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2336 I SÉRIE - NÚMERO 63

doxos da queda do Muro de Berlim, e, para esses paradoxos, chamo a vossa atenção, Srs. Deputados, porque tem a ver com as nossas próprias responsabilidades.
Os dois pilares civilizacionais marcados por Abril são os valores da democracia e os valores da construção europeia. E esses valores são os valores dos nossos jovens, dos nossos jovens do ensino superior, mas... Mas a opção por um partido único era, nos anos 80, só de 8% dos jovens e a opção de um partido único, em vez da democracia pluripartidária, é de 16% nos anos 90. A percentagem de jovens que diziam que sentiam pena se Portugal abandonasse a Europa era de 55% nos anos 80 e é de 66% nos anos 90.
É caso para dizer que há 1% que se perde cada ano nestes dois pilares civilizacionais - o pilar da democracia e o pilar da construção europeia.
Mas há também aspectos graves de toda esta revolução importante que se deu ao nível dos valores dos jovens. A opção de zero filhos, de não ter filhos, passou de 4% na geração de 80 para 11% na geração de 90, quando sabemos que a expectativa dos índices demográficos é de 1,4, com tendência para descer, o que quer dizer que as políticas de protecção da família são qualquer coisa que é urgente termos em conta.
Mas há mais, eventualmente mais grave, que é a má imagem que as instituições portuguesas têm junto dos nossos jovens. Dou apenas um exemplo, mas podia dar muitos, dou o exemplo da polícia. Os nossos jovens consideram que a polícia funciona mal, por desleixo, numa percentagem de 55% nos anos 80 e de 61% nos anos 90.
Srs. Deputados, é para a vossa responsabilidade que apelo, falando dos jovens dos anos 60, dos jovens dos anos 80 e dos jovens dos anos 90. É a luta contra este descrédito das instituições que deve ser um objectivo fundamental da nossa política e das responsabilidades dos Srs. Deputados.
É, eventualmente, por causa disso, mesmo que seja um pouco difícil compreender as razões, que hoje estão milhares de jovens em frente da Assembleia da República. É o descrédito das instituições que, eventualmente,, está em causa. E, eventualmente, também está em causa a dificuldade da nossa classe política, seja ela qual for, de combater, com veemência e com convicção, os interesses corporativos que infestam e prejudicam o jogo da democracia neste país.

O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - Meus caros amigos, Srs. Deputados, é da responsabilidade desta Câmara que eu vos vim falar, ao falar dos jovens, como eu fui nos anos 60, no dia em que entro na minha geração dos 60, nos meus 60 anos.

Aplausos do PS, do PCP e de alguns Deputados do PSD.

O Sr. Presidente: - Então, parabéns, Sr. Deputado. Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra, em primeiro lugar, para dar os parabéns ao Sr. Deputado Eurico Figueiredo, uma vez que hoje é o dia do seu aniversário, e, em segundo lugar, para lembrar o jovem que, há trinta e
tal anos, juntamente com outros que se encontram aqui nesta Assembleia-como os Deputados Silva Marques e Medeiros Ferreira-participou na primeira grande luta dos estudantes portugueses, não só pelos seus direitos imediatos, não só pela autonomia das suas associações, mas também pela própria liberdade do povo português, e para lembrar também o 24 de Março de 1962, que foi um momento de viragem e um momento de ruptura, que criou um fosso irremediável entre uma parte da juventude e das suas famílias e o regime fascista português.
Eurico Figueiredo foi um dos símbolos desse combate e dessa luta. Quero deixar-lhe aqui esta saudação e dizer-lhe que nós também lutámos para que hoje os estudantes portugueses, com razão ou sem ela, se possam manifestar sem medo, mesmo à porta da Assembleia da República.

Aplausos do PS, do PCP e de alguns Deputados do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, querendo, tem a palavra o Sr. Deputado Eurico Figueiredo.

O Sr. Eurico Figueiredo (PS): - Sr. Presidente, de facto, ao meu amigo Manuel Alegre só posso responder com um abraço, que já lhe dei.

O Sr. Presidente: - E eu, que dei os parabéns, não recebo nada?

O Sr. Eurico Figueiredo (PS): - Outro abraço, Sr. Presidente, que lhe darei quando esta sessão terminar!

O Sr. Presidente: - Muito obrigado. Para uma intervenção, ao abrigo do artigo 81.º, n.º 2, do Regimento, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Hoje é o Dia do Estudante.
É o dia das centenas de milhar que, no nosso país, são o mais importante pulsar das escolas e do sistema educativo. Porque a verdade é que os estudantes são os destinatários e a parte mais importante do ensino. A escola não existe sem eles nem contra eles. É por isso que, sempre que os princípios da política educativa ignoram os direitos dos estudantes, se põe em causa a sua formação, a construção do seu futuro e do futuro do País.
A escola e o sistema educativo serão tanto melhores quanto maior for o respeito pelos estudantes, pelos seus direitos e pelas suas aspirações. Por isso é fundamental a participação dos estudantes na vida da escola. Para mais quando a sua participação é feita com grande criatividade, empenho e vivacidade, contribuindo para uma escola melhor.
Sendo hoje o Dia do Estudante, este tem de ser um dia de negação das tentativas de afastamento dos estudantes da gestão dos estabelecimentos de ensino e da participação mais profunda na vida escolar.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP):- Muito bem!

O Orador: - Neste quadro, é inaceitável que o Governo institua um regime de gestão dos estabelecimentos de ensino

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