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11 DE MARÇO DE 1992 1139

Com o 25 de Abril e as portas da liberdade abertas, Vieira da Silva voltou ao seu país e participou, com generosidade, na alegria da construção da democracia (ficam registados os três cartazes que criou a propósito do 25 de Abril).
Vieira da Silva, cuja casa de Paris sempre esteve aberta aos portugueses que nela buscavam solidariedade ou convívio comum dos que amavam e amam a cultura.
Tal como referimos no voto de pesar que entregámos na Mesa, ao homenageá-la hoje homenageamos também a portuguesa, a pintora, a artista que foi e que sempre ficará como um dos mais altos expoentes da cultura portuguesa e da cultura universal.

Aplausos do PCP, de Os Verdes e dos Deputados independentes Mário Tomé e Raul Castro.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados: Vieira da Silva, lá no Paris que tão bem a soube amar, captou, de repente, um dia, que Lisboa, durante décadas tão cinzenta que não podia com a sua pintura fulgurante, explodia em cor e vibração e branca se tomava: era o 25 de Abril, a poesia na rua, a mulher na rua, a infinitude dos cambiantes, a libertação das emoções e dos pensamentos. Era a vida.
Isso tudo Vieira da Silva fixou nos mais belos cartazes de todos os que se fizeram para o 25 de Abril. Esses cartazes também inspiraram homens e mulheres a tomarem mais bela a vida na luta quotidiana.
As mulheres do nosso país conquistaram muito do que lhes tinha sido sonegado - o que hoje também se comemora nesta Assembleia - e o Portugal «sacristã» deu lugar ao Portugal do respeito pelos direitos dos homens e das mulheres.
É a este novo Portugal que estão ligadas, profundamente, a obra e a pessoa de Vieira da Silva, a cuja memória respeitosamente me curvo.
Quero também dizer que subscrevo um dos votos - o que é apresentado pelos Srs. Deputados do PCP - de pesar pela morte de Vieira da Silva.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Sérgio.

O Sr. Manuel Sérgio (PSN): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Morreu Vieira da Silva, cidadã do mundo.
Grande artista, pessoa de invulgar cultura, ela oferece-nos um tipo de mulher liberta e libertadora, ou seja, verdadeiramente artista.
«Arte» vem do latim ars, artis, que, por sua vez, resulta do verbo agere - «agir», «fazer», «praticar».
Vieira da Silva, artista e mulher, na síntese de um agir, onde Portugal e o mundo inteiro se revêem.
Assim se expressam as homenagens do Partido de Solidariedade Nacional em honra de Vieira da Silva, mulher, portuguesa e artista.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, entretanto, deram entrada na Mesa dois votos de pesar pelo falecimento de Vieira da Silva e um voto de homenagem à pintora, que vão ser lidos.

O Sr. Secretário (João Salgado): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o voto n.º 9/VI, de pesar pelo falecimento de Vieira da Silva, apresentado pelo PSD, é do seguinte teor:

Voto n.º 9/VI

De pesar pelo falecimento de Vieira da Silva

Tendo falecido, na última sexta-feira, em Paris, a pintora Vieira da Silva;

Sendo esta sessão do Parlamento o primeiro Plenário após essa data de luto:

Os Deputados abaixo assinados propõem à Mesa da Assembleia da República que seja exarado em acta um voto de pesar pela perda da personalidade e obra singulares daquela artista.

O voto n.º 10/VI de homenagem a Vieira da Silva, apresentado pelo PCP e pelo Deputado independente Mário Tomé, é o seguinte:

Voto n.º 10/VI

De homenagem a Vieira da Silva

Morreu Vieira da Silva.
Morreu uma figura maior da pintura do século XX, uma mulher portuguesa de nascimento e de cultura, que sempre soube reflectir na sua imensa obra as suas raízes nacionais.
Forçada a exilar-se em Paris pela ditadura, reaproximada do seu País com o 25 de Abril, a sua casa sempre esteve aberta aos portugueses que nela buscavam a solidariedade ou o convívio comum dos que amam a liberdade e a cultura.
A Assembleia da República homenageia, nesta hora, com profundo respeito, aquela que foi e sempre ficará como um dos mais altos expoentes da cultura portuguesa e da pintura universal.

O voto n.º 11/VI, de pesar pelo falecimento de Vieira da Silva, subscrito pelo PS, é do seguinte teor

Voto n.º 11/VI

De pesar pelo falecimento de Vieira da Silva

Faleceu, em Paris, a grande pintora Maria Helena Vieira da Silva, glória da cultura e da arte portuguesas e sua projecção no mundo.
A Assembleia da República, em nome do povo português, exprime à família o seu profundo pesar e solidariedade.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, os votos que acabam de ser lidos, embora com formulações diferentes, têm o mesmo sentido, pelo que, se não houver oposição, votá-los-emos em conjunto.

Pausa.

Como não há oposição, vamos votar.

Submetidos à votação, foram aprovados por unanimidade.

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