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2314 I SÉRIE - NÚMERO 71

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, faça-se silêncio na Câmara!

Pausa.

Faça favor de continuar, Sr. Deputado.

O Orador: - Sr. Presidente, é curioso que a Câmara inteira se agita-se quando eu falo. Não percebo porquê!?

Risos.

Vozes do PS: Que vaidade!

O Orador: - É uma vaidade que os senhores alimentam!

Aplausos do CDS-PP.

Sr. Deputado, esse é um aspecto fundamental! V. Ex.ª tem todo o direito, não apenas porque lho estou a dizer - já o tem há muito mais tempo do que eu -, para dizer politicamente aquilo que entende, e eu respeito. Continuo a respeitar, saiba que sim! Eu tenho muitos defeitos..

Vozes do PS: Não! Não!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, faça-se silêncio!

O Orador: - ..., mas, Sr. Deputado, em matéria de dinheiro, não! Estou aqui porque quero. Se quisesse estar na causa política apenas pensando no dinheiro que recebo não estaria aqui. E se quisesse pensar no meu futuro em função da política, provavelmente teria seguido o caminho que algumas pessoas que estiveram nesta bancada e que foram para a sua, não a pensar no Pais mas a pensar nas suas carreiras pessoais e nas suas carreiras privadas.

Aplausos do CDS-PP.

Respeito-os, tenho por V. Ex.ª, Sr. Deputado Silva Marques, muita consideração e muito respeito, mas reconhecerá que, independentemente de as minhas opiniões poderem não ser as suas, isso não dará o direito a ninguém, como não o ponho em causa em relação a si, de dizer que estamos na causa pública apenas pensando no dinheiro que recebemos ou não recebemos ao fim do mês ou no dinheiro que recebemos ao fim de 12 anos ou não ao fim de 12 anos. E essa é uma questão fundamental.
Uma vez mais lhe digo que recorri a esta figura regimental porque, caso contrária, não teria oportunidade de responder à questão que entendeu colocar.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques para dar explicações, querendo.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Manuel Monteiro, nunca denegri os meus adversários políticos nem outros. Bato-me com argumentos contra argumentos e, por isso, Sr. Deputado Manuel Monteiro, não desvie a conversa. Fiz-lhe um desafio multo preciso e no quadro de uma argumentação absolutamente clara, por isso não desvie a conversa.
Primeiro, não o acusei de ganância, acusei-o de demagogia grosseira.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Porquê? Porque demagogia grosseira e tanto mais grosseira quanto o facto é o desfasamento total entre o que se diz e o que se faz, entre os propósitos que se anunciam e a prática que segue. Isto é demagogia grosseira.
Aliás, procurei pôr em causa a união entre as suas palavras e a sua prática. E volto a pôr em causa essa união e a demonstrar a demagogia. O Sr. Deputado quando veio para um debate da maior sensibilidade, que releva precisamente da ética política, devia vir preparado para responder e sustentar as suas teses. Os senhores vieram discutir os privilégios dos políticos e a questão que lhes coloco é esta: porquê certos privilégios? Porque não os outros? Porque não o da sua remuneração?
Este desafio mantém-se enquanto o Sr. Deputado não me demonstrar - e já o deveria ter feito para que ficasse inequívoca a sua frontalidade, a sua sinceridade, a sua personalidade de, qual Lancelote, desprovido dos pequenos jogos políticos que vem dar lições de moral à classe política ...

Sabe, Sr. Deputado, quem mais se auto-elogia, mais vício pratica!

Mantenho, pois, o meu desafio: se quiser inverter imediatamente este debate vá a casa buscar a sua última folha de remuneração privada. Enquanto não demonstrar o contrário, o Sr. Deputado está a beneficiar do privilégio dos privilégios, que é uma remuneração superior àquela que anteriormente tinha no privado.

Aplausos do PSD e de alguns Deputados do PS.

O Sr. Deputado Manuel Monteiro julgou - ter descoberto uma mina ...

Risos do PSD.

Disseram-lhe que o nosso país era um país de reaccionários, de gente que detesta a democracia, e por isso mesmo resolveu, cortando com a tradição democrática do CDS, afirmar-se através de um discurso anti-parlamentar que apela aos mais negros instintos antidemocráticos, que procura jogar com os sentimentos de retorno às soluções totalitárias.

Aplausos do PSD e do PS.

Mas o senhor engana-se, até porque não teve tempo de aprender.

Risos do PS e do PSD.

O senhor engana-se, como muitos outros se enganaram quando julgaram que por detrás de um povo silenciado pela mordaça da censura e da perseguição policial estava um povo que não queria a democracia. Afinal de contas, estava um povo que queria a democracia! Alguns enganaram-se antes, tal como os senhores esto profundamente enganados hoje. Os senhores julgavam que traziam esta questão aqui para que nós, PSD, ficássemos calados julgando que não podíamos dizer nada para não perdermos votos, só que nós falamos, falamos muito mais do que os senhores julgavam porque a nossa mensagem é para um povo, como nós, que confia na democracia, que não quer mais masmorras, que não quer mais censuras, que acredita na virtualidade da democracia. Os senhores esto muito. enganados, não vão muito longe e, sobretudo, não vão muito longe quando são interrogados com frontalidade.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, tem de terminar.

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