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3482 I SÉRIE - NÚMERO 96

Aliás, foi com grande expectativa que acorri ao Plenário, quando ouvi o Sr. Deputado referir vários temas dizendo, curiosamente, que não ia falar deles. Dizer que não se fala das coisas é uma forma nova, redundante, de falar delas.
Como acabou por perder pouco tempo com coisas importantes e que, de algum modo, correspondiam ao desafio que há uns dias lancei à sua bancada para discutirmos a situação económica do País e a verdadeira reforma fiscal, e não coisas perfeitamente secundárias relativas tanto a uma como a outra, aproveito esta oportunidade para o estimular, embora o tempo seja muito pouco, a dizer-nos algo mais.
Caso contrário, terei de concluir que a sua referência, pela não referência, à situação económica convalida exactamente a bondade dessa situação económica, tal como é apreciada, por exemplo, pelo Banco de Portugal, que, como sabe, tem à frente um governador da família ideológica a que o Sr. Deputado pertence. Terei de concluir que V. Ex.ª manifesta o seu agrado e a sua satisfação, por exemplo, por mais uma vez ter sido batido o nível histórico da inflação, pois todos os meses o vamos batendo sucessivamente. Terei de concluir que V. Ex.ª está muito agradado com o facto de, finalmente, nos últimos dois anos, o crescimento da economia portuguesa ser manifestamente superior ao crescimento médio da Europa. Terei de concluir que V. Ex.ª está muito satisfeito, convalida e verifica que a promessa feita pelo Governo, nomeadamente pelo Primeiro-Ministro, de não aumentar os impostos aí está concretizada e assimilada. Terei de concluir que V. Ex.ª se vangloria e satisfaz com o facto de haver sinais de diminuição do desemprego. Terei de concluir, finalmente, que V. Ex.ª está, na realidade, satisfeito face à posição que Portugal tem no contexto europeu, onde é, como sabe, um dos países que mais facilmente vai cumprir os critérios de convergência nominal, sem qualquer engenharia financeira, sem despedimentos nem diminuição de salários na função pública, sem qualquer dessas técnicas que foram utilizadas em países mais desenvolvidos.
Se assim for, e assim é, seguramente, o Sr. Deputado não vai com certeza desmentir tudo aquilo que referi, aliás, na linha do discurso que fez, pelo que bem-vinda é a sua observação e não posso, se for assim, repito, concordar corri os camaradas que me dizem que, quando nada há para dizer, é V. Ex.ª quem sobre à tribuna.
Se foi para dizer isto, ainda que na forma enfática de não o dizer, realmente, os meus camaradas não tinham razão. Se assim não é, os meus camaradas tinham toda a razão.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, havendo ainda outro orador inscrito para pedir esclarecimentos, deseja responder já ou no fim?

O Sr. Carlos Encarnação (PSD):Respondo já, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então, tem a palavra.

O Sr. Carlos Encarnação (PSD): .- Sr. Presidente, Sr. Deputado Manuel dos Santos, vou responder-lhe imediatamente porque, de facto, precisa de uma resposta urgente.

Tenho apenas de lamentar o período, embora breve, em que o Sr. Deputado Manuel dos Santos não esteve na Assembleia e esteve no Governo, porque nos privou das suas intervenções.

Risos do PSD.

Mas eu sabia que V. Ex.ª voltaria, e rapidamente, como o filho pródigo voltou à casa paterna. Está aí, e muito bem, e não quero tirar-lhe o lugar, não o pense.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Não consegue!

O Orador: - Se é para nada dizer, basta V. Ex.ª, não preciso de falar.

Aplausos do PSD.

Porque, em boa verdade, sobre o tema essencial da minha intervenção - a segurança e a droga, um tema sério, profundo e importante para o País -, V. Ex.ª respondeu com índices macro-económicos. Ora, eu esperava que V. Ex.ª aceitasse o meu convite, que, ao mesmo tempo, era um desafio sério em relação a esta matéria. Mas já vi que o desafio sério deve ser aceite pelo meu querido amigo que está ao seu lado, o Deputado José Niza, enquanto que a parte não séria da intervenção da sua bancada lhe pertenceu.
Então, o Sr. Deputado entende que este dois anos, durante os quais, diz o senhor, esses índices foram extraordinários, dependem só desses dois anos?!

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Fundamentalmente desses dois anos!

O Orador: - O senhor, que acabou de citar o relatório do Banco de Portugal, ignorou a sua parte mais importante, que diz que de 1985 a 1995 foi o período de ouro da economia portuguesa, só comparável aos períodos dos anos 60?! Sr. Deputado, é o Banco de Portugal que diz isto, não é o senhor. Também não esperava que fosse o senhor a dizê-lo, como é evidente, mas, ao menos, poderia ter feito uma breve referência, dizendo assim: «de facto, em relação à segurança e à droga, isto está uma vergonha, é verdade.» O senhor dizia isto, e ficava-lhe bem, porque reconhecia o que está a acontecer. Dizia: «é verdade, em relação a isso, apoio o que o senhor acabou de nos dizer, vamos fazer aqui um esforço conjunto, vamos fazer disto uma grande tarefa nacional»! O Sr. Deputado concordava comigo e, depois, falava então sobre a economia e dizia assim: «De facto, a economia não vai mal!...

O Sr. José Magalhães (PS): - Muito bem!

O Orador: - ... Mas, com mil diabos, tivemos uma herança importantíssima. Os senhores trabalharam bastante para que a economia estivesse como está. Nós, sem os vossos governos, nunca cumpriríamos as metas de convergência,...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - ... nós, sem os vossos governos, nunca estaríamos na situação em estamos».

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Contrarie os meus argumentos! Deixe-se de retórica!

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