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3226 I SÉRIE - NÚMERO 73

cooperativismo não faz prevalecer os métodos empresariais à sua ética, aos seus princípios mutualistas, à sua filosofia do entendimento do homem. Eis, em síntese, as razões mais fortes do êxito universalista do cooperativismo gerado pela fraternidade humana e pela solidariedade social dos cooperadores. E se estes atributos devem ser salvaguardados e estimulados nos bons momentos que a uma comunidade é dado desfrutar, por maior força de razões o devem ser nas alturas de maiores dificuldades e em que as carências mais se fazem sentir no perturbar das sociedades rurais e urbanas.
As cooperativas são hoje, pode dizer-se que em todo o mundo, um factor inequívoco de criação de postos de trabalho. São-no também de manutenção desses mesmos postos de trabalho em épocas de crise como a que agora vivemos. E para não se adiantarem outras razões, as cooperativas são também um factor decisivo para o aproveitamento das vastíssimas potencial idades das regiões de montanha, podendo travar a sua crescente desertificação demográfica e agro-florestal. Daqui resulta que o cooperativismo vivido na democraticidade do comportamento das pequenas comunidades rurais, originado pelo saber das pessoas em se entreajudarem, poderá atenuar substancialmente as assimetrias do desenvolvimento e a dicotomia do viver no campo e na cidade.

O Sr. Lemos Damião (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A genuinidade cooperativa recusa o egoísmo económico e a empobrecedora moral de cada um por si, cada homem associado acaba por gerar e viver uma relação nova com os outros associados pela satisfação das necessidades comuns.
Procure-se e encontra-se na empresa cooperativa um espaço, uma ideia e uma solução capaz e mobilizadora. Espaço a alargar pela acção cívica e pedagógica, ideia a aprofundar nos seus fundamentos mais nobres, solução a adequar às realidades de um Portugal que nos momentos difíceis por que agora passa, não pode dispensar o estímulo encorajador das ideias, nem a acção criadora dos portugueses, nomeadamente daqueles que comungam do nobre ideário cooperativo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: A presença de jovens neste Plenário permite-me fazer um apelo à juventude no sentido de que cooperativismo pode responder a muitas das suas ansiedades.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Rocha de Almeida.

O Sr. Rocha de Almeida (PSD):- Sr. Deputado Carvalho Ribeiro, antes de pedir esclarecimentos quero felicitá-lo pelas palavras que aqui trouxe, por toda a sua intervenção, principalmente a parte final em que fez um apelo à juventude no sentido de a sensibilizar para que acredite que neste país, que pretendemos seja de todos os cidadãos, o futuro estará cada vez mais dependente da vontade, do conhecimento e da informação dos jovens.
Bastaria este motivo para eu pedir a palavra a fim de felicitá-lo.
Quero também referir a esta Assembleia, como pessoa e deputado preocupado com as realidades do meu distrito, que fui convidado, neste último fim-de-semana, a participar de um encontro de dirigentes das caixas de crédito agrícola mútuo, onde me foi exposta uma grave preocupação dos cooperantes. E, apesar de a nossa Constituição prever a existência de um sector público, um sector privado e um sector cooperativo, apercebi-me de que os nossos gestores públicos não estão ainda suficientemente sensibilizados para esta grande realidade.
Refiro-me, concretamente, a um problema da Caixa de Crédito Mútuo de Aveiro e Ílhavo, que desde há 6 meses vem lutando com o Banco de Portugal para que lhe seja, em termos estatutários, concedida uma licença para abrir uma agência em Ílhavo, de modo a poder dar resposta aos seus cooperantes e associados - e parece que há mais casos semelhantes noutros distritos. Há meses que não se consegue desburocratizar o processo no Banco de Portugal, tendo eu tomado conhecimento que a despesa da Caixa, cuja actividade se iniciou há 4 meses, é de 600 contos, devido ao facto de há longos meses vir a pagar uma renda de casa.
Perguntarei então ao Sr. Deputado Carvalho Ribeiro se não entende que, da parte do Estado e dos gestores públicos, deverá haver uma preocupação no sentido de as equipas de gestão pública (e principalmente no caso concreto do Banco de Portugal), serem entrosadas com alguém que tenha o espírito do sector cooperativismo de modo a que ele possa carrear essas preocupações para as equipas de gestão e defendê-las. Temos, pois, de evitar a possibilidade de os sectores ficarem diminuídos por não terem alguém conhecedor dos factos. Esperemos que com essa sensibilização se possa, de alguma forma, representar um sector que está em marcha, que é imparável e que, em meu entender, será um dos futuros em termos de justiça social no nosso país.

O Sr. Joaquim Miranda (PCP): - Podiam ter tratado disso internamente!

O Sr. Presidente: - Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura.

A Sr.ª Helena Cidade Moura (MDP/CDE): - Sr. Deputado Carvalho Ribeiro, é sempre uma grande satisfação e algo de gratificante ouvir invocar nesta Assembleia o nome de António Sérgio.
V. Ex.ª fê-lo a respeito do movimento cooperativo, que é, de facto, uma das grandes preocupações do seu pensamento, na medida em que ele privilegiava as relações democráticas e a acção pedagógica da política e das estruturas sociais.
Quero apenas perguntar-lhe - e gostaria de não ter de o fazer- como concilia a acção pedagógica das cooperativas com a política de educação que, em tempo de crise, não privilegia a educação básica, nem sequer a alfabetização, coisas por onde António Sérgio começou - tudo o resto vem depois.