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3062 | I Série - Número 78 | 04 de Maio de 2001

 

de um homem da minha «tribo» faz com que a Câmara guarde algum silêncio perante um jornalista, o Afonso Praça, que hoje foi a enterrar.
Não era um jornalista de galarim, daqueles que, hoje, aparecem muito nas primeiras páginas. Mas era um cultor da Língua Portuguesa e, testemunho-o, um «capitão de Abril». Permito-me recordar ao Sr. Presidente e à Câmara que foi jornalista do República, um bastião da resistência, e, por isso mesmo, um homem da resistência.
A morte de Afonso Praça deixa certamente a classe jornalística triste, pesarosa. Ainda recentemente tinha sido distinguido com um dos prémios que a classe atribui aos seus melhores pelo exercício de uma carreira digna, uma carreira que perpassou por vários órgãos da comunicação social, designadamente pelo semanário O Jornal, que foi um indelével marco da história da implantação da democracia em Portugal e do seu desenvolvimento.
Por isso, Afonso Praça merece este voto de pesar da Câmara, merece que nos reclinemos perante a sua memória e, sobretudo, que o lembremos no futuro. Merece que os jovens jornalistas, que hoje percorrem afanosamente os corredores desta Casa à procura de notícias mais ou menos imediatas, reflictam sobre o exercício de uma profissão que muitas vezes é amarga e cansativa.
Tenho a certeza que Afonso Praça gostaria de morrer a escrever sobre a vida, sobre Portugal.
Ele, que era um transmontano de origem, que amava o País, que o tinha percorrido, que o estudou, estudou, por exemplo, a sua gastronomia, os seus usos, os seus costumes e apareceu ligado às mais variadas espécies de um jornalismo que praticamos há mais de 40 anos.
Ele, que nunca foi capaz de ter uma palavra azeda para com a República, para com esta Câmara, para com os Deputados, para com os órgãos de soberania, e que era um homem inteiro, merece certamente o nosso pesar e que sobretudo aqueles que o acompanharam em vida se reclinem perante ele.

Aplausos do PS e do Deputado do CDS-PP Basílio Horta.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado David Justino.

O Sr. David Justino (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, só muito recentemente tive o grato prazer de conhecer Afonso Praça. Essa oportunidade que me foi conferida fez-me reservar e guardar na memória um dos momentos mais agradáveis que tive pelo conhecimento de uma personalidade que, estou certo, marcará os anais do jornalismo português, independentemente da sua menor visibilidade perante os quadros de algum protagonismo e de alguma falsa vaidade que proliferam por entre os órgãos de comunicação.
Devo dizer que o conheci numa oportunidade única e também singular, no sentido de que foi à mesa, entre transmontanos, que decidiram convidar-me, com muito gosto, falando acima de tudo de duas coisas que me tocam bastante: em primeiro lugar, da gastronomia, em que ele era obviamente um especialista, e, em segundo lugar, de uma experiência que ele iniciou e a que deu cor, que foi o jornal da educação.
Não falo obviamente dos seus pergaminhos jornalísticos, mas falo precisamente dessa experiência única que marcou não só a história, mas o debate sobre os problemas da educação, que eu ainda hoje reservo, ao fim de muitos anos, e onde muito aprendi; e aprendi também no sentido de integrar contributos numa reflexão em torno de algo que é tão importante para a sociedade portuguesa.
Por isso, não só pessoalmente, mas também em nome do PSD, vou associar-me ao voto que foi apresentado.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lino de Carvalho.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, com Afonso Praça vai muito da nossa memória.
A memória de um jornalismo de qualidade, onde a velha e nobre deontologia da profissão e do seu exercício, infelizmente tantas vezes hoje esquecida, estava permanentemente presente.
A memória de um transmontano que percorreu inclusivamente os caminhos da ficção.
A memória, em particular, de um enorme contador de histórias e de alguém que fazia dos pequenos prazeres da vida grandes momentos de convívio, grandes momentos de amizade, que serviam também para a promoção do que de mais genuíno tem a nossa cultura, designadamente ao nível da gastronomia, como já foi aqui assinalado.
Por isso, não poderíamos deixar de nos associar ao voto de pesar pelo prematuro desaparecimento de Afonso Praça, recolhendo-nos na recordação dos seus quarenta anos de carreira e de vida profissional.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, falar de Afonso Praça é falar de alguém dos nossos tempos, dos meus tempos.
Quem o conheceu na Flama, na Vida Mundial, no Diário de Lisboa, no República, de antes do 25 de Abril, e logo depois do 25 de Abril, lembra-se de Afonso Praça, porque foi um homem multifacetado, embora não um homem brilhante.
Afonso Praça fundou o jornal de educação, andou pela gastronomia (já aqui foi lembrado), leccionou na Faculdade de Letras, no curso de Cultura e Língua Portuguesa e na escola de jornalismo (uma das mais antigas escolas de jornalismo, que foi extinta em 1980), no curso superior de Jornalismo.
Mas foi, acima de tudo, o fundador de O Jornal, que, efectivamente, foi um semanário de referência nos anos quentes da Revolução, onde todos queriam escrever.
Lembro-me perfeitamente dos tempos em que o meu querido amigo e colega desta bancada, Adelino Amaro da Costa, muitas vezes saia do aeroporto e ia directa

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