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I SÉRIE — NÚMERO 42
como muitas vezes aconteceu, de passarem a barra do Douro e ficarem semanas em casa sem a possibilidade de arranjar o sustento para si e suas famílias. É, no fundo, isto que está em causa, pelo que a obra merece todo o nosso apoio.
Sr. Deputado, foi positivo o ter trazido aqui, à Câmara, esta questão.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Presidente: — Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Baptista.

O Sr. Pedro Baptista (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Manuel Moreira, deixe-me dizer-lhe, em primeiro lugar, depois de agradecer a sua pergunta, que os timings hoje em dia não são propriamente nossos, não são os dos períodos de abertura da discussão pública, nem sequer são os timings parlamentares. Os timings são o que são, e numa sociedade aberta são mais lançados pêlos artigos de opinião, pelas iniciativas civis e pela imprensa do que propriamente por nós, o que nem me parece que seja mau para a democracia, pelo contrário. É neste sentido que proferi a minha intervenção neste momento, em que me pareceu que aquela elite que o Sr. Deputado muito bem estigmatizou estava a pretender pôr em causa este anseio popular e nacional.
Sr. Deputado Manuel Moreira, é verdade que este projecto, esta ideia, este sonho, tem 200, anos; é também verdade que os estudos da APDL começaram há quatro anos. Talvez possamos dizer que o povo português sonha através da História.
O PSD inicia os planos, mas, depois, é o Governo do PS que concretiza e realiza os sonhos dos portugueses.

O Sr. Artur Torres Pereira (PSD): — O melhor é não ir por aí, Sr. Deputado!

O Orador: — Sr. Deputado Manuel Moreira, isto é verdade. Não bastam ideias, é preciso levá-las à prática.

Vozes do PS: — Muito bem!

O Orador: — Eu não teria falado do Governo do PS se V. Ex.ª não tivesse falado do do PSD.
Para terminar, gostaria de dizer que este projecto é o resultado das consultas mais radicais em matéria científica e tecnológica, e que não há alternativa do ponto de vista tecnológico. Estão nele envolvidas as maiores capacidades intelectuais do país, tanto a nível do Instituto Superior Técnico como a nível do Laboratório Nacional de Engenharia Civil e da Faculdade de Engenharia do Porto, uma das mais prestigiadas do mundo, onde se elaboram os estudos hídricos, que foram feitos até à exaustão, apoiados pelo Professor Per Brunn, personalidade de renome a nível mundial.
No que toca ao aspecto artístico, que apontei na minha intervenção, hão podemos permitir que seja levada a cabo uma obra sem grandes cuidados em termos plásticos e arquitectónicos.

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Amaral.

O Sr. João Amaral (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, subo a esta Tribuna para, numa curta intervenção, exprimir um protesto e fazer um apelo: o protesto tem a ver com o Portugal que somos, com a democracia que construímos e com o passado que vivemos. O povo português, e muitos dos que hoje militam na vida política, sofreram duramente com a ditadura, as prisões políticas, a censura, as discriminações políticas, as perseguições, a tortura, até com o assassinato político. O fascismo existiu, Srs. Deputados!

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): — Muito bem!

O Orador: — A principal organização que foi responsável pela brutal repressão e pelo esmagamento das liberdades foi a PIDE. A PIDE foi uma organização de terrorismo de Estado, que praticou brutais crimes, contra muitos e muitos portugueses, contra a liberdade e a democracia. Os dirigentes da PIDE são criminosos, com as mãos manchadas do sangue de patriotas, de liberdades esmagadas, de palavras reprimidas.
Aplausos do PCP, de Os Verdes e de alguns Deputados do PS.
O que cimenta a nossa posição de geração é a luta pela liberdade, pela democracia, uma luta em que muitos e muitos foram vítimas da PIDE. É por isto que não podemos deixar de trazer aqui um protesto vigoroso quando vemos que um dos carrascos mais sinistros dos crimes da PIDE se passeou impunemente e provocatoriamente pelas ruas da capital do País. Rosa Casaco é um dos mais altos responsáveis da PIDE, associado a muitos crimes, incluindo a brutal cilada e assassinato de Humberto Delgado e da sua secretária. Exprimo aqui a repulsa por esta indignidade. Rosa Casaco não é um qualquer criminoso. Se não é um PIDE boçal, é ainda mais responsável como criminoso que foi!

Vozes do PCP e do PS: — Muito bem!

O Orador: — Ouvi declarações de membros do Governo condenando a estadia em Portugal deste criminoso. O que se exige é que o Governo venha aqui, à Assembleia, fazer essa condenação, dar as explicações e anunciar esses inquéritos.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.

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