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4 DE FEVEREIRO DE 1984 3169

situar a questão. Não fiz a minha intervenção a pensar no actual Ministro da Administração Interna ...

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Não, foi no outro!...

O Orador: - Permita-me que seja eu a definir a situação, apesar de não querer impedir V. Ex.ª de fazer a sua definição!
Dizia eu que não fiz a minha intervenção a pensar no actual Ministro da Administração Interna mas sim em todos os Ministros da Administração Interna, tanto do passado como do futuro.
Na verdade, não pensei apenas neles ao fazer a minha intervenção, pensei no Governo, pensei na Assembleia da República e em todos os órgãos detentores do poder político, inclusive no Presidente da República, que fala com tanta facilidade em certos momentos em que não precisava de falar e que fica em silêncio sobre questões fundamentais da Nação, quando a sua voz era necessária para contribuir para a resolução dos problemas nacionais.

Aplausos do PSD.

Portanto, como vê, não estava a pensar, de uma forma particularizada, nem tinha destinatário para a minha intervenção. Aliás, o Sr. Deputado também estava incluído!

Risos do PSD.

Quanto ao Sr. Deputado Menezes Falcão, lembro que referi, embora de passagem, a posição da Câmara Municipal de Leiria, que é merecedora de todo o apoio. Aliás, tenho até um prazer particular em prestar esse apoio à posição da Câmara de Leiria, tanto mais que ela é hoje dirigida, em termos de presidência, por um partido que não é o meu, é o CDS. E penso que terá de ser uma regra de ouro, se quisermos preservar as instituições, o sermos capazes de divergir no momento de divergência, sobretudo no momento eleitoral, e capazes de convergir na altura da convergência, que é a da salvaguarda dos interesses das populações, não só a nível regional como neste caso, mas também a qualquer outro.
Relativamente ao Sr. Deputado Portugal da Fonseca, direi que é grave pensar-se com tanta facilidade em transformar um hospital regional num hospital sub-regional. Ê que se tal for feito prejudicará drasticamente os interesses reais das populações.
Isso merecia desde já o nosso protesto e a nossa indignação, mas o mais grave é que se trata da expressão de um fenómeno que tem vindo a ser implantado a surrapa, silenciosa e pertinazmente, com laivos de pretensionismo tecnocrático, pelas diferentes repartições que, em nome dos resultados indiscutíveis dos pontos de partida estatísticos, esquecem que um país é, fundamentalmente, gente de carne e osso e não apenas estatística.
Por isso disse que o nosso país tem estado a ser drasticamente prejudicado e, em alguns casos de forma irremediável, por aqueles que, cada um a seu modo e na sua direcção, têm retalhado o País através de uma visão estritamente tecnocrática em nome da solidez das conclusões, mas tantas vezes em razão das conveniências pessoais.
Para além do aspecto gravoso que em termos directos, essas operações constituem para as populações de um local ou de uma região, em termos nacionais, de país, têm tido o seu quê de grave e penalizador para o futuro do nosso país e do seu desenvolvimento.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Cunha.

O Sr. Octávio Cunha (UEDS): -Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Silva Marques: quero antes de mais agradecer-lhe o elogio que me foi feito, tanto mais por ser o primeiro vindo da sua bancada.
O considerar-me revolucionário é algo que me dá bastante prazer, pois não me permitiria, até, atribuir-me esse qualificativo. De facto, revolucionário, para mim, é alguém que não se conforma com o seu dia-a-dia, que põe, diariamente, em causa tudo o que parece feito e construído, é alguém que não se «deita» nas ideias confortáveis já elaboradas. Na verdade, não temos esse hábito.
Relativamente ao que acabou de dizer, volto a insistir no facto de V. Ex.ª ter bordado de uma maneira extremamente superficial um problema muitíssimo importante.
É evidente que temos todo o respeito pelos agentes de segurança e pensamos que eles devem existir e funcionar numa sociedade democrática para defender todos os cidadãos - não os bons ou os maus, mas todos.
Pensamos, porém, que essa defesa passa por uma análise profunda do modo como vivem o seu dia-a-dia, das razões que levam à situação que actualmente atravessamos e que, essa sim, está na origem do aumento da criminalidade.

O Sr. Presidente: - Para um contraprotesto, tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Quero apenas dizer ao Sr. Octávio Cunha que, sem retirar legitimidade ao auto-elogio de revolucionário acabado de fazer, não malbarato os meus elogios.
Não o elogiei, Sr. Deputado! V. Ex.ª é que o deduziu, mas mal. Não disse que era um revolucionário mas sim que estava convencido de o ser.
Não malbarato os meus elogios. Que ao menos, nesta matéria não promovamos a inflação que é já tão grande em matéria de moeda.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Carvalhas.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Trazemos hoje à Assembleia da República alguns dos grandes problemas, preocupações e anseios dos comerciantes e industriais duramente atingidos pela política deste Governo. Industriais de vários ramos consideram estarem a viver o pior momento desde 1974. Na indústria de plásticos, por exemplo, 400 empresas estão com gravíssimas dificuldades de tesouraria; na indústria de material eléctrico o panorama é idêntico; na indústria de colas, só no ano passado faliram 50 % das empresas, na construção civil há centenas de unidades em ruptura financeira, na me-