primeira questão: a sua declaração política, pelo que julgo perceber, significa uma viragem no posicionamento do CDS em relação ao Governo, um curso diferente daquele que até agora o Dr. Lucas Pires imprimia ao CDS. E assim ou não, Sr. Deputado?
Segunda questão: o CDS teve os resultados eleitorais que teve e compreendo que para poder constituir-se como alternativa ao Governo PS/PSD necessita, por um lado, de se afirmar contundente em relação ao Governo e, por outro lado, como só isso não lhe basta, necessite de "meter cunhas" entre a coligação, procurando destrui-la. Mas, como isso também não lhe basta, necessita ainda de tentar atrair senão todo o PSD pelo menos uma parte dele para o seu próprio terreno, sem o que não tem alternativa possível. Se calhar foi por esta razão que o Prof. Freitas do Amaral saiu a tempo e em beleza do CDS, porque viu onde nunca poderia chegar!
Gostaria de saber se isto é verdade e se for - e é lógico que o seja- poderá perguntar-se: por que é que o Sr. Deputado Nogueira de Brito se preocupa tanto em que o Sr. Primeiro-Ministro dirija eficazmente o Governo e a coligação? Parece uma oontradição, mas não é! É que quanto mais o Dr. Mário Soares se afirmar como dirigente da coligação, mais chances tem o CDS de procurar arrastar o PSD, ou, pelo menos, uma parte dele, para o seu campo! É assim ou não, Sr. Deputado?

O Sr. Nogueira de Brito (CDS): - Isso deve ser da gasolina!...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Nogueira de Brito, há mais oradores inscritos para pedirem esclarecimentos. V. Ex.ª deseja responder já ou no fim?

O Sr. Nogueira de Brito (CDS): - No final, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.