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2732 I SÉRIE - NÚMERO 83

e transparência na vida pública? Queria alterações inovadoras e positivas relativamente à situação actual? Ou queria apenas utilizar como matéria de estrita e mesquinha luta partidária assuntos que dizem respeito ao cerne da credibilidade das instituições do Estado e da democracia?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - ... O que queria, afinal, o PS? Queria mais ou menos do que propôs o PSD? Aparentemente, queria as duas coisas: mais e menos. Ou não queria nada?

Vozes do PSD: - Queria!

O Orador: - Esta interrogação acentua-se, sobretudo, perante os incidentes processuais a que acabamos de assistir.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Srs. Deputados, é muito significativo o impasse a que chegou o PS. Não sabe como há-de votar. Ou já saberá? Já saberá, Sr. Deputado Jaime Gama? Já chegaram a uma conclusão sobre esta tão importante questão? Já sabem como vão votar? Srs. Deputados, quem se mete num aperto destes sem convicção, tem muita dificuldade em sair dele!

Aplausos do PSD.

Risos do PS.

Srs. Deputados, não é hoje que o Sr. Deputado Jaime Gama vai tomar a palavra Possivelmente, outros o farão por ele. Mas, se calhar, ainda teremos oportunidade de assistir a essa ousadia do Sr. Deputado Jaime Gama. É hoje que ele vai mesmo falar e responder às nossas questões.
Na verdade, Srs. Deputados, o aperto é enorme. Se o PS votar as nossas propostas, teme que isso seja o triunfo da proposta de «pacto de regime» do Dr. Fernando Nogueira, pacto esse que nunca preocupou o Engenheiro Guterres, note-se. Se votar contra, as pessoas questionar-se-ão se o Engenheiro Guterres e o PS queriam mesmo mudar para melhor alguma coisa. Se se abstém, não será muito empolgante para um partido com tão ambiciosas aspirações.
No fim, Srs. Deputados, talvez o PS, no melhor estilo guterrista, acabe por votar de todas as maneiras: a favor, contra e abstenção.

Aplausos do PSD.

Estou convencido de que esta hipótese não vai falhar, Srs. Deputados, tão importante é a influência do estilo guterrista no PS. Digo-vos, com toda a sinceridade, sobretudo a vós, Srs. Deputados socialistas e, em particular, a V. Ex.ª, Sr. Deputado Jaime Gama, que o PS merecia uma outra postura face às questões de Estado e de regime, como desejaríamos. Infelizmente, não é assim, e só o lastimamos.
Pensamos, sinceramente, que as nossas instituições, e desde logo o Parlamento, seriam mais fortes, mais credíveis e mais acreditadas junto dos cidadãos e da sociedade civil se o PS colaborasse connosco sem complexos e sem reserva mental ou política nos assuntos de Estado e de regime.

Vozes do PSD: - Queria!

O Orador: - Infelizmente, assim não acontece.

O guterrismo não é um novo programa, para os socialistas e para o PS, que venha relançar o socialismo para uma nova era, própria do colapso do «muro de Berlim». O guterrismo, Srs. Deputados, é apenas um estilo, uma arte de tentar parecer sem o ser e um desmedido pretensiosismo. Sim, o guterrismo é isso, também! Um desmedido pretensiosismo, uma indisfarçável arrogância e uma tal gula pelo poder que o mais pequeno percalço faz estatelar-se de forma fragorosa e rebentar em mil pedaços um verniz aplicado à pressa!

Aplausos do PSD.

Do Partido Popular, não há surpresas com o Dr. Manuel Monteiro.
Desde o episódio das «sanguessugas», que chamou aos Deputados, sem excluir os do próprio partido, sabemos que o objectivo supremo não é o de melhorar o que quer que seja mas apenas ganhar votos, seja a que preço for.
Quanto a votações nos assuntos que hoje nos ocupam, elas poderão ter alguma flutuação, que não é nem mais nem menos do que a oscilante tensão entre o Dr. Manuel Monteiro e o Sr. Deputado Narana Coissoró.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Do PCP, nada há de novo: sempre radical e maximalista e sempre colaborante, quando não pode vencer.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É pena, Srs. Deputados, sobretudo os da oposição, que os senhores não levem tanto a peito as questões da afirmação da democracia e da credibilização das suas instituições quanto nós. É pena, digo-o com sinceridade! É que se levassem a peito, estaríamos hoje, aqui, a votar de forma unânime um verdadeiro «pacto de regime». E seria muito fácil que isso acontecesse, Srs Deputados. Repito: bastaria que os Srs. Deputados da oposição, nomeadamente os do PS, tivessem dado tantos passos em direcção a nós quantos os que nós demos em direcção a vós!

Aplausos do PSD.

Srs. Deputados socialistas e, muito particularmente, Sr. Deputado Jaime Gama, o que vos paralisa? Que complexo vos inibe de dar passos em relação a nós? O Sr. Deputado Jaime Gama ainda hoje nos vai responder sobre este ponto, porque conhecemos a sua coragem.

Risos do PSD.

Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados: Não podemos deixar de referir, sob pena de hipocrisia, que não é o nosso estilo,...

Risos do PS.

Os senhores irão responder hoje às questões que vos estou a dirigir e, então, rirão melhor.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Como dizia, não podemos deixar de referir um aspecto importante de toda a envolvente comunicacional e mediática que rodeou este debate: a trans-

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