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6118 I SÉRIE - NÚMERO 141

potências, não lhes foi permitido, nem sequer ao longo cio século XX (enquanto .outras classes trabalhadoras desenvolviam e aprofundavam os seus direitos) - não lhes foi possível conquistar a sua autonomia pessoal através da garantia de emprego e através da afirmação eficaz dos seus direitos como cidadãos e como trabalhadores.
O sistema social e económico colocou-os em total dependência, com a capacidade de se autodeterminarem reduzida quase a zero. A grande agricultura, actuando em regime não democrático, esmagou-os e fechou-lhes todas as portas.
Houve excepções? Com certeza que houve. E são por vezes relatadas como se pudessem constituir prova de alguma coisa. Mas não têm qualquer significado alguns casos positivos que podemos contar, mas quo só abonam em favor de uma pessoa ou outra. Não é, nem era, uma questão de pessoas: é uma questão de sistema, sistema esse que dava uma enorme parcela de poder a alguns e negava a outros todos os poderes, os mais elementares, os mais comezinhos.
O 25 de' Abril representou um verdadeiro - corte político e social. Foi o sinal verde que se acendeu. As populações alentejanas poderiam ter feito grandes progressos na sua marcha para a dignidade, para a independência pessoal.

Vozes do PCP: - E fizeram!

A Oradora: - É conhecido que não o fizeram!, para o progresso cultural e económico. Esse avanço teria sido possível se os chefes naturais e as comunidades a que pertencem (eles só portadores das aspirações do povo alentejano) tivessem podido agir e organizar-se e escolher livremente aqueles a quem se quisessem aliar.

O Sr. Joaquim Miranda (PCP): - Escolheram e fizeram.

A Oradora: - Isso não foi possível!

Protestos do PCP.

Que desassossego. Não suportam a verdade!

Aplausos do PSD.

O Sr. Joaquim Miranda (PCP): - Demonstre-o!

A Oradora: - O Alentejo foi invadido por centenas de revolucionários, portugueses e estrangeiros.

Vozes do PCP: - Cubanos!

A Oradora: - Muitos deles em evidente desequilíbrio psicológico, que julgaram encontrar ali a sua realização e liquidar- os ,cus complexos, levando os trabalhadores rurais a acções e comportamentos que eles não escolheram. O desencontro entre os que vinham de fora e os trabalhadores rurais era tão grande, que foi necessário associar o exército às acções programadas. E sem o exército, tudo se teria passado de outra forma.
E é útil recordar, de vez em quando, esta intervenção do exército.

O Sr. Joaquim Miranda (PCP): - Mas houve quem tivesse de fazer papéis falsos!

A Oradora: -- Também neste caso algumas generosidades e alguns idealismos que possa ter havido, não têm qualquer significado. Uma vez mais, não é uma questão de pessoas... É uma questão que se coloca muito para além disso e tem a ver com os objectivos do comunismo internacional.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Essa já é velha!

A Oradora: -- Conduziu-se no Alentejo uma revolução de compêndio, com total ignorância ou total desprezo da maneira de ser e das aspirações do povo.

Aplausos do PSD.

Não vou descrever as ocupações de terras e a formação das UCPs, porque são sobejamente conhecidas de todos.

Vozes do PCP: - Nem sabe!

A Oradora: - Interessa hoje que o Parlamento conheça e pondere a situação de milhares de trabalhadores alentejanos que se encontram em total dependência económica (e, portanto, também em dependência psicológica] e que, por essa razão, não podem determinar-se segundo a sua consciência e o seu pensamento.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Joaquim Miranda (PCP): - Estão no desemprego por vossa causa!

A Oradora: - Sempre que se fala das questões cio Alentejo é costume referir o presente e o futuro das UCPs, a pontuação das reservas, as indemnizações, os problemas dos indivisos, o arrendamento de terras do Estado a pequenos agricultores, etc.

Vozes do PCP- - Farmacêuticos!

A Oradora: - E são com certeza problemas gravíssimos sobre os quais poderemos falar se os Srs. Deputados estiverem interessados.
Mas eu tenho a preocupação de referir a situação dos trabalhadores e dos pequenos agricultores, porque as soluções a encontrar para os problemas dos indivisos, ou da pontuação das reservas, ou outros, não poderão inviabilizar os programas de libertação económica cios pequenos agricultores e dos trabalhadores.

Aplausos do PSD.

É sem dúvida urgentíssimo fazer justiça a quem foi espoliado, a quem se viu privado de rendimento, a quem espera há vários anos. Mas é igualmente urgente fazer justiça a quem nunca foi feita; a quem espera pela justiça desde que nasceu.

Aplausos do PSD.

Não haverá tranquilidade no Alentejo se as soluções escolhidas, no que respeita à posse da terra e à organização da economia agrária, contemplarem só os trabalhadores rurais.

Vozes do PCP: - E os latifundiários!

A Oradora: - Ou só os pequenos e médios agricultores, ou só os grandes lavradores. Qualquer solução que privilegie só um destes Sectores, será altamente perturbadora, e portanto prejudicial até para os que forem privilegiados. Em estado de perturbação e de agitação não será possível reconstituir o aparelho produtivo e os