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25 DE MARÇO DE 1999 2335

O Sr. Luís Queiró (CDS-PP): - E não foi o relator, pois não?!

O Orador: - Pois não, Sr. Deputado Luís Queiró! Pois não!
No início deste debate isto veio à colação exactamente para demonstrar que, no que toca a este inquérito, de que o meu camarada António Filipe foi relator, coincidiram - ao contrário do que a intervenção inicial do Sr. Deputado Joel Hasse Ferreira queria fazer crer -, os interesses convergentes partidários do PP e os interesses do Partido Socialista, num caso, para ilibar um grupo económico, de que um dos dirigentes é também dirigente do PP,...

O Sr. Luís Queiró (CDS-PP): - Isto não é a União Soviética! Não é a Duma!

O Orador: - ...e, no outro caso, para ilibar a responsabilidade do Governo do Partido Socialista, chegando-se ao ponto de suprimir declarações, feitas por escrito, de membros do Governo, que referiam expressamente que a realização do Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 era condição para o acordo global com a Grão-Pará.
Porque, Srs. Deputados, se, como foi dito na Comissão, a realização do Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 não era condição nem pressuposto determinante para o acordo global, então qual foi, Sr. Deputado Joel Hasse Ferreira? Quais foram os pressupostos que levaram a este acordo leonino com o Grupo Grão-Pará?
As questões são muito claras, Sr. Presidente, Srs. Deputados, e eu penso que, se calhar, o melhor, hoje, tinha sido o Partido Socialista estar silencioso sobre esta matéria.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, informo que se encontram a assistir aos nossos trabalhos um grupo de 85 alunos da Escola Secundária da Ameixoeira, um grupo de 35 alunos da Escola Cunha Rivara, de Arraiolos, um grupo de 48 alunos da Escola Secundária Eça de Queirós, um grupo de 57 alunos da Escola do 1.º Ciclo do Ensino Básico de Porto Côvo, um grupo de 95 alunos da Escola Secundária D. Sancho I, de Vila Nova de Famalicão, um grupo de 50 alunos da Escola Secundária de Camarate, um grupo de 10 pessoas do concelho de Vila Franca de Xira, um grupo de 40 alunos da Escola Secundária João Gonçalves Zarco, de Matosinhos, além de um grupo de cidadãos.
Uma saudação calorosa para todos eles.

Aplausos gerais, de pé.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, em período de tratamento de assuntos politicamente relevantes, tem a palavra o Sr. Deputado Eurico de Figueiredo para uma intervenção.

O Sr. Eurico de Figueiredo (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Solicitou-me a direcção do meu Grupo Parlamentar que fizesse algumas considerações sobre o 24 de Março e o processo de luta e de combate estudantil nos primórdios dos anos 60.
Entendi esta solicitação como um pedido a um jovem idoso para se poder pronunciar sobre algo que diz respeito sobretudo aos movimentos de juventude.
É evidente que, falando da geração de 60 e dos primórdios da geração de 60, falo de uma geração que marcou, então, a vida política nacional e que marca, agora, a vida portuguesa em praticamente todas as suas formas de expressão.
Destes primórdios dos anos 60 são um Siza Vieira, um Cláudio Torres, um António Damásio, um José de Guimarães, um Manuel Alegre, um Cavaco Silva, um Jorge Sampaio e milhares de outros que se evidenciam numa série de actividades da vida nacional. Mas, também aqui, neste Parlamento - e só falo de alguns -, temos um Medeiros Ferreira, um Mota Amaral, um Silva Marques, um Manuel Alegre, um João Amaral e tantos outros que peço desculpa de não mencionar.
Nessa altura, a greve e as lutas de vários meses dos estudantes de 1962 marcaram o regime. E marcaram-no pedindo muito pouco. É necessário que possamos lembrar neste momento que os jovens de então (dos quais eu fazia parte) pediram muito pouco: pediram respeito pela instituição universitária, invadida pela polícia, quando o reitor era um homem do regime; pediram vagos direitos de associação, vagos direitos de reunião e vários direitos de liberdade de imprensa.
Compreende-se que a diferença entre o então e o agora seja opaca a um Hermano Saraiva. Compreende-se menos que os benefícios do 25 de Abril se mantenham opacos para um homem como José Saramago.
A geração de 60 foi uma geração conservadora. É necessário saber isso. Os nossos valores eram profundamente conservadores. E, tendo eu em mãos uma investigação que tem a ver com os valores dos jovens universitários dos anos 80 e com os valores dos jovens do ensino superior dos anos 90, permito-me encontrar algumas mudanças em que o 25 de Abril é um marco fundamental em relação aos valores.
A geração de 80 é uma geração de Abril e a geração de 90 é ainda uma geração de Abril, que muito mudou no que diz respeito, fundamentalmente, às opções fundamentais dos jovens.
Assim, a primeira opção, agora, da geração de 80 são os direitos e as liberdades fundamentais. É no problema das liberdades fundamentais que a geração de 80 vem marcar aquilo que significa Abril.
E a repercussão fundamental desta diferença de valores tem a ver sobretudo com o estatuto da mulher, tão bem trabalhado, nos valores de 60, pelo inquérito da então Juventude Universitária Católica (JUC), que nos deu o inventário dos valores da minha geração.
Lembro apenas, Srs. Deputados, que o direito da mulher a um trabalho igual ao homem só era assumido por 6% dos jovens do ensino superior dos anos 60, enquanto que, nos anos 80, 80% dos jovens dão um estatuto à mulher perfeitamente igual ao do homem.
E esta revolução traduz-se em todos os aspectos em que o estatuto da mulher é respeitado, por exemplo no problema do divórcio, no problema do planeamento familiar, no estatuto da sexualidade. Há uma verdadeira revolução e essa revolução tem a ver com Abril.
Mas o que é que se passa com a geração de 90? A geração de 90 continua a geração de 80, a geração de 90 é uma geração de Abril, mas... E há sempre os «mas», e há sempre os para-

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