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2558 I SÉRIE - NÚMERO 79

na televisão, numa tentativa tosca de evitar os erros que o PS pensa que cometeu em Dezembro de 1993 e que acabou por resultar num novo fiasco. Convencidos de que nas autárquicas não "exploraram" a vitória na televisão, agora resolveram montar um espectáculo de sucesso que nenhum número ou resultado eleitoral justificava e que os expôs ao ridículo. A declaração do Engenheiro Guterres, emendando a mão do Dr. Vitorino, que já emendara a mão do seu Secretário Jorge Coelho, que agitara urbi et orbi a "estrondosa vitória" do PS, com um friso de dirigentes socialistas atrás com ar patibular que diz mais que mil palavras, ao ver os 0,x % a diminuir minuto a minuto foi patética.

Risos do PSD.

Ainda pior foi a revelação pelo cenário preparado com antecedência da diferença entre as expectativas e as realidades. Atrás do Engenheiro Guterres uma frase em letras pequenas dizia "Uma nova maioria", coincidindo o tamanho das letras com a credibilidade do slogan.

Aplausos do PSD.

0 PS que gosta muito de marketing e de estudos de "imagem" prepara sempre estas cenas, mas, de um modo geral, falha-as sempre... Fê-lo, lembram-se, quando o Dr. Mário Soares foi eleito e o PS encheu Lisboa de cartazes a dizer "Agora nós". Depois viu-se...

Risos do PSD.

Se o PS raciocinasse por absurdo, se tentasse compreender como 0,4 % ou 0,3 %, ou 0,2 % ou 0,1 % ou 0,05 % é uma diferença tão pequena que o mero acaso a pode explicar em termos estatísticos e se tentasse compreender que com estes números tudo podia ser ao contrário, ou seja, o PSD podia ter 0,4 % a mais sem que para isso houvesse qualquer alteração da realidade política subjacente às eleições, repito, se tivesse em conta este facto pouco mais contava do que o mero acaso e perceberia o cataclismo que lhe caiu em cima. Foi isso que acabou por dizer outro "amigo do Dr. Mário Soares", que afirmou com evidente pena: "Este meio ponto não dá para nada, se fosse meio ponto abaixo do PSD já dava para tudo".

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

Os 0,4 % podem dar ao PS algumas vantagens psicológicas de curtíssimo prazo, mas dificilmente correspondem ao que ele pretendia, que afirmou arrogantemente que ia ter, tomou por adquirido, dormiu sobre, e, na célebre noite das eleições, proclamou, vitoriou, e depois engoliu aos olhos de toda a gente sem qualquer desculpa pública ou misericórdia alheia.
0 problema é que o PS contenta-se com uma pírrica vitória aritmética quando precisava de uma vitória política. E esta é que é a questão iniludível!

Aplausos do PS.

Em quarto lugar, os resultados destas eleições desautorizam todos aqueles que retratam Portugal como um país sem destino, mal governado, afundado numa crise para a qual não tem perspectivas nem esperança e que perguntam pelo "futuro" do seu país, pensando essencialmente no seu próprio. Desautorizam todos os que, como fez o Presidente da República no Congresso "Portugal, que futuro?" acabam por descrer da capacidade dos portugueses de assumir a sua maioridade política.
Estranho e "acomodado" país este que partilha os seus votos entre o maior partido da oposição, mostrando que os portugueses não se coíbem nem se sentem intimidados em manifestar as suas críticas ao Governo, e que votam em idêntico número no partido que desde há cerca de 10 anos tem a responsabilidade da governação e que, a julgar pelo discurso do desespero sobre o "futuro", deveria ser por eles fortemente penalizado.
Se são verdade as acusações feitas ao Sr. Presidente da República, inclusive por dirigentes socialistas, de ter uma estratégia de confrontação corri o Governo, de ter tentado criar um clima propício para a dissolução da Assembleia da República, estas eleições constituem uma resposta suplementar quanto à completa ilegitimidade democrática de tais propósitos.

Aplausos do PSD.

Em quinto lugar, para o PSD estas eram as mais difíceis das eleições. Pelas suas características de eleições de meio-termo, por permitirem ao eleitorado penalizar o Governo sem que essa penalização significasse a decisão de o mudar, por se realizarem num período difícil da nossa vida económica e social, em vésperas de uma retoma económica cujos frutos ainda não são perceptíveis, tudo favorecia um resultado negativo.
Em toda a legislatura de 1991 a 1995, este era o momento mais difícil para o PSD e o mais fácil para a oposição e qualquer estudante do 1.º ano de Ciência Política sabe que não só este momento nunca mais se vai repetir como, a partir de agora, tudo vai ser diferente. 0 PS precisava de chegar aqui com uma vantagem significativa que lhe permitisse resistir ao período de fim de mandato, tradicionalmente favorável aos governos, e não chegou.
Ora, o PS conseguiu nestas eleições perder percentualmente em relação ao PSD desde as autárquicas e dificilmente pode considerar os 0,4 % actuais um resultado que lhe permita sequer sonhar com a maioria simples, quanto mais a absoluta.
A partir de agora, para o PS o melhor passou e não o deixou mais perto da "nova maioria" que diz querer alcançar. A partir de agora, para o PSD o pior passou e obteve resultados eleitorais no momento mais difícil, que deixam intactos os seus objectivos eleitorais de obter uma maioria absoluta em 1995.

Aplausos do PSD.

Não proclamamos uma vitória, nem muito menos uma "vitorinha" ou uma "derrotinha", mas dizemos que os resultados que obtivemos são satisfatórios neste momento e contexto.
Mas não pensem que nos contentamos apenas com resultados satisfatórios, queremos trabalhar para resultados excepcionais, como obtivemos em todas as eleições legislativas desde 1987, porque entendemos que o país os precisa. 0 nosso objectivo de obter a maioria absoluta em 1995 tem a ambição que decorre daquilo que entendemos serem as necessidades de estabilidade política e de governabilidade de Portugal num período decisivo do seu desenvolvimento e de integração europeia, num período de dificuldades e de oportunidades sem paralelo.
Estamos conscientes da dificuldade e do esforço em obter o nosso objectivo, mas ninguém de boa fé pode dizer que estes resultados eleitorais manifestam uma impossibilidade de lá chegar. Bem pelo contrário.