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4016 I SÉRIE - NÚMERO 94

encontremos, através do testemunho que nos deu, a certeza da sua presença continuada neste Parlamento.
Homem lutador que foi, consciente e responsável da sua missão e de quanto valeria o seu contributo nesta luta continuada para encontrarmos, com a esperança que nunca lhe faltou, um Portugal melhor e mais fortalecido dentro do regime que abraçamos, ele foi sem dúvida para nós uma pedra angular. Não vamos sentir essa decepção profunda a que o coração, trabalhando agora a um ritmo diferente, vai dando porventura uma projecção um tanto ou quanto distorcida.
Ele continuará vivo no nosso pensamento para que através dos exemplos que nos deu possamos encontrar aí a força bastante para continuarmos.
E queria dizer, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que se estamos efectivamente de luto é não s>ó pela perda de um amigo mas também pela perda do homem que constituiu uma baliza a orientar, a determinar, pela sua conduta, pela sua palavra e sobretudo pela lealdade das suas posições, que sempre mereceram o respeito de toda a gente.
Nunca vi ninguém, nos muitos contactos que tenho tido, que, quando fosse lembrado ou recordado o nome de Nuno Rodrigues dos Santos, tivesse qualquer ponta de mágoa, de tristeza ou de situação menos compreensiva a seu respeito.
Se, como amigo e como homem, ele é esta pedra angular como referi há pouco, é também, e de uma forma que reputaria decisiva e quase que empolgante, como que a mola de todo um sistema que nós abraçamos e pretendemos radicar mais fundo no domínio da liberdade e do sentido da solidariedade em busca de uma melhor justiça. Esta preocupação fundamental que dominou todo o pensamento e acção de Nuno Rodrigues dos Santos impressionou desde logo até a juventude, a Juventude Social-Democrata, que o designou, em boa hora, como militante honorário e que encontrou também neste homem de projecta idade como que a garantia de que vale a pena viver com altos e baixos nesta luta constante, por vezes de atropelo, mas onde todos têm um espírito luminoso para aclarar caminhos em busca de um Portugal melhor.
Esta juventude encontrou nele esse apoio, essa segurança de quem tem uma longa vida vivida em função de uma experiência tão rica como ele teve. A juventude encontrou nele também um baluarte.
E nós, que, como democratas, pretendemos que o nosso país tenha nos domínios da liberdade a preocupação de uma melhor e mais aperfeiçoada justiça social, encontramos nele também o testemunho do democrata e sobretudo o de português.
Por isso me calaram fundo as palavras de S. Ex.ª o Sr. Presidente da Assembleia da República quando disse que e uma perda para todos nós. Mas espero que ela seja apenas fugaz e passageira, porque ele há-de permanecer no pensamento dos vivos para que possamos seguir o seu testemunho e o seu exemplo. Isto porque são estes homens que dão sentido à vida e que nos dão a garantia de que vale a pena viver apesar destas lutas constantes - e ainda bem que elas existem, porque são sintoma de vitalidade e de grandeza. Em relação a homens deste quilate, Sr. Presidente e Srs. Deputados, se a sua perda é na verdade irreparável, teremos de olhar o seu testemunho e o seu exemplo para prosseguirmos neste trabalho continuado de fazermos um Portugal melhor.
O exemplo que ele nos deu merece bem a consideração constante e permanente de o termos sempre presente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, sugiro que a sessão seja interrompida por 5 minutos para que seja possível redigir um voto de pesar, na medida em que entendemos ser dever da Assembleia da República apresentar um voto de pesar pelo falecimento do Sr. Deputado Nuno Rodrigues dos Santos.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Carlos Brito tinha pedido a palavra para que efeito?

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, como estou de acordo com a sugestão acabada de fazer pelo Sr. Deputado Carlos Lage, prescindo do uso da palavra neste momento, inscrevendo-me para intervir quando V. Ex.ª entender oportuno.

O Sr. Presidente: - A sessão está suspensa por 5 minutos.

Eram 11 horas e 20 minutos.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão.

Eram 11 e 35 minutos.

O Sr. Presidente: - Dou entrada na Mesa um voto de pesar, que vai ser lido pelo Sr. Secretário Leonel Fadigas.

Foi lido. É o seguinte:

Voto de pesar

A Assembleia da República presta comovida homenagem a Nuno Rodrigues dos Santos, hoje falecido, que foi desde a Assembleia Constituinte um dos seus mais ilustres deputados e uma das figuras mais representativa da nossa vida democrática, pela qual lutou desde a sua juventude, com uma coerência, dignidade e coragem exemplares.
Todos os deputados, sem excepção, admiravam em Nuno Rodrigues dos Santos o espírito de tolerância e a camaradagem sem mácula, deixando assim uma indelével e imorredoira imagem de saudade.
A Assembleia da República envia a todos os seus familiares as mais sentidas condolências.
O Presidente da Assembleia da República e os Presidentes dos Grupos Parlamentares.

O Sr. Presidente: - Vamos votar, Srs. Deputados. Submetido à votação foi aprovado por unanimidade.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Dr. Nuno Rodrigues dos Santos foi,