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1942 I SÉRIE - NÚMERO. 61

O Sr. Henrique Neto (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Lino de Carvalho, o PCP tem razão ao afirmar que existe uma situação de desemprego em Portugal que, naturalmente, implica repercussões sociais de gravidade. Mas, dito isso, termina aqui a razão do PCP.
Com efeito, o PCP e o Sr. Deputado Lino de Carvalho em vez pretenderem ser parte da solução deste problema, escolhem, sistematicamente, ser parte do problema. .

O Sr. José Junqueiro (PS): - Muito bem!

O Orador: - Desde logo, é parte do problema porque na sua intervenção fez o branqueamento das responsabilidades do PSD que, durante 10 anos, contribuiu para o desleixo do sector produtivo nacional, bem como das responsabilidades da coexistência do PCP com a situação do sector produtivo e, nomeadamente, com empresas em dificuldade, em virtude de o PSD, durante tantos anos, nada ter feito para melhorar a competitividade das empresas portuguesas.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O PCP também não é parte da solução porque não entende, ou faz que não entende, a situação económica internacional nem as regras da economia do mundo moderno, mantém-se à margem das realidades económicas e escolhe a política da mera contestação; não é parte da solução, porque não dá resposta aos problemas para aumentar a competitividade das empresas, nem sugere quaisquer estratégias de desenvolvimento, nem faz propostas de inovação industrial, agrícola ou seja o que for.
Mas, mais grave do que isso, Sr. Deputado, o PCP limita, crescente e objectivamente, a criatividade e a acção dos trabalhadores, capa essas iniciativas através da sua visão assistencial, de que só o Estado pode resolver os problemas dos trabalhadores, como se os recursos do Estado fossem infinitos, e limita que os próprios trabalhadores sejam, muitas vezes, parte da solução através das suas iniciativas de criação de emprego.
Dou-lhe um mero exemplo, Sr. Deputado: ainda não há muitas semanas, na Marinha Grande, quando um dos sectores da indústria, que é dos mais dinâmicos da nossa economia, o sector de moldes para matérias plásticas, realizava o seu congresso, discutindo formas novas e inovadoras de desenvolvimento, de crescimento das empresas, de criação de emprego e de modernidade, o PCP não encontrou nada melhor para fazer do que cortar as estradas frente ao edifício onde se realizava o congresso, trazendo para um congresso sério, de discussão séria de problemas sérios, um problema que, pelo menos, não era dali.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Como V. Ex.ª sabe, o problema da empresa Manuel Pereira Roldão estava, nessa altura, a ser tratado pelo Governo. Dois dias antes, o Sr. Ministro da Economia tinha-se reunido com os sindicatos e disse-lhes que estavam a ser desenvolvidos esforços, e quais eram eles, com vista à resolução do problema da empresa. E aproveito para recordar-lhe que a empresa Manuel Pereira Roldão já custou ao País, durante os últimos 10 anos, cerca de 10 milhões de contos do bolso de todos os contribuintes, valor que daria para fazer muitas empresas...

Vozes do PS e do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - ..., muitas escolas, pelo que não deveria ser usado para continuar a premiar a inutilidade dos patrões e muitas vezes também a inutilidade dos trabalhadores.

Vozes do PS e do Deputado do CDS-PP Manuel Monteiro: - Muito bem!

O Orador: - Termino apenas com uma pergunta, Sr. Deputado: sinceramente, olhos nos olhos, por quantos mais anos pensa que o PCP pode continuar a confrontar o mundo e as realidades do mundo, as económicas, as sociais e as da modernidade? Por quantos anos mais o Sr. Deputado pensa que o PCP pode continuar a ter essa postura?

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Lino de Carvalho.,

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Sr. Presidente, o Sr. Deputado Henrique Neto começou bem. Até pensei que fosse criticar a Sr.ª Deputada Elisa Damião por há pouco nos ter chamado «dinossaurios», mas, afinal, o Sr. Deputado acabou mal e esteve distraído.

O Sr. Henrique Neto (PS): - Eu é que estive distraído? Ou foi o Sr. Deputado?

O Orador: - O Sr. Deputado seguramente, não eu, porque ou não ouviu a intervenção ou já trazia a pergunta feita e, entretanto, não teve oportunidade de a ajustar à intervenção por mim proferida.
Ó Sr. Deputado, eu branqueei as responsabilidades do PSD?! Fiz várias referências à política do PSD e às suas consequências, Sr. Deputado, e, aliás, demonstrei aqui que se alguém tem branqueado não tem sido o PCP mas, sim, o PS e o Governo. Mas, convenhamos, Sr. Deputado, é tempo de os senhores não escamotearem as vossas responsabilidades com as do governo do PSD.

O Sr. Henrique Neto (PS): - É o que o PSD diz!

O Orador: - O governo do PSD já foi, agora estamos em sede do Governo do Partido Socialista e a interpelação é a este Governo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Nós não branqueámos, nunca o fizemos, pelo contrário, as políticas do PSD, mas também não estamos de acordo nem embarcaremos na vossa permanente argumentação, que é a de quererem escamotear as vossas políticas e responsabilidades com a herança que recebem. Isso não, Sr. Deputado! Assumam as vossas próprias responsabilidades e as vossas próprias políticas.
O Sr. Deputado surpreendeu-me ao chamar inúteis aos trabalhadores da empresa Manuel Pereira Roldão. Será por estas e por outras, Sr. Deputado, que os trabalhadores dessa empresa, e não os comunistas, foram protestar para o tal congresso do sector dos moldes, para que as promessas de viabilização da empresa e de continuidade dos postos de trabalho fossem garantidos? Se foi por isto, Sr. Deputado, se calhar, os trabalhadores tiveram toda a ra-

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