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6 DE JANEIRO DE 1995 1043

João Jardim - e creio que fui claro - foi que fico preocupado quando até o Dr. Alberto João Jardim já está em condições de dar lições de racionalidade política ao Primeiro-Ministro. No Diário de Notícias do passado domingo, dia l, é referido que o Dr. Alberto João Jardim considera a situação irracional e absurda. Ora, para mim, o Dr. Alberto João será certamente um bom homem, mas não o tenho como um modelo de racionalidade política e quando o Primeiro-Ministro de Portugal já ultrapassou a irracionalidade e o Dr. Alberto João sente já condições de vir dar-lhe lições, eu, para ser sincero, como português e como responsável político, fico muito preocupado - e sei que o Sr. Deputado também fica.
E o absurdo e a irracionalidade são tão grandes que todos vêm acusar da confusão entre partido e Estado, quando o bom exemplo dessa confusão está na posição que VV. Ex.ªs assumem! O Primeiro-Ministro, de forma irresponsável, deixou instalar no país a dúvida, não dizendo se permanece ou não em funções. Todos vimos na televisão um jornalista, à porta do Conselho Nacional do PSD, interpelando o Primeiro-Ministro no sentido de saber se este se manterá ou não em funções. Ora, num país que vive uma situação terrível, com 400 000 desempregados e com o crime a aumentar diariamente na rua, o Sr. Primeiro-Ministro deu-se ao luxo de fazer pose, encostando-se ao carro, batendo na cara e sorrindo, dizendo: «O futuro a Deus pertence»!

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Tem fair play, que é uma coisa que o PS não sabe ter!

O Orador: - Ainda ontem, no aniversário dos bombeiros portugueses, interpelado pela comunicação social no sentido de saber se se mantém ou não em funções, o Primeiro-Ministro alimentou e consentiu que se mantivesse a dúvida e disse: «Vamos a ver, ainda não abriram os prazos para as candidaturas».

O Sr. Carlos Pinto (PSD): - Claro! E o Dr. Jorge Sampaio vai candidatar-se a Presidente da República ou não?!

O Orador: - Não está em causa uma questão interna do PSD. A questão interna do PSD é a de saber como .é que os bandos na Guarda se organizam e são ou não indiciados pela prática de crime de terrorismo!

Protestos do PSD.

Não queremos ter nada a ver com a vida interna do PSD. Só que esta não é uma questão pessoal do cidadão Cavaco Silva - que nos é indiferente -, mas uma questão que tem a ver com o titular de um cargo público, que depende desta Assembleia da República e que não depende do Governo. O Primeiro-Ministro não o é porque o PSD o designou, mas porque tem a confiança da Assembleia da República e é por isso que é perante esta que tem de dar satisfações e não em almoços com as distritais!

Vozes do PS: - Muito bem!

Protestos do PSD.

O Orador: - Esta vossa atitude é que é demonstrativa da grande confusão. É-me indiferente se o Professor Cavaco Silva, no seu capricho, inventou um tabu que paralisou o partido. Vem hoje nos jornais que não poderem apresentar moções, estão à espera que o homem se decida!

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - E os senhores é que estão preocupados!...

O Orador: - Isso é com o vosso partido e não nos interessa! Agora, a paralisia do Estado e do Governo, essas, são preocupantes.

Protestos do PSD.

Vem em todos os jornais! O Dr. Santana Lopes demitiu-se e o Primeiro-Ministro está incapacitado de o substituir porque não há nenhum cidadão lúcido neste país que se disponha a comprometer-se com um Governo que não sabe se está a prazo, se para ficar! Isto é a prova da paralisia deste Governo.

Protestos do PSD.

E os danos para o país são danos terríveis.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Está a ver a falta que o Professor Cavaco Silva faz!

O Orador: - Não somos nós que o dizemos: é um antigo Ministro das Finanças do seu partido, um economista muito respeitado, o Dr. João Salgueiro, que, antes de ontem, veio dizer: «Um psico-drama político provocará atrasos irrecuperáveis na retoma».

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Devia estar a referir-se ao Presidente da República!

O Orador: - Ora, isto é preocupante, porque não se trata da vida interne do PSD, mas da vida em geral do país e sobre isso esta Assembleia tem de pronunciar-se e temos de responsabilizar este Governo.

Aplausos do PS.

O Sr. Pedro Pinto (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para defesa da honra.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Pedro Pinto (PSD): - Sr. Presidente, compreendo perfeitamente que alguns Srs. Deputados se admirem com o facto de ter pedido a palavra para defesa da honra, mas fi-lo, porque temos vivências diferentes, vivemos em partidos diferentes e os senhores aceitam, sem se sentirem ofendidos, que eu diga que, no vosso partido, apenas se preocupam com as falcatruas e as vigarices e não com os assuntos de Estado.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Sr. António Costa (PS): - É natural!

O Sr. José Lello (PS): - As falcatruas e as vigarices de quem?!

O Orador: - Eu sei que alguns dos senhores provavelmente não se preocupariam com isso e talvez por isso estejam admirados.

Protestos do PS.

Como devem imaginar, sinto-me ofendido quando vejo referências destas em relação ao meu partido e fico-o ain-

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