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3812 I SÉRIE - NÚMERO 88

dá rendimento. Muitas vezes, as pessoas preocupam-se mais com o trajecto da seiva bruta do que com a beleza da seiva elaborada.

O Sr. Soares Cruz (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Fazemos votos para que, num futuro muito próximo, possamos voltar a encontrarmo-nos numa unidade de ponto de vista relativamente às medidas de prevenção para as quais tivemos de dar o nosso esforço, para que a riqueza florestal seja cada vez mais efectiva e para que todos possamos enriquecer o nosso país, com todo o esforço dirigido para aquilo que ainda tem aproveitamento, uma vez que, neste momento, podemos constatar que as áreas devastadas já atingem uma área equivalente ao Algarve e, se não acudimos a Portugal a arder, sofreremos as consequências e deixaremos aos nossos filhos um penoso legado.

Aplausos do CDS e do PS.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Cunha.

O Sr. Octávio Cunha (UEDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A UEDS votou também favoravelmente este voto porque, para além de todos os aspectos materiais que o problema da árvore pode levantar, consideramos que cada homem é ou traz em si uma árvore.
Na história do Mundo, as raízes da árvore vão bem mais longe no tempo do que as raízes do Homem. Ë na árvore e nas suas potencialidades que o homem sempre foi buscar a força que lhe dá a vida e o prazer de viver. Matar uma árvore é sem dúvida matarmos um pouco de nós próprios; plantar uma árvore é prolongar e enriquecer a vida de cada um de nós.

Aplausos da UEDS, do PS e do CDS.

O Sr. António Gonzalez (Indep.): - Peço a palavra para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para uma interpelação à Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado António Gonzalez.

O Sr. António Gonzalez (Indep.): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Dado que não posso produzir uma declaração de voto oral, vou fazer uma interpelação à Mesa, embora o seu conteúdo seja o de uma declaração de voto.
Para além de uma condenação veemente dos incêndios criminosos que todos os anos afectam o nosso parque florestal, gostaria que ficasse também veementemente marcado que uma reflorestação cuidada não tem nada a ver com o que está neste momento a acontecer em grandes zonas do nosso país, como, por exemplo, no concelho de Nisa - levantei este problema há dias -, cuja plantação de eucaliptos já está nos 40%, caminhando-se para os 80% de eucaliptos. Imagine-se o que será para as reservas florestais e para o equilíbrio do solo de Nisa 80% de eucaliptos - e, ainda por cima, com a cumplicidade dos serviços estatais, como a documentação que entreguei o pôde demonstrar.
Paralelamente a isso, sugeria que se pudesse passar a uma plantação de variadas espécies, que até tornam a floresta muito mais resistente ao fogo.
Para finalizar, refiro que, tendo elaborado um voto para a sessão de hoje -primeiro dia da Primavera e Dia Mundial da Floresta -, não o cheguei a entregar, porque quis solidarizar-me com o voto comum.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Costa Andrade.

O Sr. Costa Andrade (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Também o PSD se congratula com a apresentação e aprovação deste voto, especialmente pelo facto de ter sido aprovado por unanimidade. Dado que não se projecta e não se desenvolve no seu conteúdo em medidas concretas de política de intervenção imediata no domínio da árvore e das florestas, questionar-se-á se a aprovação de um voto como este é algo mais do que um puro voto platónico. Para nós, é.
Por um lado, este voto vale como condenação moral, feita por esta Assembleia como representante legítima da consciência colectiva, de todos aqueles que criminosamente atentam contra o nosso património florestal. Por outro lado, vale também como solidariedade e apoio moral a todos aqueles que quotidianamente ganham o seu pão tratando as árvores - e afirmo-o com especial legitimidade, sendo certo que fui eleito deputado pela zona centro, onde a floresta e o trabalho florestal ocupam um lugar de grande peso na economia e na ocupação quotidiana da população da zona centro.
Para além disso, este voto constitui um contributo - modesto que seja, mas um contributo - para uma certa reformulação cultural ou, se quisermos utilizar outra expressão, para um certo desenvolvimento contra - cultural em relação a uma cultura avassaladora de consumismo e de betão armado, de alienação dos produtos e cidades criadas pelo homem, que ameaça já nada ter a ver com ele. O voto aqui formulado no Dia Mundial da Floresta vale como apoio a uma nova cultura ou, se preferirmos, a uma contra-cultura, a que é necessário assegurar triunfo.
Por outro lado, este voto e, sobretudo, esta votação por unanimidade constituem, apesar de tudo, uma lição: a lição de que, para além de todas as diversidades, designadamente mesmo das diversidades a nível das políticas concretas da floresta, quando no nosso horizonte colectivo se avizinha, em traços já particularmente carregados, a ameaça de um certo holocausto ecológico, quando todos nos confrontamos nos limites com o ambiente natural e quando aí nos perfilamos como homens, tendo os valores fundamentais da nossa hominalidade como valores comuns, é possível colocarmo-nos de acordo quanto a problemas essenciais.
A aprovação deste voto por unanimidade tem também para nós, sociais-democratas, este valor. Para além de todas as divergências, há coisas de fundo, há coisas que relevam das raízes da própria hominalidade. Oxalá as saibamos explorar, oxalá a lição deste voto seja fecunda, para além do conteúdo aparentemente platónico do próprio voto!

Aplausos do PSD, do PS e do CDS.