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18 DE MAIO OE 1984 4601

que o CDS quer esconder as suas responsabilidades no governo anterior, em que era parceiro do vosso actual parceiro.
Mas, meus caros senhores, eu falei na minha intervenção de respeito pelas instituições democráticas e verifico que VV. Ex.ªs persistem em não as respeitar.

O governo anterior foi julgado em eleições ...

O Sr. José Gama (CDS): - Muito bem!

O Orador: - ... e o CDS assumiu a derrota que sofreu. Está aqui na oposição com o número de deputados que resultaram dessas eleições e o que lhes pergunto é se tencionam construir o futuro deste país falando persistentemente no passado e no governo anterior.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Passou um ano sobre este governo e, no entanto, continuamos a falar no anterior. E, curiosamente, o CDS, porque está na oposição, paga a factura total daquele.
VV. Ex.ªs sabem perfeitamente que a maior parte das interrogações que hoje aqui dirigiram ao governo anterior devem dirigi-las ao interior da vossa própria maioria ...

O Sr. José Gama (CDS): - Muito bem!

O Orador: - ... e que a grande parte das interrogações que aqui nos dirigiram sobre as causas da aceleração da crise devem dirigi-las ao vosso próprio partido e ao seu secretário-geral.
Quando VV. Ex.ªs se gabam - como hoje o fizeram - da política de realismo que foi feita pelo Partido Socialista na campanha eleitoral, gostaria de recordar-lhes que foi uma política de desastre nacional, porque a campanha eleitoral feita pelo vosso partido contribuiu (e em grande parte) para a aceleração da crise financeira que VV. Ex.ªs vieram depois encontrar ...

Risos do PS.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - ... e que só queriam assumir e combater depois de fazerem um inventário. Queriam aceitar a herança a benefício do inventário, mas tão grande era o apetite pela herança que acabaram por a aceitar mesmo sem o benefício do inventário.
Agora, meus senhores, terão de pagar as dívidas, que, em grande parte, são causadas por vós próprios. Aquilo de que VV. Ex.ªs se gabavam não é hoje mais do que um fogo-fátuo.
Dizia o Sr. Deputado Alexandre Monteiro que eu já tinha acusado o PS de ter pintado demasiado de negro o quadro da crise. Pois foi, Sr. Deputado, o PS foi demasiado negro a pintar o quadro da crise.
Simplesmente, acontece que o seu partido e o Governo atravessaram, neste domínio, 3 fases distintas: primeiro, antes de entrarem para o Governo e nos primeiros dias em que lá estiveram, pintaram a crise de negro; depois, gabaram-se das maravilhas conseguidas com a política de equilíbrio conjuntural; finalmente - e esta é a fase em que estamos -, vão confessando, à sucapa e encapotadamente, que afinal as coisas não são como são.
Ainda ontem fomos confrontados com um espectáculo triste: na televisão um empresário dizia das desgraças dos empresários que o Sr. Primeiro-Ministro convidava banqueiros suecos a investir em Portugal.

O Sr. José Gama (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Diziam ainda outros elementos do noticiário que outro Sr. Ministro afirmou que o grande elemento da recuperação da estrutura - que não da conjuntura - ia falhar e que, em Paris, o Presidente da nossa Assembleia da República tinha dito que afinal Portugal vai retirar a sua candidatura ao Mercado Comum.

O Sr. José Gama (CDS): - Isto é uma vergonha!

O Orador: - E, sem a candidatura ao Mercado Comum, o que é que fica do que nos foi até hoje anunciado como solução para recuperar a estrutura deste país?

Aplausos do CDS.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Dá-me licença, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Deputado Nogueira de Brito, confesso que ficámos agora verdadeiramente perplexos e gostaríamos que nos esclarecesse qual a fonte que lhe permite afirmar que o Sr. Presidente da Assembleia da República disse, em Paris, que iríamos retirar a nossa candidatura à CEE.

O Orador: - Com todo o gosto, Sr. Deputado, a minha fonte é o noticiário das 20 horas de ontem da Radiotelevisão Portuguesa. Devo dizer que imputei ao Sr. Presidente da Assembleia da República esta afirmação pelo que ouvi no noticiário televisivo. Repare que o que afirmei foi que «a televisão nos dizia que o Presidente da Assembleia da República ...». O que afirmei volto a repetir e, se V. Ex.ª quiser, podemos visionar o programa televisivo que mencionei.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Deputado Nogueira de Brito, não pomos em causa o seu depoimento. Naturalmente que pode ter lido ou escutado notícias deste teor.
Creio, contudo, que, quando regressar da sua viagem, o Sr. Presidente da Assembleia da República irá esclarecer esta Câmara sobre as suas declarações em Paris, para que não haja equívocos nesta matéria.

O Orador: - Será mais um desmentido não do Sr. Presidente da Assembleia da República, mas de um elemento do seu partido.
O Sr. Deputado Carlos Lage falou sobre a questão da representatividade e disse que eu a teria posto em causa. V. Ex.ª tirou essa ilação e deve ter feito bem, na realidade. É que não pus directamente em causa a representatividade e o resultado eleitoral, mas sim