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7 DE JUNHO DE 1984 5099

A Península ibérica armada nuclearmente iria desequilibrar ainda mais a já tremida situação mundial.
Vão dizer-me que não, que os pacifistas são realmente imorais a soldo destes e daqueles. Curiosamente, em reuniões de trabalho em Espanha, com portugueses, e espanhóis, encontrei personalidades civis e militares, religiosas e políticas, homens e mulheres das artes e das letras, desde os socialistas e comunistas aos anarquistas e sociais-democratas, além de organizações com as mais variadas preocupações, mas todos irmanados em torno de uma preocupação: a Península Ibérica deve ficar livre de armas nucleares, seguido exemplo das penínsulas balcânicas e escandinávica que já se declararam desnuclearizadas.
Observei minuciosamente todos estes verdadeiros homens e mulheres e, francamente, não os achei nada imorais!
Por outro lado, quando olho para o Governo, vejo que nele figura quem se entusiasma com as movimentações militares como se de «War Games», tamanho família, se (ratassem e que gostaria de entrar no jogo sem pensar nas consequências de um «Day After».
Mas mudando de lema! O que se passa com as florestas portuguesas?
Após o aviso feito pelos «Verdes» no ano passado, voltamos a perguntar, sem esperança, o que foi feito para prevenir e combater os fogos nas florestas e reflorestar o que ardeu.
Com o Verão, apesar das chuvas abundantes que tem caído, os fogos voltarão a abrasar as nossas serras.
Certo é que grandes áreas não irão arder pela simples razão de que estão tristemente sem uma árvore e expostas assim à erosão.
Por outro lado, não há fome que não dê em fartura. Eucaliptos é um «vê se te avias» em grandes e tentaculares manchas que invadem serras e planícies desde o Minho ao Alentejo, muitas vezes criminosamente e com a cobertura de organismos que os deveriam impedir. Se acham que exagero, aconselho a leitura esclarecedora do nosso requerimento e documentação anexa sobre a Herdade de Perlim, em Nisa.
Recordo que a nova fábrica de pasta de papel a instalar na Figueira da Foz irá só por si consumir mais 25 % do que se consumia até aqui.
É a prostituição do nosso solo o que nos toca no mercado inilcrnacional, o papel de produtores de pasta de papel, indústria mal vista nos países desenvolvidos que a «exportam» para os países economicamente sem defesa para a rejeitar.
Confiança, mas que confiança no debate aberto sobre o PEN, nomeadamente sobre a sua vertente nuclear?
Tudo indica que se vai impingir este mau negócio energético a Portugal, pela força cega do número de votos da maioria nesta Câmara, contra o parecer do grupo consultivo e de apoio ao PEN que recomenda que se não tome nenhuma decisão sobre a utilização desta forma de energia antes de 1990, mesmo na hipótese do desenvolvimento económico mais optimista.
Quero reafirmar que paira o Movimento Ecologista o nuclear e, por muitas razões, de chumbar e não só por irracionalismo medieval.
É mais fácil e cómodo ser-se a favor do nuclear do que contra, posição que implica estudos muito diversificados e a abertura de espírito para outras alternativas de vida em sociedade.
Por tudo isto, temos muita dificuldade em dar a nossa confiança a quem faz promessas que, parece, não poderá cumprir ou pretende enveredar por uma via que não é a que defendemos.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca, o MDP/CDE está disponível para produzir agora uma intervenção?

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Não, Sr. Presidente. Preferíamos fazer a nossa intervenção amanhã.

O Sr. Lacerda de Queirós (PSD): - Então perde o tempo destinado para hoje!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, chamo a sua atenção para o facto de que, assim sendo, o MDP/CDE dispõe de 24 minutos, o que é um tempo superior a qualquer dos outros partidos.

O Sr. Carlos Brito (PCP): -Sr. Presidente, peço a palavra para informar a V. Ex.ª de que o meu partido está disponível para fazer uma intervenção ainda esta noite.

O Sr. José Vitorino (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. José Vitorino (PSD):- Sr. Presidente, parece perfeitamente correcta esta atitude formal, face ao que ficou decidido na reunião de líderes, do Partido Comunista Português.
De qualquer forma, põe-se aqui o problema do MDP/CDE que deverá ser equacionado como deve. Não se trata de invocar direitos, mas creio que o MDP/CDE reconhecerá que será lógico fazer hoje uma intervenção.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado José Vitorino, creio que esse problema poderá ser esclarecido numa reunião de presidentes dos grupos e agrupamentos parlamentares, que convoco para as 10 horas e 30 minutos de amanhã.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Presidente, peço a palavra para fazer uma interpelação à Mesa.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Presidente, tínhamos organizado o nosso trabalho de modo a fazermos hoje uma intervenção em que usaria da palavra a Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura.
Acontece, porém, que a Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura não pôde assistir a este debate durante a parte da noite - aliás, devo dizer que não tivemos culpa que este debate se atrasasse tanto.
Por esse motivo, não percebo muito bem a atitude tomada pelo Sr. Presidente quando diz que vai convocar uma reunião de líderes parlamentares para discutir o tempo de que o MDP/CDE ainda dispõe.